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novembro 26, 2016
Alexandre Sequeira no MAR, Rio de Janeiro
O Museu de Arte do Rio – MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, inaugura em 29 de novembro duas exposições individuais que marcam o início da gestão de Evandro Salles como diretor cultural do museu. As mostras Enquanto bebo a água, a água me bebe – Lúcia Laguna e Meu mundo teu – Alexandre Sequeira exploram diferentes pontos de vista das práticas relacionais e colaborativas na arte. Lucia apresenta pinturas, desenhos e mobiliário que foram elaborados com a participação de seus assistentes. Por sua vez, Alexandre Sequeira traz para o espaço uma retrospectiva com obras desenvolvidas a partir de sua relação com diferentes comunidades e pessoas.
Os trabalhos do paraense Alexandre Sequeira são processos de encontro e convivência que costumam ter, na fotografia, uma potente mediação. As obras exploram a sua relação com pessoas, lugares e motivações. Com curadoria de Clarissa Diniz e Janaína Melo, o museu apresenta uma retrospectiva do artista com seus maiores projetos, incluindo o que dá nome à mostra, além de um trabalho feito, exclusivamente, para esta exposição e que apresenta uma relação com o território do museu. Em parceria com Aline Mendes, participante do Vizinhos do MAR, Alexandre explorou o acervo de Tião, que foi durante muitos anos fotógrafo do cotidiano do Morro da Providência. A partir do material encontrado, Aline e Alexandre procuraram as pessoas dos retratos feitos por Tião e, além de uma nova imagem, capturaram depoimentos desses personagens. A instalação apresentará imagens antigas de Tião, ao lado de fotografias de Alexandre formando uma constelação que conta também com diversos monóculos do mesmo acervo.
Em Meu mundo teu, série de 2007, Alexandre atua como mediador da relação de dois adolescentes por meio de cartas e fotografias. Essa jornada de autoconhecimento deu origem ao trabalho que apresenta imagens sobrepostas que representam metaforicamente o encontro de duas pessoas de universos distintos. Em Nazaré de Mocajuba, Alexandre conviveu com a comunidade de mesmo nome (500 km de distância da cidade de Belém, na região da Amazônia brasileira) e acabou prestando serviço como fotógrafo para seus moradores. As imagens foram impressas em objetos pertencentes e escolhidos pelos moradores para uma exposição no meio da mata. Com a possibilidade de chuva, Alexandre pediu que os moradores colocassem as fotografias em suas respectivas casas, nos locais de suas preferências, realizando, então, outra exposição. O MAR apresentará esses objetos, que integram a Coleção MAR.
A exposição ainda traz uma instalação de 2008, Cerco à memória, ano em que Alexandre trabalhou com comunidades quilombolas e se envolveu com a problemática dos incêndios criminosos dos cemitérios dessas comunidades, maneiras perversas de romper vínculos afetivos e assim expulsar as pessoas daquela terra. A instalação vai fazer com que o público se sinta parte deste espaço em chamas. Em Entre Lapinha da Serra e o Mata Capim, Alexandre criou uma relação com Rafael e seu avô em Lapinha da Serra, Minas Gerais. Alexandre deu vida à imaginação do menino de 13 anos a partir da fotografia e, além das imagens, leva para o MAR uma armadilha para caçar discos voadores criada pelo menino e uma foto em tamanho real da “mulher mangueira”.
A partir de sua trajetória na fotografia, Alexandre recebeu convites para realizar projetos em escolas. E, valorizando o lado educacional da arte do fotógrafo, o MAR apresenta pela primeira vez em uma mostra os trabalhos produzidos em parceria com os alunos de escolas municipais e ONGs, em Minas Gerais e no Paraná.
Todas as obras da exposição passam a compor o acervo do Museu de Arte do Rio – MAR, tornando a instituição o principal centro de referência da obra do artista. O MAR agradece a generosidade de Alexandre Sequeira.