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maio 30, 2016
Fábio Miguez na Nara Roesler, Rio de Janeiro
A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro tem o prazer de apresentar Atalhos, uma exposição de obras em pequena escala, pinturas de grandes dimensões e Valises de autoria de Fabio Miguez. A exposição acontece de 1º de junho a 26 de julho, com abertura no dia 31 de maio, das 19h às 22h.
Fabio Miguez sempre produziu trabalhos pequenos simultaneamente aos trabalhos maiores. Elas servem como contraponto, e são, sobretudo, sketchs rápidos que o permitem alargar o vocabulário trabalhado de modo menos moroso que em trabalhos maiores. Os Atalhos contêm pequenos feitos pictóricos, flashes de cores inesperadas e temas fugidios e fugazes, desenvolvidos com graus variados de atenção. A intimidade da escala e a aparente simplicidade dos trabalhos lhes conferem um reconhecimento difuso que dificulta uma definição estanque. O trapézio azul-céu cortado diagonalmente por uma grade laranja pode muito bem ser um lugar, um fragmento de memória associativa. O título Atalhos vem de um filme de Robert Altman, baseado nos contos de Raymond Carver, no qual pequenas histórias independentes formam um todo coeso e complexo. A relação para aqui, mas, transpondo ao universo do artista, o que nos Atalhos o interessa é o corte rápido, as passagens entre as pinturas que guarda a ideia de corte, talho, incisão e que atribuem a elas uma certa união.
A exposição também inclui um novo trabalho da série Valises de Miguez: continuações em formato tridimensional de sua pesquisa em pintura. Valises, ou malas em francês, são planos modulares que se abrem, formando composições variadas dependendo de sua disposição. A produção escultural do artista deixa entrever sua formação em arquitetura. Semelhantes a plantas arquitetônicas, elevações e cortes, as obras se expandem e se contraem com o movimento de superfícies pintadas e, quando totalmente abertas, assemelham-se à planta de uma pequena cidade. Nestes trabalhos, questões de espaço e achatamento são tratadas de modo diferente daquele visto nas pinturas do artista. Num arranjo combinatório, cores, planos de superfície e textos sofrem repetições, espelhamentos e ligeiras permutações, permitindo que aquilo que, na pintura, só pode ser expresso na superfície pictórica da tela, se desdobre e exista entre nós na forma de exercícios simples, mas divertidos para os olhos e a mente.
Dialogando com o ressurgimento da pintura e influenciados pelo neoexpressionismo alemão e pelo pintor norte-americano Philip Guston, os primeiros trabalhos de Fabio Miguez são caracterizados por pinceladas fortes, pela técnica mista e pela abstração gestual. Nas duas últimas décadas, no entanto, o artista cada vez mais abriu mão do excesso de materiais, optando por uma economia e um nivelamento obtidos por meio de finas camadas de superfícies foscas, componentes visuais esquemáticos e uma paleta de brancos, azuis, corais e verdes-mar. O conjunto de obras apresentado aqui, Atalhos, é um exemplo importante das investigações pictóricas recentes de Miguez. A coesão entre as telas de 40 x 30 cm ou 30 x 24 cm reside na estrutura pictórica baseada em pinturas de artistas que ele respeita e cita abertamente em seu trabalho, como Agnes Martin e Henri Matisse.
Fabio Miguez, nascido em 1962 em São Paulo, ainda vive e trabalha na cidade. O artista participou da Bienal Internacional de São Paulo (São Paulo, Brasil, 1985 e 1989), da 2a Bienal de Havana (Cuba, 1986); da 3a Bienal Internacional de Pintura de Cuenca (Equador, 1991) e da 5a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil, 2005). Seu trabalho foi apresentado nas retrospectivas Bienal Brasil Século XX (1994) e 30 x Bienal (2013), ambas realizadas pela Fundação Bienal de São Paulo, bem como em exposições individuais no Centro Universitário Maria Antonia, Instituto Tomie Ohtake, Pinacoteca do Estado e Centro Cultural São Paulo, na cidade de São Paulo.