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outubro 4, 2015
Ícaro Lira na Central, São Paulo
A Central Galeria realiza a abertura da mostra Campo Geral, do artista Ícaro Lira, no dia 07 de outubro de 2015, às 19h. O artista apresentará trabalhos que propõem uma reflexão sobre os movimentos migratórios originados pela seca, que começaram no Ceará, no final do século XIX. A curadoria é de Marta Ramos-Yzquierdo.
Nos últimos seis anos, Lira vem analisando as implicações e desdobramentos de atos políticos e históricos através de um trabalho documental, arquivista, arqueológico e de ficção. Suas exposições têm apresentado estruturas similares a pequenos museus nas quais o artista reúne diversos fragmentos da historia brasileira. Para sua mostra na CENTRAL, ele investigou duas rotas migratórias no Ceará, sua terra natal, que marcaram o trânsito de retirantes desde a década de 1840.
A primeira delas, constituía-se por pessoas que haviam abandonado suas terras por conta da estiagem e procuravam comida e trabalho na capital. Eram então percebidas como elementos que incomodavam, depunham contra a imagem de progresso, beleza e modernidade que o estado procurava ostentar em um clima de belle époque. Campos de Concentração foram criados para evitar que elas de fato chegassem à cidade, nos quais ficavam segregadas, sem poder sair, à espera de melhor sorte.
Já a segunda rota era constituída por homens, também fugindo da seca, tentados a buscar um futuro melhor com as promessas de um novo Eldorado no ciclo da borracha da Amazônia.
"As leis e decisões dos governos, além dos poderes oligárquicos e religiosos, converteram esse estado de seca em um laboratório de novas medidas higiénicas, compartimentais, médicas e de controle da população. Os efeitos disto são percebidos e repetidos até hoje.", explica a curadora, Marta Ramos-Yzquierdo.
Com essas premissas, Lira viajou, durante os meses de julho e agosto deste ano, nessas duas direções: de Manaus a Fortaleza, e de Fortaleza a Crato (lugar do campo de concentração mais afastado no sul do sertão cearense).
Ele fez essas viagens que eram vendidas como uma chance de "entrar" no sistema, mas que serviram unicamente para continuar fora das "oportunidades" oferecidas pela modernidade. Durante esses trânsitos, estabeleceu um diálogo continuo com a curadora Marta Ramos-Yzquierdo, para a reflexão sobre as migrações, suas paisagens (física e sociais) e sua construção histórica.
Os documentos, correspondências e peças nascidas durante as viagens serão o núcleo principal da exposição. A união de olhares polissêmicos - os registros e depoimentos durante a viagem, do artista, da curadora e outros convidados - trarão assim um percurso pela historia, memória e vida dessas "inserções que excluem".
Ícaro Lira nasceu em Fortaleza, Ceará, Brasil, 1986. Vive e trabalha em São Paulo-SP. Artista Visual, Editor e Investigador, com pesquisa desenvolvida no âmbito do Documentário Experimental. Estudou Cinema e Vídeo na Casa Amarela-UFC, Fortaleza (CE), Montagem e Edição de Som, pelo Instituto de Cinema Darcy Ribeiro (RJ) e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) participou dos Programas Fundamentação e Aprofundamento. Em 2013 Recebeu o Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e em 2014 Participou da 3a Bienal da Bahia com Pesquisa sobre Projetos Populares. Realizou Exposições Individuais no Paço das Artes (SP), Oficina Cultural Oswald de Andrade (SP), Galeria IBEU (RJ), Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza-CE) e SESC (Crato-CE). Participou de Residências de Arte no Brasil e na América Latina entre elas do Capacete Entretenimentos (RJ), Terra UNA (MG), Instituto Sacatar (BA), Red Bull Station (SP) e La Ene (Buenos Aires-Argentina). Recentemente foi Indicado ao Prêmio PIPA - | Prêmio IP Capital Partners de Arte - MAM-Rio.