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maio 20, 2015
Camila Soato na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro
AGENDA RJ Hoje 22/05 às 18h @ Artur Fidalgo: Camila Soato + Guga Ferraz http://bit.ly/Fidalgo_C-Soato http://bit.ly/Fidalgo_G-Ferraz
Posted by Canal Contemporâneo on Sexta, 22 de maio de 2015
A fuleragem colorida na panela de pressão
Dia 22 de maio, a artista brasiliense Camila Soato abre a exposição Uma Diva, Uma Louca, Uma Macumbeira/ Meu deus, ela é Demais, na Artur Fidalgo galeria. Apresenta 50 pinturas inéditas em tamanhos variados, nas quais cenas esdrúxulas tiram o véu do nonsense político e social em que vivemos.
Com uma narrativa maliciosa e inusitada, Camila penetra na complexidade do que parece banal. Escracha para desmascarar contradições morais através de cenas corriqueiras. Seu autorretrato surge em situações bizarras, ora com máscaras de bichos, ao lado de galões de água, devorando uma coxinha gigante, tirando um selfie com celular durante uma transa, próxima a panelas de pressão, em temas do universo feminista, da macumba e da fantasia. "O uso das máscaras de bichos surgiu como um passaporte para extravasar o impulso animal, desejos que muitas vezes são reprimidos mas existem", conta.
Em um comentário à história da arte, Camila se apropria de alguns retratos clássicos de Louis XV e e da nobreza os introduzindo como travestis. "Para mim, eles já eram travestis". Na maior tela da exposição, ela faz referência ao polêmico e sugestivo "Almoço na Relva" (1863), de Édouard Manet, que foi mal-aceito por mostrar uma mulher nua almoçando com dois homens no bosque. Camila também fala de prostituição e insere elementos da crise política, social e ambiental atual.
Sua crítica debochada constrói um embate de valores entre aquilo que consideramos nobre e vulgar. A imponência da pintura a óleo figurativa contrasta com a fuleragem de sua polifonia imagética, o suporte e aura das telas colidem com a violência e humor das situações retratadas, a potência de suas pinceladas divide espaço com borrões e manchas. "Me aproprio também de um desleixo ou um erro como uma heresia pictórica".
As cenas, quase sempre em movimento, são ao mesmo tempo prosaicas e inesperadas, sem tentar esconder qualquer sujeira ou imperfeição. Estouram sobre o fundo neutro decorativo como flagras instantâneos das nossas idiossincrasias morais. São delírios de uma diva, uma louca, uma macumbeira em uma sociedade em crise.