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setembro 5, 2016
Miguel Rio Branco na Millan, São Paulo
Miguel Rio Branco apresenta a sua nova exposição individual, ‘Barro’, no Anexo Millan
O Anexo Millan tem o prazer de apresentar Barro, a nova individual do artista visual Miguel Rio Branco, um dos mais destacados fotógrafos brasileiros do cenário contemporâneo e o único a integrar a agência de fotografia Magnum, fundada por Cartier-Bresson e Robert Capa em 1947. A mostra no Anexo Millan, com abertura marcada para 03/09, sábado, das 12h às 16h, reúne cerca de 24 trabalhos de Rio Branco realizados do início da década de 1980 até recentemente. “Minhas novidades são feitas com coisas velhas”, costuma dizer o artista.
A seleção inclui mais de 100 fotografias (sejam individuais ou em dípticos, trípticos e polípticos) e um vídeo (“Sob as estrelas, as cinzas”), que demonstram a variedade de técnicas e soluções utilizada pelo artista na construção de suas obras. Os trabalhos de Miguel Rio Branco exploram ao máximo o potencial das mais diversas linguagens visuais, geralmente alcançando a integração de umas com as outras. Combinando imagens, muitas vezes distintas, Miguel sugere ritmos narrativos e insinua volumetrias, em trabalhos múltiplos que apontam para a edição e a montagem cinematográfica. Os contrastes e a saturação de cor e de luz borram os limites entre os elementos das imagens, e suas composições muitas vezes levam ao observador uma atmosfera de prazer e de dor, de drama e de lirismo, em trabalhos bastante singulares e reconhecíveis no contexto da arte contemporânea brasileira.
Entre os destaques da nova exposição estão imagens de índios Kayapó feitas na aldeia de Gorotire, no sul do Pará, ao longo da década de 1980. Muitos desses registros aparecem também no curta-metragem “Sob as estrelas, as cinzas”, de 14 minutos de duração, que será projetado na íntegra em uma sala no Anexo. Uma curiosidade: uma das mais belas fotografias tiradas em Gorotire e agora apresentada na exposição, trazendo dois índios com ornamentos de penas vermelhas correndo durante um ritual típico, havia aparecido anteriormente na capa do disco “The Rhythm of the Saints” (1990), do músico norte-americano Paul Simon.
Há também, em “Barro”, imagens de mineradores feitas durante a passagem de Miguel por Serra Pelada, também no Pará; outras de elementos barrocos e de azulejos de tradição portuguesa; outras de animais; e outras, ainda, de paisagens impactantes e devastadas por queimadas. O impressionante políptico “Barro”, que batiza a exposição e que nunca havia sido apresentado no Brasil, combina com maestria elementos e cenários que conversam com as fotografias espalhadas pela individual. Quem adentra a primeira sala do Anexo Millan, com seu pé-direito de quase sete metros, é, de imediato, surpreendido pela força dessa obra e sua incrível combinação de 18 imagens.
Miguel da Silva Paranhos do Rio Branco (Las Palmas de Gran Canária, Espanha, 1946), filho de diplomata brasileiro, neto de J. Carlos, bisneto do barão do Rio Branco e tataraneto do visconde de Rio Branco. É pintor, fotógrafo, diretor de cinema, além de criador de instalações multimídia. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Trabalhou intensamente na Europa e Américas desde o começo de sua carreira, em 1964, com uma exposição em Berna, Suíça. Em 1966 estudou no New York Institute of Photography e, em 1968, na Escola Superior de Desenho Industrial no Rio de Janeiro. Começou expondo pinturas em 1964, e fotografias e filmes em 1972. Trabalhou como fotógrafo e diretor de filmes experimentais em Nova York de 1970 a 1972. Dirigiu e fotografou curtas-metragens e longas nos nove anos seguintes. Paralelamente, perseguindo sua fotografia pessoal, desenvolveu um trabalho documental de forte carga poética. Em pouco tempo foi reconhecido como um dos melhores fotojornalistas de cor. Nos anos 80 foi aclamado internacionalmente por seus filmes e fotografias na forma de prêmios, publicações e exposições, como o Grande Prêmio da Primeira Trienal de Fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e o Prêmio Kodak de la Critique Photographique, de 1982, na França, que foi dividido com dois outros fotógrafos. Seu trabalho fotográfico foi visto em várias exposições nos últimos 20 anos, como no Centre George Pompidou, Paris; Bienal de São Paulo, 1983; Stedelijk Museum, Amsterdam, 1989; Palazzo Fortuny, Veneza, 1988; Burden Gallery, Aperture Foundation, Nova York, 1986; Magnum Gallery, Paris, 1985; MASP, São Paulo; Fotogaleria FUNARTE, Rio de Janeiro, 1988; Kunstverein Frankfurt, in Prospect 1996; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1996.
Dirigiu 14 curtas metragens e fotografou oito longas. Seu trabalho mais recente como diretor de fotografia pode ser visto em 1988 no filme “Uma Avenida Chamada Brasil”, de Otavio Bezerra. Ganhou o prêmio de melhor direção de fotografia por seu trabalho em “Memória Viva”, de Otavio Bezerra, e “Abolição”, de Zózimo Bulbul, no Festival de Cinema do Brasil de 1988. Também dirigiu e fotografou sete filmes experimentais e dois vídeos, incluindo “Nada Levarei Quando Morrer Aqueles que Mim Deve Cobrarei no Inferno”, que ganhou o prêmio de melhor fotografia no Festival de Cinema de Brasília e o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio da Crítica Internacional no XI Festival Internacional de Documentários e Curtas de Lille, França, 1982. Suas fotografias foram publicadas em diversas revistas, como Stern, National Geographic, Geo, Aperture, Photo Magazine, Europeo, Paseante. “Dulce Sudor Amargo”, o primeiro livro de Rio Branco, foi publicado em 1985 pelo Fundo de Cultura Economica, México. O segundo, “Nakta”, com um poema de Louis Calaferte, foi publicado em 1996 pela Fundação Cultural de Curitiba. Em 1998 lançou dois livros: “Miguel Rio Branco”, com ensaio de David Levi Strauss, lançado pela Aperture; e “Silent Book”, pela Cosac& Naify.
Miguel Rio Branco possui obras no acervo de coleções públicas e particulares europeias e americanas, entre elas: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo; Centro George Pompidou, Paris; San Francisco Museum of Modern Art; Stedelijk Museum, Amsterdã; Museum of Photographic Arts of San Diego; e Metropolitan Museum of New York. Possui um pavilhão dedicado à sua obra no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG).