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novembro 13, 2015
José Pedro Croft na Capela Morumbi, São Paulo
O português José Pedro Croft, um dos mais importantes artistas contemporâneos europeus, expõe esculturas de grandes dimensões na Capela do Morumbi, em São Paulo
O duplo está sempre presente na obra do artista plástico português José Pedro Croft. Estruturas duplas, duplos ângulos, duplos planos. Contração e expansão dos limites. Integração com o espaço e com o espectador. Questões que unem arte e arquitetura, que permeiam toda a carreira do artista e estarão presentes na exposição Corpos duplos – Duplas imagens, que será inaugurada no dia 14 de novembro, na Capela do Morumbi, em São Paulo. A Capela, aliás, tem por objetivo abrigar mostras que promovam o diálogo entre a arte contemporânea e o patrimônio histórico. A obra de José Pedro Croft não poderia estar em melhor lugar.
A iniciativa da Capela e da galeria carioca Mul.ti.plo Espaço Arte (que trouxe Croft para o Brasil pela segunda vez este ano), ao produzirem a exposição, proporciona uma bela oportunidade para o público paulista rever a obra deste grande artista contemporâneo. A mostra traz grandes esculturas em ferro, vidro e espelhos, que interagem umas com as outras formando uma única peça – e que também buscam a relação com a arquitetura da Capela, ora refletindo, ora restringindo, ora ampliando os limites do espaço. Como se apropriando dele, transformando-o: são cortes, lapsos e interrupções provocados pelos ângulos formados pelos espelhos, que ‘deslocam’ partes da arquitetura – e modificam o entorno de acordo com o ponto de vista do espectador da obra. “As peças rebatem a arquitetura, tiram o centro. Além disso, as pessoas passam a fazer parte da paisagem, ao integrar o espaço onde a obra está exposta”, explica José Pedro Croft.
Para esta exposição, Croft finalizou a obra in situ: a montagem é essencial e acaba fazendo parte do resultado do trabalho do artista – uma vez que a luz também é matéria fundamental. Uma das obras, colocada no fundo da galeria, debruça-se sobre os degraus do antigo altar: uma caixa em dois planos, com 3m de altura na parte mais alta, com espelhos em ângulo refletindo o teto – e que dobra de tamanho pelo jogo do reflexo. Do outro ponto de vista da obra, projeta o observador elevando-o ao nível do teto da capela.
Se esta caixa de certa forma “aprisiona” quem a vê, criando colapso entre o que é interior e o que é exterior, outra peça, vertical, com 2,75m de altura, inclui o vidro ao ferro e ao espelho: ao fazer isso, Croft cria um corpo de bloqueio, um espaço delimitado pelo vidro. Mas que ao mesmo tempo deixa ver além. “As obras têm caráter abstrato e tomam as qualidades do entorno. Neste caso, junto à integração da arquitetura com o reflexo, há a integração com o através”, diz o artista.
Outra obra une e desata: duas estruturas de frente uma para a outra, em ângulo levemente inclinado para o centro, eleva ao infinito a imagem de quem a observa pelo lado de dentro, enquanto a parte externa adquire as características de paredes e teto ao redor.