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outubro 13, 2016
Julio Plaza na Marilia Razuk, São Paulo
"O artista verdadeiramente revolucionário não se enquadra em nenhuma ideologia.”
Assim escreve o artista com giz branco sobre um quadro negro, em um de seus vídeos experimentais. O posicionamento de Júlio Plaza (1938-2003) pode ser visto como uma prática artística pioneira, com uma clara intenção provocativa. A definição de Plaza reflete perfeitamente a sua obra, uma das mais contestadoras da cena brasileira pós-anos 1950. Como afirma a curadora Inês Raphaelian, o artista articula a trama passado-ícone, presente-índice e futuro-símbolo para elaborar formas e estratégias de operar o passado para projetar o presente sobre o futuro. 'Ovelho tanque', "Depois de Lichtenstein e Vasarely”, 'brasilpaísdofuturoboros', são algumas das obras da mostra Julio Plaza: sem prazo de validade, que a galeria Marília Razuk abre no sábado, 3 de setembro.
A mostra terá como grande destaque a remontagem da instalação 'La diferencia',que o artista apresentou na XVI Bienal Internacional de São Paulo, em 1981. Crítica-síntese, a obra é um dos pontos altos da trajetória criativa de Plaza, por meio da qual questiona os meios, o processo, a produção, o mercado, a autoria, a crítica, a instituição e tudo o que envolve arte e cultura no contexto em que se realizam.
As obras selecionadas buscam sintetizar a busca de Plaza por abarcar um campo de múltiplos sentidos, estabelecendo essa relação de imbricamento entre passado, presente e futuro: o vir a ser o que foi e será o que havia sido.
Julio Plaza, espanhol, nascido em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), iniciou seus estudos em arte no final dos anos 1950, na Escola de Belas Artes de Paris. Veio ao Brasil, pela primeira vez, em 1967, integrando a comitiva espanhola da IX Bienal de Arte de São Paulo. Radicou-se no Rio de Janeiro, como bolsista do Itamaraty na Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI. Em 1973, muda-se para São Paulo, onde se torna professor da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP e da Universidade de São Paulo – USP. Em 1981, participa da Bienal de São Paulo com a obra La Diferencia. Morre em 2003, em São Paulo.