|
fevereiro 13, 2017
Diego de Santos na Funarte, Brasília
Artista cearense, autor do projeto Poema 193, Diego de Santos, embarca em fevereiro para a capital federal para realizar exposição individual na Funarte de Brasília
Contemplado pelo Prêmio de Arte Contemporânea 2015 - Atos Visuais Funarte Brasília, Poema 193, produzido pelo artista plástico cearense, Diego de Santos, abre dia 15 de fevereiro e segue com visitação até 02 de abril deste ano, na Galeria Fayga Ostrower, em Brasília. A exposição tem curadoria da artista visual brasiliense, Yana Tamayo.
Em 2015, Diego se inscreveu para o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, um dos maiores do país nessa categoria, e obteve nota máxima na aprovação do projeto. “Sabia que tinha um bom projeto e torcia pela aprovação, mas não esperava a nota máxima. Me senti imensamente feliz e orgulhoso pelo meu trabalho, estou realizando um sonho”, lembra emocionado, Diego.
Agora, ele e sua equipe estão em ritmo de pré-produção para embarcarem em fevereiro representando o Ceará, no Distrito Federal. “Foram dezenas de inscrições de todo o Brasil e explodimos de alegria quando saiu o resultado. Agora, estamos contando os dias para a mostra” conta empolgada Renata Damasceno, produtora cultural.
“A exposição é um dos resultados dos processos de experimentação do projeto Poema 193. Todos os elementos, suas simbologias e conexões já eram, de certa forma, recorrentes na minha produção. Eu já tinha uma pequena coleção de conchas e sempre pensei elas dentro de uma proposição artística, só não tinha executado ainda porque estava em outros projetos, mas veio a vez delas e juntamente com o fogo pude relacionar com uma problemática social: os incêndios criminosos” descreve realizado, o artista.
Nos vídeos é possível observar registros de conchas em chamas, em analogia com a estrutura de um lar e com o fogo saindo de seu interior. Uma forma de tratar poeticamente da problemática dos incêndios criminosos que atingem favelas e moradias precárias (por isso o número dos bombeiros “193” no título). Os ruídos que se ouvem são do entorno do ateliê (latido de cães, canto dos pássaros, avião que passa, ventania etc.) e foram assumidos para que, ao editar em slowmotion, dessem lugar a uma realidade distorcida e medonha, já que não é mais possível identificar os sons. É como se o incêndio ganhasse voz, se tornando, então, corpo testemunha de si mesmo.
Nos desenhos, o artista utiliza a técnica de fixação da fuligem e o uso de diferentes processos de queima, além da utilização das condições climáticas naturais e da parafina para a realização dos desenhos. “A superfície do papel, posicionada acima da chama da lamparina, recebe toda a fuligem liberada pelo fogo e nunca é possível determinar a imagem a ser gerada. Em alguns momentos, antes de fixar a fuligem com verniz, submeto aquele desenho à ação do lugar: esqueço-os na parede ou no chão para que insetos caminhem sobre eles, deixando rastros; aproveito raros serenos, deixando que gotículas de água da chuva fina intervenham sobre a fuligem. Sujeitar os trabalhos a situações promovidas pelo entorno faz de “Poema 193” um irrecusável convite à realização conjunta: eu e os efeitos do espaço ao redor” esclarece, de Santos.
A exposição conta com ação educativa com mediadores para receber o público espontâneo, bem como grupos de visita. Haverá também um educativo dedicado à acessibilidade, como texto curatorial em braile e maquete tátil com elementos do processo de criação das obras.
Sobre o artista
Diego de Santos [Caucaia – CE, 1984] é formado em Artes Plásticas pelo IFCE e expõe desde 2005. Vive e trabalha em Caucaia e Fortaleza. Em 2016, foi contemplado com o Prêmio de Criação em Artes Visuais de Teresina, que consistiu em uma residência artística na cidade por três meses, e como resultado final o projeto "À Margem Toda Vida", percorrido de bicicleta de Teresina à Parnaíba, usando a estrada como um laboratório a céu aberto. Em 2015, conquistou nota máxima no Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, onde expõe as obras de ‘Poema 193’ de fevereiro a abril deste ano, em Brasília.
Em 2014 ganhou o prêmio PIPA (Prêmio Investidor Profissional de Arte), o mais relevante prêmio brasileiro de artes visuais, na categoria Online Popular e produziu o projeto "Lar é Onde Ele Está" pelo Porto Iracema das Artes - Escola de Formação e Criação do Ceará. Recentemente, foi premiado no Salão de Artes de Mato Grosso do Sul (edição 2013), além de ter sido premiado também no 8º Salão de Arte SESC Amapá, em 2010. Já participou de edições de feiras como SPArte e ArtRio. Tem obras no acervo do Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza), da Galeria Graça Landeira (Belém), Amparo 60 (Recife) e de vários galeristas, colecionadores e curadores no Brasil e no exterior.
Sobre a curadora
Yana Tamayo [Brasília, 1978] é artista visual, educadora e curadora independente. Desde 2015 é gestora da Nave arte | projeto | pesquisa, espaço independente onde desenvolve projetos de pesquisa e formação em arte, curadoria e execução de exposições. Doutora em Arte na linha de pesquisa Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília - UnB (2015), é mestre pela mesma instituição e linha de pesquisa (2009) e especialista pela Universidad Complutense de Madrid (2006). Graduou-se em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da UFMG (2003). Foi professora na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes (2009-2010) e professora no curso de Bacharelado em Artes Visuais da Universidade de Brasília como bolsista Capes/REUNI durante os anos de seu doutorado. Como artista, produz e expõe com regularidade desde 2003. Vive e trabalha em Brasília.