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junho 10, 2016

Pedro David na Blau Projects, São Paulo

Com 18 fotografias e três peças de bronze, a galeria Blau Projects abre a exposição 360 Metros Quadrados, do artista Pedro David. O fotógrafo mineiro é ganhador de diversas premiações, entre elas da prestigiada Fundação Conrado Wessel, além de já ter realizado exposições em diferentes países. Inédito no Brasil, esse conjunto de fotografias mostra seu universo íntimo com imagens realizadas em sua casa, na região metropolitana de Belo Horizonte. O texto crítico da exposição é assinado pelo curador Agnaldo Farias.

Com exposições realizadas em 10 países, o fotógrafo fez um mergulho em seu universo particular para a realização da série. ‘Eu sempre fui um fotógrafo viajante, mas quando estava prestes a ser pai, resolvi me voltar para um espaço mais íntimo’, conta o artista. Neste caso, o espaço é o terreno de 360 metros quadrados (nome dado à exposição), onde fica sua casa, nos arredores de Belo Horizonte, num bairro chamado Vale do Sol, município de Nova Lima, região metropolitana da cidade.

A atual série é uma continuação de uma vertente desenvolvida pelo artista desde 2008, com o trabalho Aluga-se, realizado a partir de incursões a apartamentos oferecidos para locação, quando ele buscava um local para morar. Logo após a mudança, o fotógrafo começa a colecionar e fotografar objetos que surgiam na área de serviço do apartamento, criando o trabalho Coisas que caem do céu, de 2009. Em 2010, fotografou os pertences de sua mãe, logo após sua morte e antes de esvaziar o apartamento em que morava, criando o trabalho Última Morada. Entre 2010 e 2012, realiza a série O Jardim, em que fotografa as diferentes formas de ocupação na região onde vive, na periferia de Belo Horizonte.

Mundo particular

Inspirado pelo conto Do Rigor na Ciência, escrito por Jorge Luis Borges, em que o autor descreve um mapa tão minucioso que chegaria a ter o tamanho natural do território, o fotógrafo começa a criar a obra 360 Metros Quadrados, entre 2011 e 2012. Após fotografar seu bairro com um olhar de viajante, o artista resolveu experimentar a capacidade metonímica da fotografia em seu extremo, buscando um olhar de estrangeiro dentro de sua casa. ‘Eu queria observar o mundo a partir desse ponto, e me expressar sobre a contemporaneidade por meio de imagens criadas neste ambiente’, desvenda o artista.

O artista utiliza uma câmera de formato grande, recorrente entre os fotógrafos paisagistas, e um filme Polaroid 55, que não é mais fabricado. Segundo ele, a intenção é que as fotografias criadas com esse filme extinto sugiram uma arqueologia de um lugar também extinto, ou fictício. ‘Sempre fui um colecionador de objetos. Nesse caso, estou fazendo essa busca dentro de um espaço circunscrito. Busco ressignificar os objetos que estão na minha casa, muitos deles sem utilidade, ou objetos mortos, e crio esculturas para serem fotografadas’, conta o fotógrafo.

‘Penso que estas imagens podem materializar uma sensação de que o frágil, resguardado ambiente íntimo, pode estar caminhando também para sua extinção. Quero gerar para o espectador uma confusão espaço-temporal, a sensação de uma imagem fora de época, inesperada para uma dita fotografia contemporânea”, conta Pedro. ‘Estas Imagens são uma representação de meu mundo particular, que crio a partir de minhas inquietações sobre o mundo externo, afirma o artista, que tem obras em importantes coleções públicas como a do MAM-SP, MASP, Museu Mineiro e do Musée du Quai Branly, de Paris.

A série 360 Metros Quadrados foi realizada com recursos do XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia de 2012, e com a bolsa Photoquai Residencies, concedida pelo Musée du Quai Branly em 2013. Foi agraciada com o I Prêmio Nexo Foto, de Madri em 2014, e participou de exposições coletivas na 16ª edição do Festival Atlanta Celebrates Photography, EUA, 2014, 4º Singapore International Photography Festival, Singapura, 2014, e VI Fotofest International Discoveries, Houston, EUA, 2015. Também teve individuais na Galeria Astarté, em Madri, Espanha, 2014; e na Blue Sky Galery, em Portland, EUA, 2015.

Pedro David, fotógrafo nascido em Santos Dumont, Minas Gerais, em 1977, é formado em jornalismo pela PUC-Minas. Cursou pós-graduação em artes plásticas e contemporaneidade na Escola Guignard – UEMG, em 2002. Já expôs individualmente em diversas cidades brasileiras, além de Alemanha, Argentina, Bolívia, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, México, República Dominicana e Uruguai. Entre as premiações que recebeu estão o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea, nos anos 2012 e 2013, Prêmio Fundação Conrado Wessel de Arte, 2012; Prêmio Brasília de Arte Contamporânea, nas edições de 2012 e 2015, e Prêmio Especial do salão Arte Pará, de 2013.

Publicou os livros 360 Square meters (Blue Sky Books, 2015), Fase Catarse (Fundação Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, 2008), O Jardim (Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2012), Rota Raiz (Tempo D´Imagem, 2013) e Paisagem Submersa (Cosac Naify, 2008).

Posted by Patricia Canetti at 2:00 PM