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julho 24, 2016
Duda Moraes na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Duda Moraes faz sua primeira exposição individual. “Espaços soberanos” será inaugurada no dia 26 de julho, terça-feira, na galeria Mercedes Viegas, na Gávea
Após participar das feiras ArtRio em 2015 e SP-Arte em 2016, a artista plástica carioca Duda Moraes apresenta sua primeira exposição individual na galeria Mercedes Viegas. De 26 de julho a 20 de agosto, Espaços Soberanos traz telas de tinta a óleo com uma diversidade passional de cores e formas. Seu trabalho expressa uma sensibilidade inquieta, um universo feminino e forte, em que a tela é ocupada em sua plenitude. Duda exibe três pinturas grandes de 160 x 140 cm, onde o abstracionismo destaca a forma e a vibração das cores. Já na série “Amores proibidos”, composta de telas menores de 24x30cm e outras de tamanhos variados, a origem latina da palavra preto - pressus - foi a fonte de inspiração. A cor preta - que significa comprimido, apertado - é a ausência de cor ou todas as cores comprimidas. Duda trabalha, então, a relação tensa entre ausência e presença, as cores que ressaltam o preto.
As referências de Duda Moraes vão desde o expressionismo abstrato do pintor neerlandês Willem de Kooning, do neoexpressionismo alemão de Baselitz, do americano Cy Twombly até do francês Matisse. Mas seu olhar bebe em fontes também mundanas, principalmente, na vivência cotidiana na cidade do Rio de Janeiro: as cores fortes do subúrbio carioca, o ritmo pulsante da capoeira, o sorriso intenso e entregue das rodas de samba, assim como o contato com a natureza - o mar, a montanha, as pedras e o verde que invadem o espaço urbano.
A fotografia é outra aliada. No instagram “@dudamor”, a artista exercita seu olhar diariamente: “Costumo fotografar situações que me chamam atenção. Seja andando na rua, em uma viagem, ou algo que vi no quintal da minha casa. Esses registros me ajudam na hora de ir para a tela”, conta Duda.
Filha da conceituada artista plástica Gabriela Machado, desde pequena Duda Moraes vivencia as artes plásticas com intimidade. As brincadeiras eram também no ateliê de sua mãe, ao redor de tintas e telas, onde ainda criança já exercitava a expressão artística com as próprias mãos. Acompanhou o crescimento profissional da mãe convivendo com artistas de sua geração, curadores e críticos de arte. As viagens de férias eram repletas de idas a museus e galerias, o que possibilitou experiências diversas no olhar de Duda.
A artista se formou em Design na PUC-Rio, desenvolveu estampas para grandes marcas da moda carioca trabalhando no escritório de Ana Laet. Em 2014, ingressou no curso “Procedência e Propriedade”, ministrado por Charles Watson, e em seguida partiu para uma residência artística de três meses no Instituto Carpe Diem Arte e Pesquisa em Lisboa, Portugal. Depois de uma temporada no Xingu, Duda se conectou com sua expressão em forma de pintura. A partir desse contato forte com a natureza e as origens xamânicas, assumiu de forma poética sua linguagem artística. “Assisti ao Kuarup, famosa festa de celebração da morte, o encerramento do período de luto. A viagem foi uma das experiências mais mágicas da minha vida. Senti uma força muito grande de ancestralidade, de conexão e paz. Quando voltei, surgiu o convite para trabalhar nas galerias Celma Albuquerque, BH, e Mercedes Viegas, RJ. Foi então que decidi que a pintura era o começo de uma vida nova, de um novo caminho”, conta.