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junho 24, 2016
André Penteado no CCSP, São Paulo
Artista André Penteado investiga espaços e objetos do afeto e da memória em mostra dedicada à superação da perda de um ente querido por suicídio em mostra no Centro Cultural São Paulo
O Centro Cultural São Paulo – CCSP inaugura no dia 25 de junho, sábado, às 11 horas, a mostra individual de fotografia e vídeo Não estou sozinho de André Penteado. São exibidas no Piso Flavio de Carvalho as séries fotográficas “As Roupas do Meu Pai”, “Memória” e “Vazio”, os vídeos “Como você se sente” e “Voltando para Casa”. No conjunto de trabalhos reunidos pela primeira vez, André exibe a complexidade de sentimentos e suas expressõesaudiovisuais relacionadas ao luto pela perda de um parente querido por suicídio.
“As Roupas do Meu Pai” é um conjunto de 52 autorretratos, dispostos em vitrine no centro do espaço expositivo, em que André se fotografa em estúdio, sempre na mesma posição, de olhos fechados, vestido com as roupas de seu pai, que se suicidou em 2007.
As séries seguintes relacionam-se à experiência pessoal de André em um grupo de apoio a familiares de suicidas que frequentou em Londres, após a morte de seu pai. Lá, ouvindo diversas histórias semelhantes à sua, resolveu convidar 25 colegas a desenvolverem trabalhos sobre a sua dor comum. A série fotográfica “Memórias” investiga o lugar onde são “guardados” os afetos. Após pedir aos participantes que mostrassem o objeto mais importante que haviam guardado de seu parente falecido, André pediu que indicassem o lugar onde eles são mantidos. Ele então fotografou estes lugares, e não os objetos, que muitas vezes não estão visíveis. As imagens são acompanhadas pelo nome de cada objeto.
Para a criação da série “Vazio”, solicitou que os participantes escolhessem um canto de suas casas para um retrato. Após realizá-lo, pediu que saíssem do quadro e fotografou as imagens finais nos ambientes vazios. O vídeo “Como você se sente” traz um delicado retrato em movimento das mãos de quatorze de seus colegas no momento em que cada um deles discorre sobre acontecimentos relacionados aos seus entes queridos.
“Voltando para Casa”, inclui um pequeno texto e um vídeo. O texto, narrado em primeira pessoa, conta a história da última conversa entre dois amigos e o posterior suicídio de um deles. O vídeo contém, sem mostrar o início ou fim, a jornada de uma locomotiva, mostrando somente imagens borradas da aceleração, frenagem e a passagem do vagão pela linha do trem.
Na publicação impressa do trabalho, com lançamento durante o período expositivo, além das obras acima, André incluiu a série “Nós”, em que retrata alguns de seus companheiros de grupo.
André Penteado (São Paulo, 1970) é artista e trabalha com fotografia e vídeo. Lida com os sentimentos decorrentes de marcos da vida como a perda de um pai ou da imigração. Questões em torno da estrutura social e política do Brasil também são temas importantes em sua produção. Seus trabalhos vêm sendo regularmente exibidos no Brasil, Argentina, Reino Unido e Espanha em galerias de arte e instituições. Já teve projetos publicados no British Journal of Photography (GB) e Source Magazine (GB). Realizou exposições individuais no Itaú Cultural, Caixa Cultural Rio de Janeiro, Photofusion Gallery (Londres), Solar Ferrão (Salvador, BA) e Galeria Iberê Camargo (Porto Alegre, RS). Participou de mostra coletivas na Galeria Vermelho, Monica Filgueiras e Kunsthalle em São Paulo e nalgumas galerias e espaços institucionais em Londres, onde residiu de 2005 a 2012. Além da seleção no Rumos Itaú Cultural 2013/2014, em 2013, Penteado recebeu o Prêmio Fotografia Pierre Verger Nacional no Brasil com o projeto “O Suicídio do meu Pai”. Seu recente fotolivro“Cabanagem” foi lançado em 2015 pela editora especializada Madalena.