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setembro 1, 2016

Akram Zaatari no Galpão VB, São Paulo

Galpão VB apresenta primeira exposição individual do artista libanês no Brasil

A Associação Cultural Videobrasil realiza a primeira exposição individual do artista libanês Akram Zaatari no Brasil, ocupando os 800 m² do Galpão VB. Um dos mais importantes artistas libaneses em atividade, Akram Zaatari é autor de uma obra que reflete sobre as relações complexas entre acervos visuais e a política, o desejo e a memória. Akram Zaatari - Amanhã vai ficar tudo bem (Tomorrow Everything will Be Alright) apresenta seis videoinstalações nas quais essas relações emergem uma vez mais e nos dão uma imagem da nossa época, tal como vista do Líbano contemporâneo.
A exposição é a primeira individual de Akram Zaatari no Brasil e coroa uma colaboração de exatos vinte anos entre o artista e a Associação Cultural Videobrasil.

A abertura acontece no dia 3 de setembro, das 16h às 20h. A exposição segue em cartaz com horários especiais de visitação durante a primeira semana: de 5 a 10 de setembro (segunda a sábado), das 11h às 20h. No dia 5 de setembro (segunda), às 20h, será realizada a primeira atividade de programas públicos, com uma conversa conduzida pelo pesquisador e curador Moacir dos Anjos com Akram Zaatari acerca da poética do artista, a partir dos trabalhos apresentados no Galpão VB. A partir do dia 13 de setembro até 3 de dezembro, a visitação volta a seguir horários normais do Galpão VB (de terça a sexta, das 12h às 18h, sábado, das 11h às 17h).

Para a exposição Akram Zaatari - Amanhã vai ficar tudo bem (Tomorrow Everything will Be Alright), a curadora Solange Farkas e o cocurador Gabriel Bogossian selecionaram seis videoinstalações produzidas entre 1998 e 2014, cujo eixo central reflete a experiência afetiva no contexto contemporâneo. As obras exploram questões de auto-representação, identidade, corpo, desejo, além do papel da comunicação nas relações interpessoais, principalmente as relações homoafetivas no contexto árabe. A cidade de Beirute e seus cenários,às vezes quase pós-apocalípticos, contidos em algumas das obras, revelam ainda o interesse do artista em evidenciar o contexto político e social libanês.

Entre os trabalhos apresentados, três são inéditos no Brasil. Dance to the end of Love (2011) reúne material veiculado no Youtube e produzido por indivíduos do Egito, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Palestina, Iêmen e Líbia. Trata-se de quatro canais de vídeos divididos em temas como mágica, fisiculturismo, acrobacias automobilísticas, dança e música. Another Resolution (2008/2013), instalação com 12 micro projetores, traz adultos reencenando as poses de crianças em antigas fotos familiares. O conjunto de imagens permite veras transformações ocorridas no Líbano ao longo das últimas décadas. Por sua vez, em Beirut Exploded Views (2014), dois jovens, após um apocalipse, transformam ruínas urbanas em sua casa improvisada. O contexto apresentado é muito semelhante à realidade dos refugiados no Líbano e o cenário, centro de Beirute, assemelha-se a uma cidade destruída.

Os outros três trabalhos integram o Acervo Videobrasil e já foram exibidos em São Paulo, em diferentes edições do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil e mostras especiais. Em Red Chewing Gun (2000), Zaatari reflete sobre o fim de um relacionamento entre dois homens. A história de separação, contada através de cartas, é situada no contexto da paisagem urbana em mutação de Hamra, bairro libanês que um dia foi um efervescente centro comercial. Uma intensa troca de mensagens e notas sugestivas também dá o tom da narrativa de Tomorrow everything Will be alright (2010), obra vencedora do Grande Prêmio do 17º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil. O uso constante de tecnologias para comunicação traz para o foco da obra a oscilação entre um sonho, um roteiro audiovisual e um amor desejado. Já em The End of Time (2012), o artista cria um retrato poético de um romance que se desfaz por meio de uma coreografia para dois amantes, esboçando o surgimento e o desaparecimento do desejo masculino e a efemeridade das paixões.

A exposição de Akram Zaatari contará com atividades de programas públicos com a participação de artistas, curadores e pesquisadores brasileiros, a fim de explorar diálogos e pontos de conexão entre a produção de Zaatari e a de artistas e pesquisadores brasileiros. Um programa educativo específico, desenvolvido com o objetivo de aproximar o público do repertório explorado pelo artista, irá relacionar pontos chave da sua produção à experiência cultural no Brasil.Além da mesa da semana de abertura, reunindo Akram Zaatari e Moacir dos Anjos, serão realizados um curso e duas oficinas, todas com inscrições gratuita. Como parte do projeto da exposição, uma publicação reunirá ensaios críticos em torno da obra de Akram Zaatari, constituindo-se como o primeiro livro de referência sobre o artista editado no Brasil.

Akram Zaatari - Amanhã vai ficar tudo bem (Tomorrow everything Will be alright) permanece em cartaz no Galpão VB até o dia 3 de dezembro de 2016.

Akram Zaatari (1966, Líbano), um dos notáveis artistas contemporâneos da atualidade, trabalha com arquivos de imagens e documentos para examinar noções de desejo, resistência, memória e vigilância, bem como a produção e circulação de imagens em tempos de guerra e com a mudança das fronteiras políticas. Seus projetos formam um complexo e consistente mosaico sobre a história recente do Líbano. Zaatari já participou da Trienal de Turim (2008), das bienais de Istambul (2011), Veneza (2007) e São Paulo (2006), e da DOCUMENTA (13) (2012). Alguns de seus trabalhos integram a coleção da Tate Modern, Centre Pompidou, Kadist, MoMA e MCA Chicago. Vive e trabalha em Beirute, Líbano.

Galpão VB, espaço de exibição, reflexão, encontro e pesquisa, foi desenhado para ativar a coleção de vídeo construída em três décadas de atividade da Associação Cultural Videobrasil. Com foco na produção do Sul global, o Acervo Videobrasil abrange obras que participaram do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, trabalhos doados por artistas, obras-chave da videoarte internacional, registros de performances, testemunhos, documentários, publicações e documentos, num total de quase 10 mil itens – 4.500 deles já estão catalogados e disponíveis para consulta pública.

O Galpão VB é o primeiro equipamento com programação de artes visuais da Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Aberto ao público em outubro de 2015, abriga galeria, sala de vídeo, sala de leitura e jardim com arena aberta. Sua loja institucional disponibiliza a coleção completa de livros, revistas e documentários produzidos pela parceria entre o Videobrasil e as Edições Sesc São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 9:54 PM