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setembro 2, 2015
Pierre Verger na Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto
A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar a exposição de Pierre Verger. Depois de realizar em fevereiro deste ano a mostra “O Mensageiro” na unidade de São Paulo, a galeria amplia o conjunto de imagens em uma nova montagem a ser realizada entre 4 setembro e 9 de outubro na unidade de Ribeirão Preto.
Antes de chegar ao Brasil, antes de se debruçar sobre a cultura afro-brasileira, antes de se tornar babalaô, Pierre Verger era, essencialmente, fotógrafo. Um fotógrafo já reconhecido desde antes da Segunda Guerra Mundial e com fotografias publicadas nas mais importantes revistas francesas e internacionais da época, como Life, Vu, Regards e Arts et Métier Graphiques.
Quando sua vida e sua obra caminharam em direção às questões afro-brasileiras, tornou-se um homem do candomblé, publicou intensamente sobre essa temática – notadamente sobre sua matriz religiosa -, fixou residência na Bahia e mergulhou tão profundamente nesse novo viver que foi aos poucos desaparecendo da memória de seus contemporâneos franceses e europeus, ao menos como fotógrafo.
Em 1993, a Revue Noire, das primeiras a destacar a arte africana no mercado ocidental, realizou a grande exposição Pierre Verger, Le Messager, com mostras na Suíça e na França, no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie. Amplamente divulgadas nos meios de comunicação franceses, esse grande evento cultural recolocou Verger no cenário da fotografia em seu país de origem.
No processo de construção dessa exposição e com o objetivo de selecionar imagens para a mostra e para o livro-catálogo, os diretores da Revue Noire vieram até a casa de Verger, na Bahia. Após um minucioso trabalho, desenvolvido em conjunto com o fotógrafo, levaram mais de 300 negativos para Paris, onde realizaram, pela primeira vez, cópias de excelente qualidade. A maioria dessas ampliações foram, então, utilizadas para fazer os fotolitos do livro Le Messager e/ou expostas.
Nessa época, os donos da Revue Noire, aproveitando a presença de Verger em Paris, conseguiram que ele assinasse uma certa quantidade dessas cópias, o que Verger aceitou fazer, embora normalmente não se submetesse a esse tipo de cerimonial. O que realmente importava para Verger – ao contrário de muitos fotógrafos – eram seus negativos, por representarem suas memórias. Na verdade, ele dava pouca importância às ampliações, que não costumava vender e que podia reproduzir quando se fizesse necessário.
Poucos anos depois, em fevereiro de 1996, Verger faleceu na Bahia, deixando esse conjunto único de imagens, que continuou em poder da Revue Noire, em Paris. Essas imagens foram comercializadas na França, até o final do ano de 2000, quando a Fundação adquiriu sua quase totalidade.
(Fundação Pierre Verger)