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junho 4, 2016
Ana Paula Oliveira na Marcelo Guarnieri, São Paulo
Esculturas, objetos de parede e vídeos formam as linhas com as quais Ana Paula Oliveira modela espaços e explora perspectivas
A partir do dia 4 de junho, a Galeria Marcelo Guarnieri (São Paulo) estará ocupada pela produção da artista Ana Paula Oliveira. Sua primeira individual na galeria nomeada de Círculo de giz e um pouco sobre sólidos, dá prosseguimento às criações com vidro, chumbo e taxidermia, do mesmo modo em que também avança nas pesquisas espaciais da artista.
A trajetória da artista é pontuada pela criação de instalações que nascem a partir da tensão entre atração e repulsa e entre estabilidade e desequilíbrio. O resultado visual causa uma mescla de estranhamento e interesse, que sempre desperta o olhar e a aproximação.
Os materiais e procedimentos operados por Ana Paula partem desde a tradição escultórica - mármore e fundição - até materiais considerados ordinários e não nobres - borracha, plástico, graxa. Eles funcionam na produção da artista como mediadores entre o artesanal e o industrial, entre a tradição e seu desmantelamento. É possível observar essas oposições no trabalho Vetores, no qual a artista faz uma cópia da estátua grega “Discóbolo” , executada pela primeira vez em torno de 455 a.C, no entanto, a escultura atual é feita com outro material, ao invés de bronze ou mármore, a peça é executada em alumínio com Espadas de São Jorge saindo de algumas das articulações do corpo do imponente atleta. A utilização de materiais vivos é uma operação quase sempre orquestrada pela artista, em trabalhos anteriores era possível encontrar pássaros, borboletas, galinhas, peixes e jabuticabeiras, que conviviam durante o período expositivo com o público - galinhas se empoleiravam nas esculturas, borboletas nasciam de partes de peças de mármore e passarinhos faziam de comedouro materiais colocados no ambiente.
Todos os trabalhos da exposição emulam um movimento, seja ele percebido pelo público ou algo invisível - as plantas crescem e se desenvolvem durante a exposição, os pássaros taxidermizados Manon na Série Vistaña simulam um voo pelas placas de vidro. O mesmo acontece em Círculo de giz e um pouco sobre sólidos, na qual chapas-lâminas de vidro assimétricas cortadas a laser criam uma incomum perspectiva de espaço. Cada vidro é puxado por uma ave moldada a partir do corpo de um animal real e fundida em chumbo. Essas chapas-lâminas são sustentadas por sólidos geométricos que criam o peso necessário para o trabalho.
Na obra Para Avistar, a artista utilizou um banco que pertencia ao seu pai e o fundiu com uma peça modelada em ferro que atravessa a parede e forma uma instalação que anula a possibilidade do ato de sentar.
Por fim, um outro tipo de ocupação espacial é o que acontece com a vídeo instalação Vai que Vai, no vídeo, uma sequência de imagens em câmera lenta exibem o momento da quebra de placas de vidro e a queda dos peixes de chumbo e de borracha. As imagens simulam o movimento das águas e a subida dos peixes durante a piracema, no entanto, o ato nunca se completa.
Esses e outros trabalhos de Ana Paula Oliveira poderão ser vistos de perto até o dia 15 de julho na Galeria Marcelo Guarnieri, São Paulo.