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junho 23, 2016
Cinthia Marcelle + Giselle Beiguelman no galpão VB, São Paulo
Galpão VB apresenta duas exposições inéditas no país, de Cinthia Marcelle e Giselle Beiguelman, artistas reconhecidas pelo público e pela crítica no Brasil e exterior. Na abertura, acontece o lançamento de um livro que apresenta pesquisas sobre histórias das exposições
No dia 25 de junho, sábado, das 12h às 18h, duas novas exposições têm abertura no Galpão VB / Associação Cultural Videobrasil: Trilogia, de Cinthia Marcelle, com curadoria de Solange Farkas e co-curadoria de Gabriel Bogossian, e Quanto pesa uma nuvem?, de Giselle Beiguelman, com curadoria de Ana Pato. Duas artistas de diferentes gerações, com práticas, estratégias e pesquisas também distintas, ocupam os espaços do Galpão com trabalhos inéditos no país, em vídeo e instalação multimídia. Em comum entre elas, o reconhecimento no Brasil e no exterior por suas trajetórias e a invenção de imagens que, a partir do olhar do espectador, se transformam em fortes cenas poéticas.
Na mesma ocasião, como parte da programação do Galpão VB, acontece o lançamento do livro: Histórias das exposições / casos exemplares dosorganizadores Fabio Cypriano e Mirtes Marins de Oliveira,que às 15h conversam com o público sobre o tema da publicação, ao lado do curador espanhol Pablo Lafuente, que, entre 2010 e 2015, foi editor da revista Afterall e da série de livros Exhibition Histories, que deu início ao método de estudo das Histórias das Exposições.
Apresentada pela primeira vez no Brasil, Trilogia, de Cinthia Marcelle, é uma vídeo instalação composta pelos vídeos Fonte 193 (2007), 475 Volver (2009) e Cruzada (2010). O trabalho foi originalmente exibido na Future Generation Art Prize (2010-2011), em que a artista foi contemplada com o primeiro prêmio. No Galpão VB, o trabalho será apresentado em grande formato, o que permite ao público observar as sutilezas e ressonâncias entre as três peças. Um carro de bombeiro, uma retroescavadeira e músicos de diferentes bandas são captados do alto. Em terrenos vazios de terra vermelha, estes elementos realizam movimentações constantes, repetitivas e aparentemente sem sentido, explorando a representação do tempo e evidenciando como a linguagem pode ressaltar, ou dissolver, conflitos. Cruzada faz parte do Acervo Videobrasil, tendo sido selecionada para o 17º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (2011).
Cinthia Marcelle é uma artista com trabalhos que têm a síntese e a concisão de linguagem como forte característica. Suas obras usam a repetição, a distância e a distorção de objetos comuns ao cotidiano em delicadas operações artísticas, reorganizando elementos para criar novos significados. Suas obras apresentam imagens que mais sugerem do que fecham intepretações definitivas.
Quanto pesa uma nuvem?, de Giselle Beiguelman, apresenta o resultado do projeto homônimo. As obras Perguntas às pedras [Série 3] (carimbo), Perturbadoramente familiar (áudio e postais) e Quanto pesa uma nuvem? (vídeo e fotografia), ocupam o Galpão VB, propondo ao público uma incursão no território desconhecido e misterioso da herança familiar e da memória pessoal. De família judia de origem polonesa, Giselle Beiguelman viaja ao país de origem de seus antepassados, reconstriuindo uma história sem rastros para criar imagens fortes, carregada de lirismo. Quanto pesa uma nuvem? é comissionado pelo Adam MickiewiczInstitute, como parte do programa de promoção da cultura polonesa no Brasil, organizado por Culture.pl em 2016.
Giselle Beiguelman é um dos principais nomes do país e uma referência internacional no campo da arte digital e no uso da internet e de redes móveis em práticas artísticas. Seu trabalho inclui intervenções em espaços públicos, projetos em rede e aplicações para dispositivos móveis, exibidos em importantes museus e espaços de arte contemporânea. Giselle é também curadora, ensaísta e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), onde se dedica a pesquisas na área de preservação da arte digital, do patrimônio imaterial e do design de interface. Em um de seus últimos projetos, a organização da exposição Memória da Amnésia (2015/16), ela abordou os monumentos paulistanos, numa ação que discutiu políticas da memória como “políticas do esquecimento”. Agora, na exposição que apresenta no Galpão VB, a artista se volta para a sua própria história, em uma busca por imagens e registros de memórias, objetos e impressões de sua viagem de reconhecimento a Polônia.
As duas exposições ficam em cartaz no Galpão VB até o dia 20 de agosto de 2016.
No dia da abertura das exposições no Galpão VB, dia 25 de junho (sábado), às 15h, acontece o lançamento do livro: Histórias das exposições / casos exemplares organizado por Fabio Cypriano e Mirtes Marins de Oliveira. Na ocasião, os organizadores da publicação participam de uma conversa com o público sobre o tema da publicação, ao lado do curador Pablo Lafuente, que concedeu a entrevista que abre o livro.
A publicação apresenta pesquisas sobre as histórias das exposições que vão além de uma análise fetichista que privilegia obras e artistas, voltando sua atenção para o peso que as instituições têm na disseminação e consagração desses objetos/ações e seus produtores. Não existe uma instituição neutra, e cada detalhe material das exposições que abriga indica possíveis matrizes conceituais e ideológicas. Histórias das exposições. Casos exemplares reúne um grupo de pesquisadores já envolvidos com essa temática, e cada um aborda questões essenciais que envolvem as histórias das exposições: dos dispositivos arquitetônicos usados ao longo do século XX a estudos de caso específicos.
Histórias das exposições / Casos exemplares
Organização: Fabio Cypriano e Mirtes Marins de Oliveira
Com entrevista de Pablo Lafuente e artigos de Ana Maria Maia, Cauê Alves, Fabio Cypriano, Fernando Oliva, Mirtes Marins de Oliveira, Priscila Arantes e Vinícius Pontes Spricigo.
EDUC – Editora da PUC-SP, 2016.
176 páginas
PROGRAMAS PÚBLICOS DAS EXPOSIÇÕES
No dia 9 de julho (sábado), às 15h, Giselle Beiguelman e Ana Pato participam de atividade de programa público. "Como é rever uma história sem rastros? Quando as ruínas tornaram-se escombros? O turismo canibaliza a memória?" São essas algumas das questões que a artista, em diálogo com a curadora, se propõe a discutir a partir da exposição Quanto pesa uma nuvem?, na mesa de conversa “Memórias corrompidas: entre ruínas, escombros e parques temáticos”.
Já a atividade de programa público da exposição de Cinthia Marcelle acontece no dia 13 de agosto (sábado), às 15h, reunindo o poeta Alberto Martins e a crítica de arte Luisa Duarte em uma conversa com Gabriel Bogossian, cocurador da exposição, sobre a produção da artista mineira.
Os dois encontros acontecem na Sala de Leitura do Galpão VB, com entrada gratuita e classificação livre.