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janeiro 27, 2016
Marilá Dardot na Chácara Lane, São Paulo
Museu da Cidade de São Paulo leva a produção da artista Marilá Dardot a Chácara Lane
A Secretaria de Cultura do Município de São Paulo e o Museu da Cidade inauguram no dia 30 de janeiro de 2016, sábado, às 11 horas, na Chácara Lane, a exposição individual Guerra do Tempo, com 32 obras da artista mineira Marilá Dardot. Com curadoria de Douglas de Freitas, a individual reúne trabalhos de 2002 a 2016, colocando o privilegiado imóvel histórico, conhecido como Chácara Lane, e restaurado em 2012 pelo Departamento do Patrimônio Histórico, de volta ao circuito de artes visuais da cidade.
Segundo o curador, “a exposição é um recorte em torno do apagamento e do esquecimento dentro da produção da artista, desde uma dimensão mais poética, como em “Hic et nunc” (2002), onde a artista cria um vídeo em que escreve os verbos que movem seu trabalho em uma lousa branca ao mesmo tempo que os apaga, ou em “Marulho” (2006), apresentada na 27ª Bienal de São Paulo, onde 8 livros diferentes têm suas páginas apagadas, restando apenas os trechos que versam sobre o esquecimento; até uma dimensão mais política, como na obra inédita “Demão”, em que um letrista escreve sobre painéis alguns slogans e lemas das gestões federais, além de slogans e lemas da oposição, que são velados de branco e sobrepostos, sem apagar o anterior”.
São exibidas 14 séries de trabalhos, incluindo o vídeo de 2015 “Quanto é? O que nos separa”, resultado de uma performance realizada no Rio de Janeiro em que um cartazista profissional escreve valores colhidos em uma pesquisa realizada pela artista na Praça Mauá, cujo som é o áudio da performance, onde, a convite da artista, Felipe Fly improvisa uma interação com o público guiada pelas perguntas da pesquisa.
Em “Minha Biblioteca Sueca” e “Minha Biblioteca Polonesa”, ambas séries de 2015, Marilá organiza por cores, formatos e tamanhos, capas de livros publicados em idiomas que não lê. Na versão idealizada para a Chácara, a instalação “Código Desconhecido” reúne fragmentos de livros com diferentes tempos e tonalidades de envelhecimento que são colocados lado a lado, remetendo à um código de barras.
A impressão “Guerra del Tiempo” (2012), que dá nome à mostra, tem título emprestado da obra de Alejo Carpentier. No livro, três contos constituem variações sobre o tema do tempo; na imagem da artista, o livro se sobrepõe a outros, que aumentam em escala. Cada um, entretanto, tem uma tonalidade de amarelo diferente, revelando diferentes tempos sobrepostos. Na série de 2008 “Paisagem sob Neblina”, cinco de frases sobre o silêncio coletadas de obras literárias diversas são sutilmente bordadas com linha cinza sobre feltro cinza, criando um retângulo que evoca uma paisagem apagada pela neblina.
No vídeo-objeto “Movimento das Ilhas” (2008), um misterioso jogo de palavras não oferece pista das letras enquanto em “Puzzling Over” (2007), 4 quebra-cabeças em branco se sobrepõem e multiplicam formando 8 quebra-cabeças onde corte e imagem de corte estão sobrepostos; são apresentados, ainda, sete trabalhos da série “Never to Forget” (2006) e “Diário de Janeiro”, jornal que traz compiladas as principais notícias de janeiro de 2015, impressas em tom próximo ao do papel, em estado de apagamento.
A mostra fica em cartaz até o dia 17 de abril, com entrada gratuita.
Lançamento de publicação
No mês de abril, durante a realização da feira SP-arte no Parque Ibirapuera, é relançado o livro de artista “Sebo”. Realizado em 2007 por Marilá Dardot e Fabio Morais, “Sebo” é a organização em fac-símile frente e verso de coisas encontradas em livros comprados em sebos. A nova edição da publicação conta com a atualização dessa coleção de Fabio e Marilá, e a colaboração da artista Rivane Neuenschwander, que inclui na publicação a coleção de elementos deixados dentro de livros da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa em Belo Horizonte.
Marilá Dardot (Belo Horizonte, 1973)
Artista visual residente em Belo Horizonte. Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, estudou na Escola Guignard e cursou mestrado em Linguagens Visuais no Programa de Pós-graduação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Entre suas individuais destacam-se: “Pouco a Pouco” (2012), na Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro; “Introdução ao Terceiro Mundo”(2011), no CCBB, Rio de Janeiro; “Alices” (2010), no Centro Brasileiro Britânico; “Ficções” (2008), na Galeria Vermelho, São Paulo; “Sob Neblina [em segredo]” (2007), no CCBB São Paulo; e “Bolsa Pampulha: Marilá Dardot” (2004), no MAP, em Belo Horizonte. Em 2004, Marilá recebeu o Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça. Em 2006, participou da 27a Bienal de São Paulo. Em 2010, participou da 29a Bienal de São Paulo com o trabalho “Longe daqui, aqui mesmo”, realizado em parceria com Fabio Morais. Entre as últimas coletivas destacam-se: “Chambres Sourdes”(2011), no Parc Culturel de Rentilly, França; “Nova arte nova” (2009), no CCBB São Paulo; e “Proyectos para desconstrucción” (2008), no MUCA, na Cidade do México.