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janeiro 31, 2016
Amelia Toledo na Marcelo Guarnieri, São Paulo
Um dos principais nomes da arte brasileira da geração dos anos 60, Amelia Toledo integra o elenco de artistas que soube conjugar a paixão pelas formas, traduzida em múltiplas linguagens, como a pintura, o desenho, a escultura e o design de joias, com a inquietação pelo pensamento, no qual atuou como docente nas principais universidades do país. Para destacar a sua importância, e homenagear a artista de 89 anos de idade, a Galeria Marcelo Guarnieri abre no próximo dia 5 de dezembro (sábado), 10h, uma exposição individual que carrega o nome da artista. Na seleção, o destaque é a recente produção dos últimos 20 anos de Amelia Toledo, incluindo a série de pinturas iniciadas no ano de 1993.
Percorrendo em sua trajetória um caminho “interiorizado e solitário”, Amelia Toledo não se encaixa, a priori, em nenhuma vanguarda artística. O seu trabalho, apesar da consonância com as questões e temáticas abordadas em um circuito internacional, converge para uma preocupação com o duplo do controle formal e a intuição. Esta tarefa pôde ser traduzida, ao longo dos anos, na busca do uso de materiais como plásticos, bolhas de espuma, águas coloridas, chapas de aço, nos orgânicos e nas telas com saturações e vibrações de cores.
Na individual da Galeria Marcelo Guarnieri, Amelia utiliza recursos naturais em diálogo com materiais industriais, o fio condutor que aproxima os trabalhos é a natureza. Em cinco obras: Bambuí (2001/2015), Dragões Cantores (2007), Impulsos (2000-2015), Da cor da corda (2014) e Horizontes (1993-2015), a liberdade da expressão se traduz na multiplicidade dos meios de discurso e apresentação das formas, com instalações, esculturas e pinturas.
Destaques para as instalações Bambuí (2001/2015) e Da cor da corda (2014). Na primeira, a obra é composta por pedras brutas e polidas e uma bobina de inox que ocupará parte do espaço da galeria. A placa tem uma forma sinuosa e reflexiva que faz com que as pedras que estão espalhadas pelo espaço se multipliquem de forma distorcida. Bambuí também é o nome de uma região em Minas Gerais onde são encontradas as pedras utilizadas na instalação, mesma região onde a milhões de anos atrás existia mar. Em Da cor da corda (2014), cordas na cor azul suspensas numa parte da galeria, convidam o público a passar entre elas, e adentrar um segundo ponto do espaço. A instalação tem uma proximidade com as pinturas da artista, uma vez que trabalha com cordas de algodão impregnadas com resina acrílica e pigmentos com tonalidades distintas, criando assim uma espécie de pintura no espaço. Iniciadas em 1993, a série Horizontes (1993-2015), pinturas em acrílica sobre tela, exibem um horizonte sugerido pelo encontro entre as cores, ora saturadas e ora esmaecidas.
As esculturas Dragões Cantores (2007) e Impulsos (2000-2015) serão exibidas conjuntamente. Em Dragões, pedras em estado bruto e esculpidas pelo impacto causado pelas ondas do mar, dialogam com o concreto bruto. Impulso é composto por pedras parcialmente polidas, como quartzo, ametista e calcita.
Com entrada gratuita, a exposição Amelia Toledo fica em cartaz para o público de 5 de dezembro de 2015 a 5 de fevereiro de 2016.
Amelia Toledo - Escultora, pintora, desenhista, designer. Em 1958, freqüenta a London County Council Central School of Arts and Crafts, em Londres. De volta ao Brasil, em 1960, estuda gravura em metal com João Luís Oliveira Chaves (1924), no Estúdio/Gravura. Obtém, em 1964, o título de mestre pela Universidade de Brasília - UnB. Lecionou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie e na Faculdade Armando Álvares Penteado – Faap, em São Paulo, e na Escola de Desenho Industrial – Esdi, no Rio de Janeiro.
* Excerto do texto de Ana Maria de Moraes Belluzzo publicado em TOLEDO, Amelia. Entre, a obra está aberta. São Paulo: SESI, 1999. p. 5