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fevereiro 22, 2016
Prêmio CCBB Contemporâneo: Flávia Bertinato no CCBB, Rio de Janeiro
O Prêmio CCBB Contemporâneo apresenta o sétimo de dez projetos contemplados, por edital nacional, para sua temporada 2015-2016: a instalação Rapunzel, da mineira Flávia Bertinato, com abertura, terça-feira, 23 de fevereiro, às 19h30, no CCBB Rio de Janeiro.
Diferentemente do conto de fadas dos irmãos Grimm, de 1812, as tranças da personagem não a levam a viver um história romântica. As extensas tranças da Rapunzel de Bertinato estão fadadas à contenção.
A instalação é composta por sete carretéis de ferro, revestidos por folhas de madeira, de dimensões diversas, com roldanas e manivelas, um preso à parede e os demais, distribuídos pelo espaço expositivo. Os carretéis carregam metros e metros de tranças, feitas manualmente com 700 quilos de fibra de sisal natural, tendo tesouras cirúrgicas douradas emaranhadas na trama.
As manivelas e as tesouras ao alcance das mãos sugerem ao visitante manipular esses elementos. Mas ele não conseguirá devido ao peso do material e a imobilidade das tesouras, presas ao trançado. Alguns carretéis estão conectados uns aos outros por tranças, o que também impede a circulação em uma parte da sala.A participação do público não se dá pelo interatividade física, mas pela imaginativa. A inacessibilidade ao contato sujeito-obra é parte da proposta da artista.
Flávia Bertinato avalia que Rapunzel absorve uma característica seminal da produção dos anos 1960, que é a ambivalência de forças opostas: contenção x expansão, limitação x liberdade, revelação x ocultação e exposição x segredo. Essa instalação lida ainda, segundo a artista, com o legado da vanguarda dos anos 1960/70, que é a participação do espectador. Nesse caso, não é a ação física, que precisa ser sublimada, mas a interação mental, a partir da qual o visitante atribui significados simbólicos e socioculturais à carga temática do conto de fadas trazida para a contemporaneidade.
A curadora e historiadora da Arte Taisa Palhares, diz no texto de apresentação de Rapunzel: “Bertinato acessa o imaginário popular para nos colocar diante do senso comum em relação às ideias de amor, sedução e feminilidade, naturalmente com ironia e ambiguidade.”
Flávia Bertinato [Pouso Alegre, MG, 1980] é bacharel em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP e mestre pela Escola de Comunicação e Artes USP. Realizou individuais no Centro Cultural São Paulo [2004], Centro Universitário Maria Antônia [2005], nas galerias Virgílio [2008 e 2010] e Marília Razuk [2013], em São Paulo, e Celma Albuquerque [2014], em Belo Horizonte. Participou das coletivas, entre outras, Paralela de Perto e de Longe[2008], Liceu de Artes e Ofícios, sob a curadoria de Rodrigo Moura, Realidades Imprecisas[2008], SESC Pinheiros, curadoria de Carolina Soares e Retratos Performáticos[2012], SESC Vila Mariana. Foi contemplada pelos prêmios aquisitivos no Salão de Arte Contemporânea do Museu de Arte de Ribeirão Preto, em 2004, e 23° Salão de Arte Jovem de Santos, CCBEU, Santos, SP, em 2001. Em 2014, a artista foi selecionada pelo Programa Mergulho Artístico: Bolsas de Investigação, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, e pela 5º Bolsa Pampulha, programa de exposição e residência artística pelo Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte. Obras da artista fazem parte de acervos de instituições públicas, entre eles, o do Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza, e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016
Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital do Centro Cultural Banco do Brasil um láurea para as artes visuais. É oPrêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.
A série de dez individuais inéditas começou com a do grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido das mostras de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP] e Ricardo Villa [SP]. Depois da de Flávia Bertinato [MG], vêm as de Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ] e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.
O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a sala como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB, em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013. São elas as de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e uma coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.