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outubro 8, 2015
Lançamento do livro Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações no Galpão VB, São Paulo
Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil revisita 30 anos de sua trajetória em livro
Editado em parceria pela Associação Cultural Videobrasil e Edições Sesc São Paulo, “Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações” entrelaça história do Festival com as transformações ocorridas na arte, no Brasil e no mundo ao longo dos últimos trinta anos
Com organização de Solange Farkas e da jornalista Teté Martinho, coordenadora editorial da Associação Cultural Videobrasil, a trajetória do Festival está presente no livro Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações (Edições Sesc São Paulo / Associação Cultural Videobrasil), que será lançado em 8 de outubro, quinta-feira, a partir de 19h, na nova sede da Associação Cultural Videobrasil, o Galpão_VB, na ocasião da abertura de Panoramas do Sul | Projetos Comissionados, uma das exposições que compõem o 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul.
“O livro desenha um percurso lento e contínuo de ciclos e rupturas que marcam não apenas a trajetória do Festival, mas a inserção do vídeo no mundo das artes, seu diálogo com as outras plataformas”, afirma Solange Farkas. “Ao revisitar as três décadas de história do Festival, da arte, do Brasil e do mundo, o livro nos permite encontrar nosso espaço enquanto instituição promotora das artes e olhar com clareza para os desafios contemporâneos da arte e da política no Eixo Sul”, conclui.
“Tendo optado politicamente por se vincular à produção contemporânea realizada por artistas, curadores e pesquisadores no circuito geopolítico Sul, o Videobrasil interroga-se sobre a legitimação e os cânones da arte ocidental, colocando em foco indivíduos e debates fora do eixo. Trata-se de dar lugar à arte produzida em meio ao desalinho, representado por diferentes situações de opressão política, social e cultural, ausência de liberdade de expressão, desestabilização político-econômica, guerras, pobreza, fome” afirma Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc São Paulo, no texto de abertura do livro.
Trajetória revista em livro
Tendo como colaboradores o professor e curador Eduardo de Jesus, o curador e crítico de arte Moacir dos Anjos, o jornalista Gabriel Priolli e a jornalista e crítica de arte Paula Alzugaray, que analisam em ensaios os momentos-chave da arte contemporânea a partir das transformações do Festival.
Ao longo de seus 30 anos o Videobrasil revelou talentos do vídeo e das artes visuais, trouxe ao Brasil grandes nomes da videoarte e da arte contemporânea, inseriu as questões do Sul Geopolítico na agenda de debates. De início uma iniciativa local pioneira, voltada para o fomento da linguagem e divulgação do vídeo brasileiro que se transformou em uma plataforma múltipla, centrada na produção artística contemporânea do Sul geopolítico do mundo.
A publicação recupera os principais acontecimentos dos festivais, como a abertura para novas linguagens e o processo de internacionalização, obras de destaque, casos polêmicos, e artistas revelados e destacados a cada edição, em uma releitura crítica de sua própria história.
O conteúdo
A edição, vastamente ilustrada, conta ainda com ensaios que pontuam os momentos-chave do Festival e algumas de suas questões mais importantes de seu contexto original:
Em Mil telas e centenas de canais depois, o jornalista Gabriel Priolli discute, passados trinta anos, o impacto que o vídeo de fato teve nas transformações políticas e de linguagens do país.
Em Tempo, imagem: performance, o professor e curador Eduardo de Jesus escreve sobre a intersecção entre o vídeo e a performance, que revolucionou as artes a partir dos anos 1960, e as performances em vídeo que marcam a arte contemporânea a partir da segunda metade do século 20 – e passam a fazer parte da história do Festival a partir de 1998.
Universos em contenção: o vídeo na arte contemporânea, da curadora, jornalista e crítica de arte Paula Alzugaray, apresenta o vídeo como um símbolo de ruptura dos conceitos tradicionais de arte.
Em O tempo do Sul, o curador e pesquisador Moacir dos Anjos estabelece o eixo Sul Geopolítico como centro das manifestações, linguagens e temáticas da arte e da política nos séculos 20 e 21.
Outras publicações
Este ano, são lançadas, ao todo, cinco publicações, frutos da parceria entre as Edições Sesc São Paulo e a Associação Cultural Videobrasil, com coordenação editorial de Teté Martinho e Solange Farkas. No dia 10 de outubro são lançados no Sesc Pompeia os livros Panoramas do Sul | Artistas Convidados, que reúne referências sobre a obra e o pensamento dos artistas convidados do Festival, e Panoramas do Sul | Leituras | Perspectivas para outras geografias do pensamento, uma compilação de ensaios e manifestos artísticos que apresentam, defendem ou questionam o conceito de Sul geopolítico. Em 25 de novembro ocorre o lançamento da publicação Panoramas do Sul | Obras Selecionadas e Projetos Comissionados, que cataloga e aprofunda a reflexão em torno das 60 obras e projetos que integram as duas exposições. E ainda, é lançado em 25 de novembro, também no Sesc Pompeia, o Caderno Sesc_Videobrasil 11: Alianças de Corpos Vulneráveis, que conta com curadoria do escritor e curador peruano Miguel Angel López, que participou da 31ª Bienal de São Paulo.
O Festival e sua história
“O vídeo é uma ferramenta que surgiu em um momento de questionamento profundo dos suportes, materiais, lugares e formatos da arte. Vinha desafiar um sistema institucional e um mercado que nem sempre apoiam o que é urgente produzir em termos artísticos e discursivos.” A definição da criadora e curadora-geral do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, Solange Farkas, sintetiza o momento histórico que marca a criação do (então) Festival de Video Brasil, em 1983, período da redemocratização brasileira. “Como suporte da criação artística, o vídeo sustentou o intenso espírito crítico das vanguardas de meados do século 20.” No Brasil, foi um dos meios pelos quais buscou-se contestar o poder estabelecido – a ditadura – e a imagem televisiva, que, então, o simbolizava. Sendo o vídeo o meio, a busca pela inovação e desestruturação da linguagem era sua forma de contestação. O (então) Video Brasil, sua plataforma.
Ao longo de seus 30 anos, celebrados em sua 18ª edição (2013), o Festival derrubou fronteiras nacionais e linguísticas, expandindo-se para o exterior, com foco no Eixo Sul Geopolítico, e para as distintas formas e linguagens artísticas.
Entre 1983 e 1990, o Festival tem caráter documental e de denúncia e ligação estreita com a TV, o desejo de que a produção invadisse os televisores e revolucionasse a sua linguagem. É nesse momento que o Festival revela talentos como Fernando Meirelles, com Garotos do Subúrbio, e Marcelo Tas, com o repórter Ernesto Varella, e o vídeo Caderneta de campo, de José Celso Martinez Correa, sobre a demolição da sede do teatro Oficina pelo Grupo Silvio Santos. O vídeo ganhou o grande prêmio da primeira edição do Festival.
Neste momento, sua trajetória dialoga com a de jovens artistas brasileiros que marcarão sua história, como Eder Santos, Cao Guimaraes e Luiz de Abreu, ganhador do Grande Prêmio da 18ª edição com a performance O Samba do Crioulo Doido.
A década de 1990 é marcada pelo processo de internacionalização do Festival, tendo foco no Sul Geopolítico, de maior experimentação com a linguagem, no uso de suportes como o CD-ROM e concepção de trabalhos interativos e do início da parceria com o Sesc São Paulo, em 1992, fundamental para seu projeto de expansão, diversificação e internacionalização.
“O processo de internacionalização do Festival também se estabelece em diálogo com o momento histórico. Nos anos 1990, vivíamos um período em que os mercados se globalizavam, mas os Estados nacionais do chamado ‘Terceiro Mundo’, mais vítimas do que membros dessa globalização, contestavam a maneira como era feita a derrubada das fronteiras do mundo. O estabelecimento do Eixo Sul dentro da arte e do Festival reflete esse sentimento de época.” Ao longo desse processo, o Festival trouxe ao Brasil obras de grandes nomes da performance, como Marina Abramovic, das artes visuais, como Olafur Eliasson, e da videoarte internacional, Bill Viola, Nam June Park e Peter Greenaway
Com a virada do milênio, a partir de 2001, o Festival se conecta com as artes visuais e se abre para a performance, sendo a 15º edição, de 2007, toda voltada para essa forma de expressão.
Em 2011, o Festival se abre a todas as manifestações artísticas, independentemente do suporte, e na ênfase para os programas de residência e o aprofundamento da relação e das questões do Sul Geopolítico, que continua em processo.
Ficha técnica
Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações
Organização: Teté Martinho e Solange Farkas
Colaboradores: Eduardo de Jesus Gabriel Priolli, Moacir dos Anjos e Paula Alzugaray.
Edições Sesc São Paulo e Associação Cultural Videobrasil
ISBN 978-85-69298-12-0
Páginas: 320 p.
Formato: 18 x 23 cm
Preço: R$ 82,00
Português/ inglês