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junho 25, 2015
Abraham Palatnik na Iberê Camargo, Porto Alegre
AGENDA RS Hoje 02/07 às 19h: Abraham Palatnik @ Fundação Iberê Camargo http://bit.ly/FIC_A-Palatnik
Posted by Canal Contemporâneo on Quinta, 2 de julho de 2015
Fundação Iberê Camargo traz a Porto Alegre retrospectiva do artista Abraham Palatnik, referência mundial da arte cinética
A Reinvenção da Pintura reúne, pela primeira vez na capital gaúcha, 78 obras do artista brasileiro produzidas entre os anos de 1940 a 2000. A mostra ficará em exibição de 2 de julho a 4 de outubro e tem entrada franca.
A Fundação Iberê Camargo traz a Porto Alegre a retrospectiva itinerante do mestre internacional da arte cinética Abraham Palatnik, com curadoria assinada por Pieter Tjabbes e Felipe Scovino. “A Reinvenção da Pintura” vai reunir 78 obras produzidas entre os anos de 1940 e 2000 e poderá ser conferida de 2 de julho a 4 de outubro, de terça a domingo (inclusive feriados), das 12h às 19h (último acesso 18h30min). A exposição traz, pela primeira vez à capital gaúcha, pinturas, desenhos, esculturas, móveis, objetos e estudos do artista brasileiro conhecido por obras que combinam luz e movimento e, muitas vezes, utilizam instalações elétricas.
“A obra de Palatnik caracteriza-se por uma qualidade inegável. Permite não só observar as passagens do moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer uma das primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo, um diálogo cada vez mais presente a partir da metade do século XX. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da escultura modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos cinecromáticos, nos Objetos cinéticos e em suas pinturas, quando passou a promover experiências que implicam uma nova consciência do corpo”, pontuam os curadores no texto de abertura do catálogo da exposição.
Ainda segundo os curadores, a singular contribuição de Palatnik para a história da arte não se dá apenas por sua posição como um dos precursores da chamada arte cinética — caracterizada pelo uso da energia, presente em motores e luzes —, mas também pela leitura particular que faz da pintura e em especial pela articulação que promove entre invenção e experimentação: “Seu lado ‘inventor’ está presente em uma artesania muito particular que o deixa cercado em seu ateliê por porcas, parafusos e ferramentas construídas por ele mesmo e não pelas tintas, imagem característica de um pintor. O crítico de arte Mário Pedrosa e o escritor Rubem Braga já afirmavam, na década de 1950, que Palatnik pintava com a luz”.
“Palatnik dinamizou a arte concreta expandindo-a para além de seu campo usual e integrou-a à vida cotidiana por intermédio do design. Ao longo de sua trajetória, o artista produziu cadeiras, poltronas, ferramentas, jogos e sofás, entre outros objetos. Sua obra habita o mundo de distintas maneiras, apontando para uma formação incessante de novas paisagens e leituras à medida que diminui, desacelera e molda o tempo. Nesta exposição reunimos todos esses momentos da obra extraordinária de Abraham Palatnik. Uma obra que oferece ao público experiências marcantes e solicita, em troca, uma entrega total”, concluem os curadores.
Mais sobre Palatnik - Atualmente o artista, nascido em Natal, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É um pioneiro da arte e da tecnologia em âmbito mundial, ao lado de nomes como Malina, Schöefer e Healey. Seu primeiro aparelho cinecromático, Azul e roxo em primeiro movimento, provocou um estrondo nas tradicionais convenções relacionadas aos suportes da arte discutidas no júri de seleção da 1ª Bienal de São Paulo, em 1951. A peça desconcertante de Palatnik foi incorporada à Bienal e provocou forte impacto na crítica internacional, recebendo um prêmio de menção honrosa. “A verdadeira arte do futuro”, como Mário Pedrosa enfatizou em texto na Tribuna da Imprensa, naquele mesmo ano. Radicado no Rio e à época ligado a artistas como Ivan Serpa, Almir Mavignier e Renina Katz, teve experiências marcantes no Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro, no final dos anos 1940, que o levaram a abandonar a pintura.
O artista continuou a participar de Bienais, como a 32ª Bienal de Veneza, em 1964, ao lado de Mavignier, Volpi e Weissmann, entre outros; além de diversas exposições coletivas de peso, como Arte construtiva no Brasil – Coleção Adolpho Leirner, em 1998 (hoje a coleção pertence ao Museu de Belas Artes de Houston, nos EUA); e da edição inaugural da Bienal do Mercosul, um ano antes. Palatnik tem suas peças em importantes acervos nacionais, como do MAM-SP, do MAC Niterói, do MAM-RJ, do MAC-USP, e internacionais, como do Malba, em Buenos Aires, além de constar em coleções particulares prestigiadas.
Dos Cinecromáticos, passando para os Objetos Cinéticos, as progressões em madeira e poliéster, os desenhos em papel cartão e as progressões e pinturas sobre vidro mais recentes, a obra de Palatnik sempre foi fruto de um olhar primeiro e cuidadoso para o mundo ao seu redor. Doar um novo lugar para as coisas, engendrar poesia na tecnologia e ampliar o horizonte da arte fez deste quase rejeitado artista da primeira Bienal de São Paulo hoje uma referência da história da arte.