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setembro 5, 2015
Wanda Pimentel na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Anita Schwartz Galeria de Arte faz grande individual com obras da artista carioca, um dos grandes nomes da geração dos anos 1960. Em outubro, ela participará da Frieze Masters, em Londres, que homenageia os “mestres da arte”.
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta, a partir do dia 8 de setembro para convidados e do dia seguinte para o público, a exposição Geometria / Flor, com cerca de 35 obras inéditas da artista carioca Wanda Pimentel (1943).
Com uma importante e reconhecida trajetória artística de quase 50 anos, a artista irá mostrar no grande salão térreo da galeria pinturas da série “Geometria/Flor”, iniciadas há dois anos. Cada uma das pinturas tem uma moldura diferente, que integra o trabalho. Apesar de ser uma série totalmente nova, ela carrega elementos que sempre estiveram presentes em seu trabalho, como as formas geométricas e as famosas escadas, que estão presentes em algumas pinturas. “É como se fosse uma celebração de todas as séries que fiz desde a década de 1960”, conta Wanda Pimentel, ressaltando que sempre trabalha com séries. “Quando termino uma, quero criar algo novo, totalmente diferente, mas uma série sempre carrega elementos das outras”.
Anita Schwartz destaca que este é “um momento de homenagem ao trabalho e à trajetória da Wanda Pimentel”, que em outubro participará da Frieze Masters, no Regent’s Park, em Londres, feira que reúne mestres da história da arte contemporânea, onde mostrará nove pinturas produzidas nos anos 1960.
As obras que estarão na exposição na Anita Schwartz Galeria têm a ver com um processo iniciado pelo artista em 2011, de rever o passado. “Esses trabalhos tem um tom dramático, têm a ver com as minhas memórias, mas, ao mesmo tempo, é uma saudação à vida, rompendo com tudo que já fiz. Vou dissecando lembranças e construindo novas memórias”, afirma a artista. Neste processo, ela partiu em busca de lembranças do pai, açoriano, de natureza muito reservada, que faleceu quando ela tinha 12 anos. Ela atribuiu a esta procura por sua origem o fato de ter incluído o dourado em seus trabalhos. “O manuseio com o dourado é muito difícil. A condução da cor deve seguir uma trajetória do não efeito fácil. O dourado da série relaciono com Portugal, pois é uma cor presente no Barroco, lembrando a celebração da vida”, diz.
“Introduzi nos trabalhos atuais um novo elemento: flores, em tons de branco, vermelho e dourado. Ao olhar o trabalho, você percebe que há um embate entre geometria e natureza, por mais paradoxal que seja”, afirma.
No terceiro andar da galeria estarão os trabalhos iniciais desta fase, que fazem parte da série que ela chamou de “Memória”. Serão três caixas de acrílico, medindo 97cm x 33cm cada, onde a artista coloca desenhos e objetos. Em uma delas há um coração vermelho, cheio de alfinetes, em alusão ao coração de espuma que a sua mãe usava para colocar os alfinetes enquanto costurava. Em outra, há casulos do bicho-da-seda e, na terceira, uma linha e uma tesoura desenhadas, como se esta cortasse o desenho. Junto a esses trabalhos, estarão quatro obras de 1965, que nunca foram expostas. “São desenhos da época que eu era aluna do Ivan Serpa, feitos com caneta esferográfica em folha de papel ofício. Nunca mostrei esses desenhos, mas eles falam muito sobre o meu trabalho”, afirma a artista.
Ao invés de texto crítico, o público poderá ler o poema “O último sortilégio”, de Fernando Pessoa, que Wanda Pimentel encontrou durante o processo de produção das obras, e considerou muito apropriado com o que estava fazendo. “O poema tem muito a ver com esses trabalhos. Queria algo sensível, por isso escolhi esta poesia. O português de Portugal é muito denso, muito bonito quando escrito. E meu pai gostava muito de Fernando Pessoa”, ressalta. A poesia também estará no catálogo, que será lançado ao longo da exposição.
Wanda Pimentel nasceu no Rio de Janeiro, em 1943. Estudou pintura com Ivan Serpa, no MAM Rio, em 1965. Dentre suas principais exposições individuais estão a exposição no MAM Rio, em 2004; no Paço Imperial, em 1999 e em 1997; no Centro Cultural Banco do Brasil, em 1994; entre outras.
Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Artevida Política”, no MAM Rio, em 2014; “Nova Figuração anos 1960-1970”, no MAM Rio, em 2009; “Panorama dos Panoramas”, no MAM São Paulo, em 2008; “Arte contemporânea e patrimônio”, no Paço Imperial, em 2008; “Arte Como Questão/Anos70”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2007; “Manobras Radicais”, no CCBB São Paulo, em 2006; “Um Século de Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, na Pinacoteca do Estado de S.Paulo e no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, ambas em 2006; “Abrigo Poético – Diálogos com Lígia Clark”, no MAC de Niterói, em 2006; “Arte En América Latina (Coleccion Eduardo Constantini)”, no MALBA, em Buenos Aires, em 2001; entre outras.
Participou, ainda, do Salão da Bússola (1969), no MAM Rio; Salão de Verão (1969), no MAM Rio; V Salão de Arte Contemporânea de Campinas (1969), no Museu de Arte Contemporânea de Campinas; XVIII Salão Nacional de Arte Moderna, no Ministério da Educação e Cultura- Rio de Janeiro/RJ (1969); II Salão Esso de Artistas Jovens (1968), no MAM Rio e Representação Brasileira à Bienal de Paris (1969), no MAM Rio.