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fevereiro 12, 2016
Bill Lundberg na Jaqueline Martins, São Paulo
Pioneiro na produção internacional de videoarte nos anos 1970, Bill Lundberg ganha exposição na Galeria Jaqueline Martins
“O filme, na verdade, é uma sequência de fotografias exibidas tão rapidamente que nossa retina não é capaz de perceber os cortes”. A frase dita pelo americano Bill Lundberg em entrevista recente ao jornal O Globo define parte da busca do artista pelo comportamento, sentimentos e a intuição humana. “Grande parte da minha obra é justamente sobre o relacionamento entre as pessoas”, completa. E é para falar dessa trajetória, desde os anos 1970, que a Galeria Jaqueline Martins apresenta a exposição Uma Terminologia na Linha, de 17 de fevereiro a 24 de março, com desenhos, vídeos e instalações do americano, residente no Rio de Janeiro, que ficou conhecido por estimular uma nova relação entre espectador e filme.
Vivendo no Rio de Janeiro, no bucólico bairro de Morada das Águias, em Itaipuaçu, Bill Lundberg utiliza em seu trabalho os códigos do cinema e da televisão para criar uma nova linguagem crítica. Por diferentes mídias como a escultura e o vídeo, o artista suscita a antecipação da ação pela emoção humana, quebrando com a narrativa tradicional.
Na obra Charades [1976], um copo d’água em cima de uma mesa é projetado a partir do movimento de quatro indivíduos. Um deles desempenha charadas de famosas citações do mundo da arte, Arte é a definição da arte (Sol LeWitt) , Arte é a mentira que revela a verdade (Pablo Picasso), enquanto vozes anônimas, na trilha sonora, tentam adivinhar as palavras e as frases. A instalação se torna um sistema fechado de linguagem silenciosa e a transcrição fantasmagórica de uma pantomima que luta silenciosamente para sugerir frases esquivas. O copo e sua tela submersa contêm o “gênio da garrafa” do imaginário. [É ver pra crer: a arte de Bill Lundberg de John G. Hanhardt]
Já Morphologies [1984], uma videoescultura composta por travesseiros, projeção e áudio, retrata os artistas Antoni Muntadas, Antoni Miralda e Alison Knowles que dormem em seus respectivos travesseiros.
Os desenhos de Lundberg apresentam o que aparentam ser esquemas para as instalações e são feitos com nanquim, guache, e aquarela. Por meio de seus traços detalhados, ora exatos, ora gestuais, o artista incita a desconstrução da síntese ilusória existente em suas vídeo-instalações.
Bill Lundberg (Albany, CA, Estados Unidos, 1942, vive e trabalha no Rio de Janeiro)
Mestre em Artes Visuais pela Universidade da Califórnia (1966), suas obras foram expostas pela primeira vez no Survery of the Avant-Gard in Great Britain, na Gallery House London, do Instituto Goethe, e participou de uma das primeiras exposições internacionais de vídeo intitulada Art/Video Confrontation, no Museu de Arte Moderna, em Paris (1974). Em 1978, participou da exposição na Gibson Gallery, Nova York. Em meados de 1980 expôs suas obras em diversos espaços nos EUA, com destaque para as individuais no Museu Whitney e no PS1 (Nova York), no Carnegie Museum of Art, no Detroit Institute e na Ortis Parson Gallery (Los Angeles). Em 1982, o artista participou da exposição Drawing Distictions: American Drawings of the Seventies que percorreu por museus da Europa. Em 1992, realizou uma individual no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, onde fez residência como artista. Em 1998 realizou uma individual pelo Blanton Museum, apresentada na celebrada Fundação Art Pace de San Antonio, Texas. Em 2002, o artista apresentou a retrospectiva Bill Lundberg – Syntax of Illusion, no Museu de Arte Contemporânea de Houston, Texas. Suas obras estão presentes em diversas coleções públicas e privadas, incluindo as do Museu Guggenheim em Nova York, e do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.