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junho 17, 2016
Masao Yamamoto na Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro
Em sua primeira individual no Rio de Janeiro, o artista japonês Masao Yamamoto, residente na cidade de Gamagori (Japão), exibe no próximo dia 18 de Junho (sábado), das 11h às 17h, três séries fotográficas distintas - A Box of Ku, Nakazora e Kawa=Flow. A individual apresenta uma série de fotografias realizadas entre 1990 e 2015. Junto as fotografias são apresentadas cinco "Caixas-Poemas", cada caixa tem em seu interior uma série de fotografias e um Haikai. Outro formato de exibição presente na mostra se dá através de livros, que são pensados pelo artista como um espaço expositivo dotado de uma dinâmica mais próxima do observador - os livros sanfonados são confeccionados a mão com imagens em uma escala ainda menor que as que comumente o artista realiza. As fotografias de Masao sinalizam a potência de uma poética da delicadeza, o artista possui trabalhos em coleções públicas e particulares nos EUA, no Museu Victoria&Albert, de Londres e na Maison Européenne de la Photographie, na França.
Em um mundo em que a imanência entre o homem e a natureza parece sinalizar uma ruptura, Masao Yamamoto debruça-se em suas fotografias para um olhar que ainda salvaguarda esta união. Em pequenos formatos, as imagens são tessituras, brechas, espaços de singularidades daquilo que mantém as relações entre os seres humanos e o espaço cíclico do natural: a memória e o tempo. O cotidiano, aspecto que singulariza o humano, torna-se no descuido do tempo algo ordinário. Interessa ao olhar não ocidental de Yamamoto, enxergar nas “pequenas coisas” imagens que se tornaram invisíveis no cotidiano, transformando-a em um profundo belo estético. Nada é pretensioso e desmedido, pois obedece ao tempo natural da vida. Após fotografar as imagens, o artista deixa que o tempo ordene a sua força, carregando consigo, em seu bolso, os momentos capturados. Com esse deslocamento, do homem-artista, as fotografias sofrem alterações: manchas, rasgos e vincos. As imagens têm seu tempo dilatado, um álbum construído com personagens e cenas de uma memória coletiva e em envelhecimento provocado.
Após a passagem por “imagens amareladas e em contraste acentuado” em Box of Ku, Masao sugere a suspensão do tempo, um intervalo, e que na língua de seu país pode ser traduzido como Nakazora, “um estado onde os pés não tocam o chão, o espaço entre o céu e a terra”. KAWA = Flow parte de um princípio budista, recontado pelas palavras do artista: “Buda ensinou que uma pessoa começa a viver para a morte no dia em que nasce, e não há nada mais óbvio que isso”. Série recente de sua obra intui, nesta, a dilação do tempo, interim entre a vida e a morte ou os processos que ocorrem no espaço da natureza: Um rio, fluxos e passagens - nascimento/morte - passado/futuro.
Com período de visitação que vai do dia 18 de Junho a 23 de Julho, a obra de Masao Yamamoto é representada no Brasil pela Galeria Marcelo Guarnieri, que fica na Rua Teixeira de Melo, 31 Lojas C/D, bairro de Ipanema no Rio de Janeiro.