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junho 23, 2016
Janaina Tschäpe na galeria & galpão Fortes Vilaça, São Paulo
A Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Pássaro que me engoliu, a sexta exposição de Janaina Tschäpe em São Paulo, ocupando simultaneamente os espaços expositivos da Galeria e do Galpão. A artista teuto-brasileira, baseada em Nova Iorque há 18 anos, apresenta um novo corpo de trabalho que compreende pinturas, fotografias e obras sobre papel, todas inéditas aqui.
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Nessas obras em exposição, Janaina imprime características marcantes e periódicas de sua pesquisa, como a gestualidade intensa no processo da pintura e a composição escultórica das formas que habitam suas fotografias. O resultado é a formação de uma mitologia particular que alterna a presença de personagens fantásticas com a ambientação pictórica de uma natureza interior. A obra de Janaína sugere narrativas originais ao mesmo tempo em que remete às referências formais da História da Arte.
As sete fotografias apresentadas na Galeria compõem a série Dormant, realizada em 2015 durante residência artística nos mares da Oceania, através da instituição TBA21 (Thyssen-Bornemisza Art Contemporary). São imagens de personagens aquáticas, análogas à recorrente prática da artista de constituir um corpo feminino surreal. Aqui, seres longilíneos e ambíguos flutuam no vasto elemento líquido do oceano. A artista toma como referência as águas-vivas Turritopsis nutricula, espécime marítima imortal que tem a capacidade de rejuvenescer diante do perigo, aludindo às ideias de regeneração e reprodução ao repetir certas formas pontiagudas e elementos fibrosos na constituição destes corpos anfíbios. O resultado são imagens que operam entre o objetivo e o subjetivo, entre a teatralidade e a natureza.
Assim como nas fotografias, as pinturas exibidas no Galpão dispõem do líquido para tratar do movimento gestual livre e quase incontrolável, aqui representado pela fluidez da tinta sobre a tela. Os sugestivos títulos – Your Ghost in Me [Seu Fantasma em Mim], Treffen Im Wald [Encontro na Floresta] – revelam que a memória visual e afetiva da artista é a força primária que impulsiona a composição das pinturas. Com ressonâncias do Romantismo Alemão ao Expressionismo Abstrato, do Fauvismo ao Modernismo, esse processo mórfico se desdobra em uma surpreendente maturidade compositiva e uma audaciosa variação cromática que a artista comanda com maestria. A expressividade visceral e apaixonada do gesto ganha peso com uma paleta de cores fortes, contrabalanceadas por tons mais leves, e com a sobreposição de linhas rítmicas de desenho sobre as pinceladas.
Em Fruta (Früchte Tragen), a maior pintura da exposição, Janaina nos serve de contrastantes vermelhos e azuis entremeados por desenvoltos desenhos a lápis, que ora remetem a plantas aquáticas, ora a folhagem. Já a pintura que empresta seu título à exposição, Pássaro (Der Mich Aufgefressen Hat), é carregada de um exotismo frenético e ainda assim algo natural.
Janaina Tschäpe nasceu em Munique, Alemanha em 1973. Entre suas exposições individuais destacam-se Quimera no IMMA – Irish Museum of Modern Art, 2008; a Trienal do Centro Internacional de Fotografia, Nova York e Museu de Arte Kasama Nichido, Japão, ambas em 2009. Já participou de exposições coletivas no MAC USP, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro; LiShui Museum of Photography, China; New Museum, Nova York; Guggenheim Museum, Nova York entre outras. Sua obra está em importantes coleções tais como Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Moderna Museet, Stockholm, Suécia; Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Minas Gerais, Brasil; Centre Pompidou, Paris, França Museu Nacional Centro de Arte Reina Sophia, Madrid, Espanha.
Fortes Vilaça is pleased to present Pássaro que me engoliu [Bird That Swallowed Me], Janaina Tschäpe’s sixth exhibition in São Paulo, which will simultaneously occupy the exhibition spaces of the Galeria and the Galpão. The German-Brazilian artist, based in New York for the last 18 years, is presenting a new body of work that encompasses paintings, photographs and works on paper.
The featured works are imprinted with the hallmarks of her research, such as the intense gestural repertoire of her painting process and the recurring sculptural composition of the forms that inhabit her photographs. The result is the emergence of a special mythology that intersperses the presence of fantastical characters with a richly pictorial atmospheric ambience of an inner nature. Tschäpe’s oeuvre forges original narratives as it concertedly evokes formal references to art history.
The seven photographs presented at the Galeria make up the series Dormant, created in 2015 during an artist’s residency carried out in the seas of Oceania, via TBA21 (Thyssen-Bornemisza Art Contemporary). They are images of aquatic creatures, analogous to the artist’s recurrent practice of creating a surreal female body. Here, slender, elongated and ambiguous beings float in the vast liquid element of the ocean. The artist makes reference to the immortal species of jellyfish Turritopsis nutricula that has the remarkable ability to rejuvenate itself, or restore its cells, in times of crisis or danger, alluding to the idea of regeneration and reproduction, through the repetition of certain sharp-edged shapes and fibrous elements in the constitution of these amphibian bodies. The result is an array of images that operate between the objective and the subjective, between theatricality and nature.
As in her photographs, the paintings presented at the Galpão make use of liquid elements to engage in the free and almost uncontrollable gestural movement, represented here by the fluidity of the paint on the canvas. The evocative titles – Your Ghost in Me, Treffen Im Wald [Meeting in the Forest] – reveal that the artist’s visual and affective memory is the primary force which propels the composition of the paintings. With resonances that stem from German Romanticism to Abstract Expressionism, from Fauvism to Modernism, this morphing process unfolds into a surprising compositional maturity and an audacious chromatic variation that the artist masterfully commands. The visceral and passionate expressiveness of the gesture gains substance with a palette of strong, vivid colors, counterbalanced by lighter tones, and by the superposition of rhythmic lines drawn over the brushstrokes.
In Fruta (Früchte Tragen) [Fruit (Früchte Tragen)], the largest painting in the show, Tschäpe employs contrasting hues of red and blue intermingled with lithe, fluid pencil drawings, which at times evoke aquatic plants or foliage. At the same time, the painting that lends its title to the exhibition, Pássaro (Der Mich Aufgefressen Hat) [Bird (Der Mich Aufgefressen Hat)], is charged with a frenetic exoticism, yet combined with something natural.
Janaina Tschäpe was born in Munich, Germany, in 1973. Her solo exhibitions have included Quimera at IMMA – Irish Museum of Modern Art, in 2008; the Triennial of the International Center of Photography, New York, andKasama Nichido Museum of Art, Nichido, Japan, both held in 2009. The artist has participated in group shows at MAC USP, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro;LiShui Museum of Photography, China; New Museum, New York; Guggenheim Museum, New York, among others. Her work can be found in several important collections, such as Itaú Cultural, São Paulo, Brazil; Moderna Museet, Stockholm, Sweden; Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Minas Gerais, Brazil; Centre Pompidou, Paris, France; and Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid, Spain.