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setembro 13, 2016
Flávia Junqueira na Zipper, São Paulo
Em Quando os Monstros Envelhecem, sua nova individual na Zipper Galeria, Flávia Junqueira apresenta trabalhos que refletem sobre seres e situações que assombram a infância e mantêm-se de alguma maneira vivos no imaginário adulto. Realizada simultaneamente à 32ª Bienal de São Paulo, a mostra inaugura na próxima quinta-feira (15) e reúne fotografias, objetos e instalações, entre elas o díptico que dá nome à exposição: retratos encenados da artista com o personagem Mickey em representações ambíguas sobre seu papel como figura presente nas fantasias infantis e adultas.
A individual trata também do lado perverso que rodeia o universo da criança e se expressa em circunstâncias inusitadas. Dois trabalhos dispostos logo na entrada da sala expositiva traduzem o espírito da mostra: ao lado de bandeirolas de festa com a frase “Não consigo respirar direito aqui. Posso sair?”, um cavalo de carrossel atravessado por um lança recebe o visitante. Ou, ainda, na lápide que ocupa o centro da exposição, onde se lê: “Pense como uma festa que um dia foi festa, mas que talvez tenha sido interrompida abruptamente e cujo espaço tenha ficado desabitado e esquecido”.
Se em mostras anteriores as obras apareciam mais uniformes, desta vez Flávia Junqueira reúne trabalhos em diversos suportes – fotografia, objetos e instalação – e utiliza formatos variados para compor uma narrativa coerente. Outra mudança é a forma como tal universo é retratado: “As séries atuais tratam da visão do adulto que está preso à criança, embora consiga ter algum distanciamento em relação a ela. Esse adulto não deixa de temer totalmente seus monstros, porém consciente de seu próprio envelhecimento, intui que tais monstros, agora obsoletos, também envelheceram, isso o possibilita talvez não se assustar mais”.
Os textos críticos da exposição são assinados por Mario Ramiro e Daigo Oliva.
Flávia Junqueira (São Paulo/SP, 1985) lida principalmente com fotografia. O universo visual da infância e a construção de um imaginário sobre este período permeiam a obra da artista desde o início de sua produção. Seus trabalhos constam em acervos como MAM-SP, MIS-SP, MAB-FAAP, Museu do Itamaraty, RedBull Station, World Bank, Instituto Figueiredo Ferraz entre outros. Mestre em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo, e Bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado, atualmente cursa Pós Graduação em fotografia na Fundação Armando Alvares Penteado e cursa Doutorado no Instituto de Arte da Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP. Entre os principais projetos e exposições coletivas que participou destacam- se, as coletivas: Culture and Conflict: IZOLYATSIA in Exile no Palais de Tokyo, The World Bank Art Program, Kaunas Photo festival, Exposição Individual “Tomorrow i will be born again” na Cité Dês Arts, coletiva una mirada latino americana do projeto Photo España, Temporada de Projetos do Paço das Artes, Prêmio Energias na Arte do Instituto Tomie Otahke, Programa Nova Fotografia do Museu da Imagem e do Som, Concurso Itamaraty, Residência RedBull House of Art, Atêlie Aberto da Casa Tomada, entre outros.
Mario Ramiro é graduado em artes plásticas pela Universidade de São Paulo (1982), mestre em arte e mídia pela Kunsthochschule für Medien Köln [Escola Superior de Arte e Mídia de Colônia, na Alemanha] (1997) e doutor em artes visuais pela Universidade de São Paulo (2008). É professor do Departamento de Artes Visuais e do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da USP.
O jornalista Daigo Oliva, 31, é editor do blog sobre fotografia contemporâneaEntretempos, hospedado no site da Folha de S. Paulo. É repórter da editoria de notícias internacionais do mesmo jornal e foi editor-adjunto do caderno Ilustrada.