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julho 4, 2016
Carlos Scliar na Caixa Cultural, Rio de Janeiro
Exposição faz uma retrospectiva da produção de um dos maiores artistas brasileiros do século XX. Este ano marca os 15 anos de falecimento do mais carioca dos gaúchos.
A Caixa Cultural Rio de Janeiro inaugura, no dia 5 de julho (terça-feira), às 19h, a exposição Carlos Scliar, da reflexão à criação, sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa (ler texto). Será apresentado um panorama da obra de Carlos Scliar, com cerca de 150 trabalhos, entre pinturas, gravuras e desenhos, realizados ao longo de mais de seis décadas. A mostra marca os 15 anos de falecimento do artista e é patrocinada pela Caixa Econômica Federal e Governo Federal.
A curadoria buscou selecionar imagens em consonância com o espírito de Scliar, sintetizando uma vida inteira dedicada à construção de uma iconografia nacional. As obras expostas integram, num mesmo espaço, a participação política e social coletiva em defesa dos verdadeiros ideais democráticos, a pureza das pequenas histórias e a beleza contida nas coisas simples, nos objetos e vivências cotidianas do ser humano: bules, lamparinas, velas, frutos e flores, documentos, bilhetes, lembranças, saudades, desejos, memórias, resíduos, ruídos, sussurros, silêncios.
“Em qualquer técnica, em qualquer período de sua vida, Carlos Scliar é o artista do método e da métrica. A linha é o elemento que organiza a sua aventura artística; a partir dela, de seus vetores, ele constrói formas, acrescenta cores, desenvolve a sua poética particular. Para ele, o Brasil é assunto permanente: em busca das névoas do passado, encontrou-as (e se encontrou) entre as montanhas”, comenta o curador Marcus de Lontra Costa.
Na mostra serão exibidas desde as primeiras pinturas de Scliar, dos anos 1940, até sua produção dos anos 2000, passando pelas gravuras gaúchas dos anos de 1950, pela série Território Ocupado até chegar ao impressionante álbum Redescoberta do Brasil, obra final e definitiva de Carlos Scliar.
Carlos Scliar nasceu em 1920 em Santa Maria (RS). Viveu e trabalhou em Cabo Frio, Ouro Preto e no Rio de Janeiro, onde morreu em 2001. Deixou, para o Brasil, um extraordinário patrimônio cultural. Talvez nenhum outro artista sintetize de maneira mais evidente os desafios, os desejos e os dilemas da ação e da estratégia modernista no nosso país.
Filho de imigrantes, desde cedo o nacionalismo é elemento que estrutura a identidade de Scliar. A sua sólida formação cultural e sua precoce sintonia com os anseios e expectativas do mundo surgido após a revolução socialista de 1917 garantiram, para o jovem Scliar, destaque na imprensa e na vida intelectual da capital gaúcha. Diferentemente dos artistas brasileiros, que tinham na França a sua referência e, muitas vezes, o seu espelho, Scliar compreendeu o espaço de construção artística moderna através dos filmes e gravuras expressionistas alemães.
O projeto conta o apoio do Instituto Cultural Carlos Scliar e a produção da exposição está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que já realizou importantes publicações e exposições itinerantes pelo Brasil, como Farnese de Andrade, Athos Bulcão, Milton Dacosta, Miguel Angel Rios, Raymundo Colares, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Henri Matisse, Bruno Miguel, Teresa Serrano,Regina de Paula, Nazareno, entre outros.