|
junho 14, 2016
Antonio Bokel na Matias Brotas, Vitória
Matias Brotas arte contemporânea comemora 10 anos com a exposição "Nada além das palavras" do artista Antonio Bokel
Sob curadoria de Daniela Name, a individual do artista, que será inaugurada no dia 16 de junho, traz pela primeira vez em 10 anos uma intervenção na monumental fachada da galeria.
A Matias Brotas arte contemporânea, pela primeira vez desde sua abertura, convida um artista a intervir na exuberante fachada do prédio da galeria. Juntamente com um grupo de artistas locais, Bokel irá produzir a obra que dará o nome da exposição: Nada além das palavras, um enorme stencil, técnica artística que faz aplicações de letras, palavras e símbolos na parede.
A mostra, que abre o calendário de exposições no dia 16 de junho, reúne um conjunto de trabalhos recentes do artista, a maioria criados especialmente para a exposição. Além de pinturas, algumas de tamanho monumental, Bokel apresenta também uma escultura em bronze e uma fotografia. Segundo o próprio artista, a mostra é muito gráfica. “Uso muitas impressões em tela. Figuras geométricas se misturam com ruídos e palavras. Texturas e blocos brancos, que tapam a pintura em camadas de tinta, são elementos frequentes. Também falo sobre a constante briga da natureza para sobreviver no asfalto, do embate do urbano e do natural”, explica Bokel.
Na visão da curadora e crítica de arte da mostra, Daniela Name, ‘Nada além das palavras’ enfatiza a relação da obra do artista com dois universos: o da palavra e o da gravura. Segundo Daniela, a trajetória do Bokel é marcada pela relação com o grafite e uma espécie de escrita urbana. “Nós podemos pensar que, quando ainda vivia em cavernas, o homem já desenhava para se expressar, para se comunicar, para ter uma linguagem antes mesmo de ter um alfabeto”, diz a curadora.
A curadora ainda explica que ao usar os muros da cidade como uma grande tela, o grafite se relaciona com esse passado ancestral, sem deixar de se conectar com o presente. Mesmo os traços e os signos, que aparentemente não têm sentido, formam mensagens e discursos simbólicos, e o conjunto de pinturas que essa exposição apresenta tem muita relação com esse processo. “Outro ponto importante que a exposição destaca é a relação com a gravura. Nos trabalhos recentes, Bokel usa uma espécie de máscara para cobrir parte da tela. Isso faz com que ele crie um processo vizinho de qualquer gravura, e também do stencil, usado nos muros das cidades”, complementa Daniela.
E com o objetivo de criar um diálogo com a cidade de Vitória, para estabelecer uma conversa a cidade e a malha urbana que abrigará a sua nova exposição, após sua chegada, Bokel ainda fará um intervenção pela capital capixaba. O nome da individual “Nada além das palavras” será usado em um grupo de cartazes do tipo lambe-lambe, que o artista vai espalhar pelas ruas.
Ainda sobre ele, Bokel possui obras nas maiores coleções brasileiras como a de Gilberto Chateubriand e no acervo do MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Recentemente o artista esteve em Portugal para participar de um projeto da Unesco, no qual ele foi escolhido entre 10 artistas do mundo todo para fazer esculturas que interajam com os jardins do Castelo da Pena, em Sintra. E outra novidade na carreira do artista para 2016, é que Bokel também trabalha no lançamento do seu livro, que reunirá seus trabalhos desde 2007.