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maio 8, 2016
Prêmio CCBB Contemporâneo: Alan Fontes no CCBB, Rio de Janeiro
O projeto do mineiro Alan Fontes contemplado pelo Prêmio CCBB Contemporâneo tem como tema a paisagem do Rio de Janeiro, contrapondo vistas de satélite com seu olhar da cidade, onde passou dois meses para criar a instalação Poética de uma Paisagem – Memória em Mutação, composta por pinturas e objetos. Com patrocínio da BB Seguridade, a mostra fica em cartaz até 9 de maio de 2016.
Definida por Fontes como “instalação pictórica”, a exposição parte de uma visão aérea [satélite] do segmento do centro histórico do Rio onde está o CCBB. Panoramas dessa área captadas digitalmente foram reproduzidas em cinco pinturas – óleo e encáustica sobre tela: a maior de 500 x 300cm e a menor, 70 x 90cm.
A pintura maior é baseada em uma imagem do Google Earth de 2009 da Praça XV e Candelária. O artista quis reproduzir essa paisagem que hoje já não é mais a mesma para levar o espectador a perceber a velocidade da passagem do tempo. Em outra tela, a Ilha Fiscal aparece distante de forma fictícia do continente, como parte de uma paisagem que se afasta e se perde. O Palácio Monroe, inaugurado em 1906 e demolido em 1976, também no centro do Rio, aparece em outra pintura, como exemplo da administração do planejamento urbano através das décadas. Completando o conjunto, duas pinturas de casas em estágio de demolição foram baseadas em fotos e desenhos feitos por Fontes durante sua residência artística no ateliê temporário na Fábrica Behring em 2015.
Poética de uma Paisagem – Memória em Mutação tem ainda itens achados e colecionados durante os dois meses em que o artista andou pela cidade, como um sofá modernista, porta-retratos e molduras vazios, tapetes, um cabideiro, um aparelho de telefone, azulejos copiados dos modelos hidráulicos da tradicional Confeitaria Colombo e um papel de parede geométrico, todos pintados de cinza, tirando-lhe a vida. “É como se “uma ‘morte’ ocorresse fora do campo pictórico”, define o artista.
O espaço expositivo está ocupado com o conjunto da pesquisa plástica realizada, contrastando duas formas de contato com a paisagem: o contato distanciado, possibilitado pelas ferramentas tecnológicas, e o contato vivenciado pelo sujeito estrangeiro que experimenta habitar um novo espaço urbano e criar uma forma particular de entendimento do novo contexto, na sua configuração histórica e nas suas regras cotidianas.
Bernardo Mosqueira, autor do texto de apresentação da mostra, resume: “… somos lembrados por Alan Fontes de que é preciso aprender constantemente formas originais de enxergar e de que tudo que há no mundo é capaz de produzir sentido para auxiliar a nos localizar no espaço e no tempo.”
Alan Fontes, nascido em Belo Horizonte, MG, em 1980, vive e trabalha na capital mineira. É graduado em Belas Artes, com habilitação em pintura, pela UFMG e Mestre em Artes Visuais pela mesma instituição. Entre suas principais mostras individuais estão “Sobre Incertas Casas”, na Galeria Emma Thomas (São Paulo, 2015), “Desconstruções”, na Baró Galeria (São Paulo, 2014), “La foule”, na Galeria Laura Marsiaj (Rio de Janeiro, 2012), “Sweet Lands”, na Galeria de Arte Celma Albuquerque (Belo Horizonte, 2011) e “A Casa”, no Paço das Artes (São Paulo, 2008).
Participou de coletivas como Premiados Feira Internacional ArtRio (RJ, 2013), 10a Temporada de Exposições do MARP (Ribeirão Preto, SP, 2012), “Breve Panorama da Pintura Contemporânea em Minas Gerais” (Ouro Preto, 2010) e “Pictórica” (Palácio das Artes, BH, 2006). Fez residências artísticas em “Pintura Além da Pintura” do CEIA (BH, 2006), 5ª Edição do Programa Bolsa Pampulha ( Belo Horizonte, 2013) e Residência Baró (São Paulo, 2014). Recebeu o 1º Prêmio Foco Bradesco/ArtRio 2013, a Bolsa Pampulha 5ª edição em 2014 e o Prêmio CCBB Contemporâneo 2015. http://alanfontes.blogspot.com.br/
Prêmio CCBB Contemporâneo
O edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil de 2014 inclui, pela primeira vez, um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.
O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar esse espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou, entre 2010 e 2013, 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país.
A série de exposições inéditas, em dez individuais, começou com grupo carioca Chelpa Ferro, seguido das individuais de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP] e Flávia Bertinato [MG]. Depois de Alan Fontes [MG], vêm Ana Hupe [RJ] e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.
Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.