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setembro 8, 2016
Sérvulo Esmeraldo na URCA Campus Pimenta, Crato
Exposição Sérvulo Esmeraldo: A Linha, A Luz, O Crato dá início às celebrações dos 88 anos do artista
Reconhecido pela efetiva contribuição à arte brasileira e universal, Sérvulo Esmeraldo completará 88 anos em 27 de fevereiro de 2017. Antecipando as comemorações, o Instituto Sérvulo Esmeraldo, em parceria com o Núcleo de Produções Culturais e Esportivas, organiza uma importante exposição de sua obra no Crato (CE), cidade natal do artista, onde ele cresceu e realizou sua primeira exposição individual, em 1951. Intitulada Sérvulo Esmeraldo: A Linha, A Luz, O Crato, a mostra será inaugurada no próximo sábado (10/09), às 10h, no Campus do Pimenta da Universidade Regional do Cariri (URCA), e às 16h30, na Encosta do Seminário, onde exibirá duas esculturas monumentais. Com patrocínio do Governo do Estado do Ceará, a exposição terá entrada franca e seguirá até o dia 08/10.
O evento marcará ainda a posse do artista na cadeira Aldemir Martins, do Instituto Cultural do Cariri e o lançamento do livro Sérvulo Esmeraldo: A Linha e a Luz. Na ocasião, será apresentada também a performance Heli Cubo, de Guto Lacaz (SP), um dos ícones das artes plásticas e gráficas no país.
Com curadoria de Dodora Guimarães, a mostra Sérvulo Esmeraldo: A Linha, A Luz, O Crato reunirá um conjunto representativo do trabalho do artista. Serão expostos relevos, esculturas, gravuras e também desenhos inéditos da série denominada Suíte Araripe, feitos especialmente para a exposição no Crato, entre 2015 e 2016. No total, 58 trabalhos estarão distribuídos nos jardins, no Salão da Terra e no hall principal da URCA, somados às Pirâmides e às Folhas Pendentes, em exposição na Encosta do Seminário.
“Estaremos frente a frente com a produção recente do Mestre do Crato. E se é um privilégio para os seus conterrâneos e o público em geral, para Sérvulo Esmeraldo esta exposição é seu feito mais importante, posto que é a realização de um sonho”, revela a curadora, que é também sua companheira de vida há mais de 30 anos.
O início da celebração de seus 88 anos não poderia ser em outro lugar, pois como o artista costuma dizer, “tudo começou no Crato”. É da infância no sítio da família Esmeraldo, onde funcionava o engenho Bebida Nova, que vêm as primeiras “astúcias” ou experimentações de Sérvulo. Mais tarde, a curiosidade e a inventividade encontraram melhor direção ao observar os afazeres de mestres como o ourives Theopista Abath, o marceneiro Zé Barbosa e o Juvenal Carpinteiro, além do inspirador Tio Pergentino, como relembra o artista em texto autobiográfico. Vem das feiras do Crato também o interesse pela xilogravura, adentrando para o universo da arte por meio das ricas manifestações da cultura popular nordestina.
“Sérvulo é um inventor. Traz dentro de si a inquietude que se traduz em criação. Formou, ao longo da vida, um repertório diversificado e domina técnicas com as quais faz arte”, define o pesquisador e escritor Gilmar de Carvalho. De acordo com ele, “Sérvulo e o Crato são um. Ele volta sempre, porque nunca saiu de lá. Ecoam, ainda que recriados pelo homem cosmopolita, as facas dos Irmãos Aniceto, os pandeiros do Mestre Cirilo, a espada do Mestre Aldenir, e a alegria dos folguedos das crianças da Mestra Zulene Galdino. Ecoam, ainda, o grito de guerra do índio do jornal ‘O Araripe’ (1855), o repente bem temperado de Zé de Matos, e o som roufenho da Rádio Araripe (1951)”.