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junho 21, 2016
Nadam Guerra no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Na exposição A Virgem do Alto do Moura Nadam Guerra apresenta trabalhos inspirados no fazer artístico de Mestre Vitalino
Será inaugurada dia 23 de junho, as 18h30, no Paço Imperial, a exposição A Virgem do Alto do Moura de Nadam Guerra. Sob a curadoria de Raphael Fonseca, a mostra, apresenta esculturas, vídeos e o livro Os doze passos da Virgem do Alto do Moura, resultados da pesquisa, desenvolvida em 2014, durante a residência artística nos ateliês dos herdeiros e discípulos de Mestre Vitalino no bairro Alto do Moura, em Caruaru,PE.
Nossa Senhora do Alto do Moura, é uma personagem fictícia: uma boneca de Mestre Vitalino recodificada e transformada pelas mãos de Nadam. Após uma reunião popular no sertão comandada por Antonio Conselheiro da qual participaram Lampião, Luiz Gonzaga, o Príncipe da Pedra do Reino (personagem de Ariano Suassuna), entre outros, foi decidido que uma jovem virgem deveria percorrer o mundo em busca de comunhão com outras culturas no intuito de unificar a população mundial, levar ensinamentos de volta as origens e, desta forma, reconduzir o homem ao seu estado natural, como no sertão nordestino.
Os trabalhos apresentados são esculturas com a imagem da própria virgem e de seus filhos, divindades, concebidas e paridas nos intercursos sexuais e artísticos com seres mitológicos de outras culturas acontecidos durante sua peregrinação pelo mundo. As cenas da viagem – os doze passos – foram registradas escultoricamente e também serão exibidas na exposição.
Segundo o curador Raphael Fonseca “A obra de Nadam Guerra transcende a contemplação, e discute o hibridismo cultural de nossa civilização. Estimula, ainda, o imaginário ao realizar conexões entre culturas, arte, imagens, poesia, literatura e história. Promove o debate sobre arte e literatura, mesclando a arte popular de Mestre Vitalino à arte contemporânea. Há também neste trabalho o desejo de refletir sobre a relação entre documento e ficção”.
A exposição “A Virgem do Alto do Moura” é uma mitologia transcultural que perpassa diferentes tempos históricos e, por meio da arte e da fé, busca proporcionar ao visitante uma experiencia sincrética e de miscigenação típicas da cultura brasileira.
Nadam Guerra vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sempre engajado em projetos multidisciplinares mirabolantes. Começou a inventar história trabalhar com cerâmica aos 5 anos de idade. Seu primeiro trabalho, em 2001, a Complexiótica, consistia em uma exposição que na verdade era um teatro onde transformava poemas em formulas matemáticas. Depois resolveu fazer o Cinema Manual que eram a projeção de imagens de dramaturgia abstratas produzidas sempre ao vivo com luz e sobra. Em 2003, cria com Domingos Guimaraens o Grupo UM, lançando o Manifesto UM pelo fim das fronteiras entre artes e organizando esculturas imateriais, teatros abstratos, humanogravuras e chanchadas conceituais. Em 2006 funda com um grupo ecovila Terra UNA na Serra da Mantiqueira, MG, inventando um lugar onde a gente, o artista e a natureza feliz vivam sempre em comunhão. Entre 2008 e 2011 materializou sonhos de 50 pessoas em placas de cerâmica e criando com elas um tarô autoral. Em 2010 inicia parceria com Michel Groisman criando o Desmapas e o Caminhozinho, um jogo em que o público é o tabuleiro e outros jogos. Nadam vem tentando a muitos anos em vídeos e performances ao vivo ser outra pessoa ou coisa. Em 2012 começa a assumir outros heterônimos. Em 2014 canaliza a lenda de Nossa Senhora do Alto do Moura onde uma boneca de barro lidera a grande virada para uma nova era pós-capitalista. Estudou teatro, cinema e artes visuais e outras maneiras de dominar o mundo sem violência.