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julho 29, 2016
Paulo Bruscky na Nara Roesler, Rio de Janeiro
A Galeria Nara Roesler anuncia a abertura da exposição rec/rio, apresentando mais de 90 obras do artista Paulo Bruscky
Sendo a terceira exposição de Bruscky na Galeria Nara Roesler e a primeira em nosso espaço no Rio de Janeiro, rec/rio terá três núcleos: trabalhos propostos para a cidade do Rio, mas nunca realizados, trabalhos criados no Rio e trabalhos produzidos especialmente para a exposição na Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro. A abertura ocorre dia 30/07, a partir das 15 horas para convidados, e dia 31/07 para o público.
Um pioneiro da arte-xerox, da arte postal e da fax art, Paulo Bruscky, surgiu na cena brasileira no final da década de 1960, num dos períodos mais pesados de repressão política no país. Apesar do clima político adverso, ele enfrentou as estruturas autoritárias, expandindo as fronteiras da experimentação com humor e trocadilhos, realizando happenings e intervenções. Bruscky, como ele mesmo diz, nunca pediu permissão ao governo para fazer arte. Mesmo quando a consequência de sua atitude era a prisão. Embora muitos de seus projetos tenham vencido importantes competições, eles quase sempre eram censurados. rec/rio inclui mais de 50 dessas propostas criadas para a cidade do Rio. Algumas delas foram realizadas, como Fogueira de gelo, concluída durante a edição de 2010 da Bienal de São Paulo, mas a maioria permanece inacabada.
Em resposta a isso, a Galeria Nara Roesler está produzindo, pela primeira vez, a obra Tiro ao alvo. Proposta em 1971, durante o I Salão de Arte da Eletrobrás, a obra consistia em espelhos que refletiam uma luz que, por sua vez, se projetava e acionava um rádio como resultado final. Esta obra só pode ser ativada pelo público, ao brincar a tradicional brincadeira de criança.
Conhecido por sua participação ativa no movimento internacional da arte postal e pelas relações dinâmicas que estabeleceu com artistas internacionais, entre eles membros dos movimentos Fluxus e Gutai em Nova York, Europa e Japão, Bruscky é um artista que sempre se comunicou com o mundo. Em rec/rio, ele traz à galeria obras que foram criadas no ar. Durante viagens ao Rio e pensando no Rio. Uma espécie de comunicação consigo mesmo. Poema para VoAR é um poema em que dois aviões são soldados em um só. O artista também se comunicará com a população do Rio por meio de um dos seus famosos comunicados nos anúncios de classificados, publicado em 1º de julho de 2016 no Jornal O Globo, que as pessoas poderão trazer à galeria para ser assinado por Bruscky no dia da abertura.
Sempre contemporâneo, mas nunca óbvio em seu processo e criação, Bruscky nos brinda com um ‘nó’ no status quo, como nas “selfies” dos seus pés, em Pés de Bruscky I e II, ou em suas pinturas feitas com estalinhos/biribinhas (traques II). rec/rio traz ao Rio velhas lembranças e novos trabalhos, novamente conferindo profundidade e multiplicidade de camadas ao conjunto da obra do artista, que já abarca mais de quarenta e cinco anos e reflete, ao mesmo tempo, um envolvimento com uma estrutura artística local e com uma rede global filtrados e registrados por Bruscky em livros de artista, intervenções urbanas, performances, poemas visuais, registros em Super-8, classificados de jornal e esculturas ready-made. O artista transita por diversas mídias e frequentemente usa seu entorno como matéria-prima, o que faz com que seja impossível abordar sua produção como um conjunto unificado de obras. Pelo contrário, no cerne da prática de Bruscky há uma poética da experimentação, uma versatilidade de mídias e um interesse por processos de circulação e distribuição que se recusa a se ater a um só meio, forma ou movimento.
Paulo Bruscky nasceu em 1949 em Recife, onde vive e trabalha. Seus trabalhos foram expostos na 16ª, 20ª, 26ª e 29ª edições da Bienal de São Paulo (1981, 1989, 2004 e 2010) e na 10ª Bienal de Havana, em Cuba (2009), entre outras bienais. Suas exposições individuais mais recentes incluem: Paulo Bruscky (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2014); Paulo Bruscky: Artist Books and Films, 1970-2013 (The Mistake Room, Los Angeles, EUA, 2015; Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2014); Art is our last hope (The Bronx Museum, Nova York, EUA, 2013); Paulo Bruscky (Plataforma Bogotá, Bogotá, Colômbia, 2013); Banco de ideias (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2012); e Arte correio (Centro Cultural dos Correios, Recife, Brasil, 2011). Seus trabalhos fazem parte das coleções do: MoMA, em Nova York, EUA; Guggenheim Museum, em Nova York, EUA; Tate Gallery, em Londres, Inglaterra; Museu de Arte Moderna de São Paulo, em São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, em São Paulo, Brasil; Museu d’Art Contemporani de Barcelona, em Barcelona, Espanha; Stedelijk Museum, em Amsterdã, Holanda; entre outras instituições.