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setembro 14, 2016
Rochelle Costi na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta de 21 de setembro a 3 de dezembro de 2016 a exposição Contabilidade, com trabalhos recentes e inéditos de Rochelle Costi, celebrada artista nascida em 1961, em Caxias do Sul, e radicada em São Paulo. Os trabalhos ocuparão todos os espaços expositivos da galeria do Baixo Gávea, no térreo e no terceiro andar, na maior individual da artista na cidade, e a primeira na Anita Schwartz Galeria de Arte. O texto crítico é de Bernardo Mosqueira.
Em mais de trinta anos de trajetória, com presença em exposições importantes como o Panorama da Arte Brasileira (1995), VI e VII Bienal de Havana (1997, 2000), II Bienal de Fotografia de Tóquio (1997), XXIV e XIX Bienal de São Paulo (1998 e 2010), II Bienal do Mercosul (1999), Bienal de Pontevedra (2000) e Bienal de Cuenca (2009), Rochelle Costi só fez duas mostras individuais no Rio de Janeiro.
Na exposição “Contabilidade”, sua primeira individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, Rochelle Costi optou por retomar a instalação homônima elaborada no início de 2016 para a 20ª Bienal de Arte Paiz, na Cidade de Guatemala, além de reunir um conjunto de trabalhos inéditos formado por um tríptico fotográfico, um vídeo, a ser projetado na grande parede do térreo da galeria, com onze metros de comprimento e mais de sete metros de altura, um GIF e uma instalação de parede formada por mais de 200 corações de diversos materiais e origens, coletados pela artista nos últimos 23 anos.
A instalação “Contabilidade”, que é composta por um vídeo, cinco fotografias em grande formato e dezenas de bolas de borracha feitas artesanalmente, nasce exatamente da fascinação da artista pela cultura popular. Nesse caso, a instalação foi desenvolvida a partir de uma vivência na Cidade de Guatemala para a 20ª Bienal de Arte Paiz. Nos trabalhos de Rochelle podemos perceber um interesse recorrente sobre a diversidade das “formas de mostrar” da cultura popular. Bernardo Mosqueira destaca que “muitas vezes, suas obras são a transposição para o contexto institucional da arte contemporânea das soluções expositivas do repertório popular”. “No caso de ‘Contabilidade’, não apenas a diversidade dos objetos da cultura tradicional local pode estar fadada ao fim ou à adequação ao gosto dos turistas consumidores diante da globalização, mas também a forma singular de expor os objetos pode ser transfigurada. Mais uma vez, está presente a pesquisa da artista sobre a relação entre a representação e a ação do tempo sobre as identidades, mas essa série de fotos nos faz lembrar, também, que o trabalho de Costi é muito ligado ao interesse na experimentação das formas de expor e de ocupar o espaço”, destaca ele.
O crítica explica que “o interesse de Rochelle Costi pelo humano, e por aquilo que ele escolhe para lhe cercar, se manifesta não apenas nos resultados de seus trabalhos, mas, também, na importância do colecionismo para a dinâmica de seu processo criativo”. “A artista, desde a infância, coleta objetos do mundo, organizados em conjuntos definidos por complexidades das mais variadas, e permite que eles a cerquem até o dia em que se transformam em outras coisas, outros grupos, ou em trabalhos”. Foi assim que nasceu “Coleção de artista”, o conjunto de corações presente na exposição “Contabilidade”, em construção há mais de 23 anos. “Há algo muito singular sobre este trabalho: o coração, que todo humano carrega dentro de si, é provavelmente o símbolo mais prolífica e diversamente representado. A força dessa coleção está no fato de que, ao mesmo tempo em que cada um deles pode representar a unidade humana, pode representar também aquilo que nos une uns aos outros”, observa Bernardo Mosqueira.
SOBRE A ARTISTA
Uma das mais respeitadas do cenário contemporâneo, Rochelle Costi tem forte presença em mostras no Brasil e no exterior, sendo bastante atuante no circuito internacional da arte. Alguns destaques dessas mostras são a individual “Reprodutor”, realizada este ano paralelamente à exposição “Double Take: Drawing and Photography”, na The Photographers' Gallery, em Londres, e sua participação em várias edições de Bienais: 20ª Bienal de Arte Paiz, Ciudad de Guatemala (2016); 29a Bienal Internacional de São Paulo (2010); X Bienal de Cuenca, Equador (2009); I Bienal del Fin del Mundo, Ushuaia, Argentina (2007); Rede de Tensão: Bienal 50 Anos. Fundação Bienal de São Paulo (2001); VII Bienal de La Habana; XXVI Bienal de Pontevedra, Espanha; Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 anos. Fundação Bienal de São Paulo; Bienal Internacional de Fotografia da Cidade de Curitiba (2000); II Bienal do Mercosul, Porto Alegre (1999); XXIV Bienal Internacional de São Paulo; II Tokyo Photography Biennale, Metropolitan Museum of Photography, Tóquio e VI Bienal de La Habana, Havana (1998), dentre muitas outras importantes exposições. Em 2010 foi premiada com uma residência artística na WBK Vrije Academie, em Gemak, Holanda, e seu trabalho integra importantes coleções, como Caixa Geral de Depósitos, Lisboa; Centro Gallego de Arte Contemporáneo, Santiago de Compostela, Espanha; Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA; Coleção Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brumadinho, Minas; Coleção Itaú, São Paulo; Fonds National d’Art Contemporain, Marselha, França; Fundación Arco, Madri; Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig, Viena; Museum of Latin American Art, Long Beach, EUA; San Diego Museum of Contemporary Art, La Jolla, EUA; Pinacoteca do Estado, São Paulo; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand; Museu de Arte Moderna de São Paulo; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.