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junho 29, 2016
Floriano Romano no CCBB, Rio de Janeiro
Errância, exposição do carioca Floriano Romano, é a última individual do Prêmio CCBB Contemporâneo, que teve início em junho de 2015, e que contemplou 10 projetos entre 1.823 inscritos em edital nacional e inédito do Banco do Brasil para as artes visuais. O patrocínio do prêmio é da BB Seguridade.
Romano [Rio de Janeiro, 1969] é um precursor de obras que combinam instalação, performance e som. Já teve propostas sonoras transmitidas por rádios de Columbia, NY, Londres e Liubliana, Eslovênia, além da MEC FM, Brasil.
Em Errância o artista usou corpos microfonados – humanos e uma bicicleta – em caminhadas errantes noturnas por uma sequência de bares na Lapa, Praça Tiradentes [centro], Rocinha, Gávea e Leblon [zona sul], em grupos de quatro pessoas para cada bairro. A partir de um texto ficcional, escrito por Romano, o participante equipado com microfone, narra a história como se aquela vivência fosse dele próprio. Esse corpo ouve as histórias dos anônimos que encontra, as reconta e cria imagens sonoras com a imaginação e a oralidade.
O registro da reação e interação dos participantes e dos que cruzam seus caminhos será apresentado, na sala de exposição, em seis caixas sonoras, nas paredes ou sobre tripés, que emitem em loop uma edição do que foi captado. O artista escolheu “os trechos mais dinâmicos para compor a paisagem da política dos encontros”, ele revela.
No texto de apresentação da mostra, João Paulo Quintella avalia que a caminhada errante dos corpos microfonados “constroem uma teia de histórias reproduzidas em descompasso com o documental, uma vez que não identificamos suas origens. Errância é sobre a valorização do ensaio sonoro no fio das nossas percepções e afetos.”
O visitante vai experimentar [pelo audição] o flaneurismo [passear sem destino e sem pressa]. A sala de exposição é preenchida pelo som dos alto-falantes e um labirinto desenhado no piso.
Inspira Errância o livro “A Alma Encantadora das Ruas”, do cronista carioca João do Rio [1881-1921], do qual Romano pinçou esses trechos: “A rua é a transformadora das línguas”; “A rua é a eterna imagem da ingenuidade” e “Nada como o inútil para ser artístico”.
A captação de som, edição de áudio e sonorização são de Caio César Loures.
Floriano Romano [Rio de Janeiro, 1969] é doutorando em Linguagens Visuais e professor-assistente de escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Ele trabalha com intervenções urbanas e sonoras, abertas à participação do público.
Entre os prêmios e bolsas conquistados por Romano estão: Prêmio CCBB Contemporâneo e Programa de Fomento Viva a Arte da Prefeitura do RJ (2015), Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea [Funarte] e o Prêmio Marcantônio Vilaça, da Funarte (2012); Prêmio Interações Estéticas da Funarte com o trabalho “Sapatos Sonoros” (2009) e Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea com a performance Sample Way of Life” (2008). Sua performance com a mochila sonora "Falante" foi premiada no Salão de Abril, Fortaleza, em 2007, e participou da coletiva "Futuro do Presente", no Itaú Cultural em São Paulo.
Em 2000-1 ganhou a bolsa de Artista Residente pela Câmara Municipal do Porto, Portugal, e, em 2008, a Bolsa de Estímulo às Artes Visuais da Funarte, com o projeto de intervenção urbana "Lugares e Instantes".
Entre várias outras mostras, Romano realizou, em 2011, o projeto INTRASOM no MAM Rio e participou das coletivas Panorama da Arte Brasileira no MAM SP e “Voces Diferenciales”, em Havana, Cuba. Em 2009 integrou a 7ª Bienal do Mercosul, “Grito e Escuta”. Esteve na “Mostra Desenho das Ideias” com a ação sonora “Crude”, de Guilherme Vaz, usando a arquitetura do museu como instrumento para executar a composição, e na “Mostra Absurdo”, com seus “Chuveiros Sonoros”. Romano participou da coletiva “Desenhos&Diálogos” em 2010, na Anita Schwartz, RJ, através de quem expôs também da ArtRio de 2011. Entre as individuais estão a “Sonar”, na Galeria Laura Alvim em 2013 e “Muro de Som”, no Parque das Ruínas, RJ, a partir de agosto deste ano.
Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016
Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital do Centro Cultural Banco do Brasil um láurea para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que selecionou 10 projetos de exposição entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.
A série de 10 individuais inéditas começou em junho de 2015 com a do grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido das mostras de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP], Flávia Bertinato [MG], Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ], se encerrando com a de Floriano Romano [RJ], até agosto de 2016.
O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a sala como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB, em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013, de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e uma coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.