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novembro 24, 2015
Odires Mlászho na Vermelho, São Paulo
De 24 de novembro a 23 de dezembro de 2015, e de 11 a 16 de janeiro de 2016, a Galeria Vermelho apresenta Arquibabas: Babas Geométricas, nova exposição individual de Odires Mlászho.
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Com essa exposição, Mlászho completa uma trilogia composta por suas últimas duas exposições na Vermelho, Sopa Nômade, de 2010 ,e Zero Substantivo, de 2013. O trílogo articula um dos principais focos na pesquisa de Mlászho: a dimensão gráfica da palavra escrita enquanto imagem.
Em Sopa Nômade, que também titula uma série de trabalhos do artista, Odires tratava de uma escrita anônima e preambular que se baseava em caracteres tipográficos transferíveis, encadeados por relações gráficas que intuíam desarticular a linguagem escrita ao tratar os tipos por via de ligações esquemáticas.
Zero Substantivo tinha seu eixo no que Mlászho chama de “proto-escrita”, ou a escrita diluída antes de sua materialização sintáxica. A escrevedura era apresentada totalmente desarticulada, como em um “balbucio”- em definição do artista.
Trabalhos como “Riverrun” visavam desestabilizar leituras lógicas e lineares de frases ao empregar dois sistemas de escrita em uma mesma frase. Os elementos linguísticos lá estavam, mas não cabiam a qualquer léxico ou sintaxe.
Em Anonymous Bosh, Mlászho não se presta a apresentar uma evolução do trabalho, mas sim, um desenvolvimento concomitante de procedimentos e intenções. Vemos alguns de seus processos mais reconhecíveis, como as intervenções com faca gráfica em capas de livros e o uso de Letraset, mas que parecem trazer diluídas algumas dimensões de obras anteriores. É o Caso de “Poemas” que, construídos ao redor da espacialização da construção de poemas, com seus cheios e vazios, foram elaborados com os restos da série “Sopa Nômade”.
“Campo Sfumatto”, apresentado pela primeira vez como obra autônoma em Zero Substantivo, se articula agora em nove imagens, formando uma sequencia de cartografias cinéticas por via da sobreposição de folhas de Letratone. Os decalques gráficos produzidos pela Letraset a partir dos anos 1960 se destinavam a técnicas de aplicação de texturas e tons para desenhos. Esse conjunto pôde ser visto pela primeira vez na exposição do Prêmio MASP, de 2013, aonde o artista foi laureado como artista do ano.
O conjunto de seis imagens de “Vozes nas Cortinas” também se baseia na saturação de dimensões gráficas da escrita, sobrepondo alfabetos e famílias tipográficas nas mesmas imagens. A leitura das mensagens lá cifradas se torna abafada como o titulo sugere. Esse conjunto pôde ser visto durante a participação de Mlászho na exposição DENTRO/FORA, de 2013, aonde o artista representou o Brasil na 55ª Bienal de Veneza.
Completam a exposição, a série inédita “Arquibandas”, novas peças da série “Livros Esqueletos” e “Anti Contra”. Nas três famílias de trabalhos, Odires Mlászho interfere diretamente na arquitetura constituinte de livros, criando buracos, escarificações e recortes gráficos que podem ser lidos como invólucros ideais para as escritas do artista.
From November 24 through December 23, 2015, and from January 11 through 16, 2016, Galeria Vermelho is presenting Arquibabas: Babas Geométricas, a new solo show by Odires Mlászho.
With this exhibition, Mlászho completes a trilogy tha also includes his last two exhibitions at the gallery: Sopa Nômade [Nomad Soup], in 2010, and Zero Substantivo [Zero Substantive], in 2013. The trilogy articulates one of the main focuses in Mlászho’s research: the graphic dimension of the written word as an image.
In Sopa Nômade, which is also the title of a series of works by the artist, Odires worked with an anonymous and preambular writing based on transfer-lettering characters, linked by graphic relations that aim to de-articulate the written language by treating the letters by means of schematic connections.
Zero Substantivo was based on what Mlászho calls “proto-writing,” or a writing diluted before its syntactic materialization. The writing was presented in a totally disjointed way, like a “babbling” – in the artist’s definition. Works such as Riverrun sought to destabilize logical and linear readings of phrases by using two writing systems in the same phrase. The linguistic elements were there, but they did not belong to any lexicon or syntax.
In Anonymous Bosh, Mlászho does not present an evolution of his previous works, but rather a concomitant development of procedures and aims. We see some of his more recognizable processes, such as interventions with a die cutter on book covers and the use of Letraset, but which seem to bear diluted aspects of previous works. This is the case of Poemas [Poems], which deal with spatial aspects of the construction of poems, with their fullnesses and voids, and were elaborated with the scraps of the Sopa Nômade series.
Campo Sfumatto [Sfumato Field], presented for the first time as an autonomous work in Zero Substantivo, is now articulated in nine images, forming a sequence of kinetic cartographies through the overlaying of Letratone sheets. These graphic transfer sheets produced by Letraset from the 1960s onward were used for applying textures and tones to drawings. This set was shown for the first time at Prêmio MASP, 2013, where the artist won the Artist of the Year award.
The set of six images of Vozes nas Cortinas [Voices in the Curtains] is also based on the saturation of graphic aspects of writing, overlaying alphabets and typographic families in the same images. Their coded messages are veiled, as the title suggests. This set was featured at Mlászho’s participation in the exhibition DENTRO/FORA, 2013, where the artist represented Brazil at the 55th Venice Biennale.
Capping off the exhibition is the never-before-shown series Arquibandas [Archebands], new pieces of the Livros Esqueletos [Skeleton Books] series, and Anti Contra. In the three groups of works, Odires Mlászho interferes directly on the constituent architecture of books, creating holes, scars and graphic cutouts that can be read as ideal packages for the artist’s writings.