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outubro 24, 2016

My body is a cage na Luciana Caravello, Rio de Janeiro

My body is a cage é a próxima exposição coletiva a ser apresentada na Galeria Luciana Caravello, no Rio de Janeiro. Com curadoria de Raphael Fonseca, a exposição retira seu título de uma música homônima da banda canadense Arcade Fire. Conforme dizem seus versos, “My body is a cage / that keeps me from dancing to the one I love / but my mind holds the key” (“Meu corpo é uma jaula / que me impede de dançar com quem eu amo / mas minha mente segura a chave”), ou seja, se trata de uma música que reflete sobre a inevitável prisão à qual todos os humanos estão condicionados biologicamente: o seu próprio corpo. Essa curadoria, portanto, pretende lançar luz sobre essa relação entre corpo, aprisionamento físico e possibilidade de libertação mental por meio de diálogos estabelecidos entre artistas que trabalham com linguagens diferentes e que advém de gerações e geografias diversas do Brasil.

Onze artistas foram convidados para participar da exposição com objetos que refletem seus interesses de pesquisa em torno desses tópicos. Se para alguns deles a relação entre corpo humano e encarceramento se dá através da utilização de materiais que advém de certas tradições clássicas da história da arte (Carla Chaim, Daniel Lannes e Rodrigo Martins), outros parecem ter um interesse mais antropológico em olhar tanto para o corpo do outro, quanto para os seus próprios corpos (Eduardo Montelli, Igor Vidor, Tales Frey e Virgínia de Medeiros). Há também artistas que parecem contemplar o corpo como algo em um espaço limítrofe entre o humano e o animalesco, por vezes esbarrando no campo do grotesco e do abjeto construído de modo imageticamente potente (Raquel Nava e Zé Carlos Garcia) ou experimentando através da repetição e de ações físicas que beiram uma ausência de sentido imediato (Gabriela Mureb e Jorge Soledar).

Além dos trabalhos reunidos no espaço expositivo, seis artistas foram convidados para realizarem ações a cada sábado da exposição nos turnos da tarde. Leandra Espírito Santo (29/10, abertura), Felipe Abdala (05/11), Obá (12/11), Miro Spinelli (19/11), Elen Braga (26/11) e Gabriela Mureb (03/12) apresentarão trabalhos que dialogam com o campo da performance, mas que também podem ser vistos como ampliações dos limites dessa linguagem com acontecimentos que convidam a participação do corpo do público, experimentam o som ou se configuram como ações banais onde a dramaticidade narrativa se faz ausente.

Raphael Fonseca, doutor em História da Arte (UERJ), professor efetivo do Colégio Pedro II (RJ). Recebeu o prêmio Marcantônio Vilaça de curadoria (2015). Curador residente na Manchester School of Art (maio-agosto de 2016). Dentre suas curadorias recentes, destaque para Quando o tempo aperta (Palácio das Artes e Museu Histórico Nacional, 2016); Reply All (Grosvenor Gallery, Manchester, 2016); Figura Humana (Caixa Cultural RJ, 2014); Deslize (Museu de Arte do Rio, 2014); Água mole, pedra dura (I Bienal do Barro, Caruaru, 2014); Derek Jarman: Cinema é liberdade (Caixa Cultural Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, 2014-2016); City as a process (Ekaterinburgo, Rússia, 2012). Escreve regularmente para a revista ArtNexus. Autor convidado do catálogo da 32ª Bienal de São Paulo (2016). Lecionou cursos no Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza e Juazeiro do Norte, CE, 2012). Realizou conferências recentemente na Universidade de Hamburgo, na Manchester School of Art e na Universidade Federal do Amapá.

Posted by Patricia Canetti at 2:41 PM