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fevereiro 29, 2016
Sergio Camargo na Iberê Camargo, Porto Alegre
Exposição vai apresentar mais de 60 obras de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil
A Fundação Iberê Camargo e o Itaú Cultural reafirmam sua parceria levando ao público mais uma exposição de grande relevância no cenário artístico nacional. Dia 3 de março, das 19h às 21h, a instituição em Porto Alegre inaugura a mostra Sergio Camargo: Luz e Matéria com trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil. Com curadoria de Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves, a mostra reúne, até 12 de junho, mais de 60 obras de colecionadores privados e do espólio do artista.
A exposição é um novo recorte da versão exibida no Itaú Cultural em São Paulo, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, e Porto Alegre é a primeira cidade a recebê-la, após seu encerramento na Capital paulista. Na Fundação, a exposição ocupa dois andares com trabalhos de grande formato e em menor dimensão Sergio Camargo; torres e relevos em formas que jogam com a luz e a sombra, esculpidos em mármore carrara branco ou negro belga, datadas entre as décadas de 1960 e 1980. O conjunto faz uma síntese das sucessivas experiências de Sergio Camargo (1930-1990).
A itinerância de Sergio Camargo: Luz e Matéria para a Fundação Iberê Camargo é marcada ainda com o lançamento de um catálogo inédito publicado pela instituição gaúcha em parceria com o Itaú Cultural, contendo um registro fotográfico das montagens em Porto Alegre e em São Paulo. O conteúdo conta a trajetória do artista e apresenta imagens das obras expostas em ambas instituições, incluindo uma reprodução do último ateliê que pertenceu ao artista, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
O artista nasceu em 1930 no Rio de Janeiro. Aos 16 anos, estudou na Academia Altamira, em Buenos Aires, na Argentina. A escola, fundada em 1946, propunha uma arte de vanguarda, síntese do que se pode apreender pelos sentidos e marcada pelas descobertas científicas da época. Lá, estudou com Emilio Pettoruti (1892-1957) e Lucio Fontana (1899-1968).
Em 1948, viajou à Europa. Estudou com Gaston Bachelard (1884-1962), que, entre outros temas, se dedicou à filosofia da ciência e à análise das bases subjetivas da criação poética. Estudou Merleau-Ponty (1908-1961), que acabara de publicar Fenomenologia da Percepção. Visitou frequentemente o ateliê do escultor Constantin Brancusi (1876-1957), descrito como o “pioneiro da extrema simplificação das formas” pela Galeria Tate. Após o contato com a obra do pintor Wassily Kandinsky (1866-1944), decidiu trabalhar com os recursos do abstracionismo.
A década de 1950 foi pontuada pela experimentação nesse estilo, com um retorno ao figurativismo, sob a influência de Henri Laurens (1885-1954), precursor do cubismo na escultura. Trabalhou com bronze, gesso, alumínio e, após um curso com Margaret Spence, com pedra-sabão.
Testou novos métodos de criação na década de 1960, nos quais o acaso ganhou papel relevante e em que estão presentes o gesso, a areia e o tecido. Iniciou a série de relevos, investigando os modos de perceber e dispor a matéria, além de suas relações com a luz. Trabalhou em madeira e mármore. Em Paris, estudou sociologia da arte com o historiador Pierre Francastel (1905-1970).
Em 1970, deu continuidade aos relevos. Sergio Camargo agregou a eles partes cilíndricas, chamadas “trombas”, que se expandem da obra “para fora” e implicam outro efeito no espaço. No período, passou a compor o grupo de artistas e críticos ligado à Galeria Luiz Buarque de Hollanda & Paulo Bittencourt, do qual participavam os escultores Waltercio Caldas, Iole de Freitas, Tunga e José Resende.
Nos anos 1980, fez a série Ovos – objetos ovais com incisões e perfurações. Nessa década, participou de várias exposições individuais e coletivas. A exposição do seu trabalho foi significativa durante toda a sua carreira: participou, entre outras exposições, da Bienal de São Paulo, da Bienal de Veneza e da Bienal de Teerã. Morreu em 1990.
Mais de 40 acervos e coleções públicas conservam obras do artista, entre eles o Centro Pompidou, em Paris; o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba); a Galeria Tate, em Londres; o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA); o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).