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novembro 18, 2014
Eu represento os artistas, Revisited na Luisa Strina, São Paulo
Para concluir as comemorações do seu 40º aniversário, a Galeria Luisa Strina apresenta Eu represento os artistas, Revisited, exposição coletiva que analisa a riqueza e singularidade da história da galeria – a primeira galeria de arte contemporânea de São Paulo e catalisadora cultural no Brasil nos últimos 40 anos. A programação do ano ilustrou o compromisso assumido pela galeria, ao qual se dedica desde sua abertura. O ano de 2014 teve início com a exposição coletiva Secret Codes, seguida das individuais de Renata Lucas, Fernanda Gomes, Muntadas e Cildo Meireles, a primeira exposição na galeria da renomada artista Anna Maria Maiolino, e projetos de Bernardo Ortiz, Clarissa Tossin, Lawrence Weiner e Magdalena Jitrik.
Eu represento os artistas, Revisited revela um olhar pessoal e intimista da história da galeria ao longo dos últimos 40 anos. Não é uma retrospectiva, mas sim uma trajetória dos momentos decisivos nessa história, reunindo um grupo diversificado de artistas iniciantes, em meio de carreira e consolidados que utilizam uma ampla variedade conceitual de suportes. Desde o início, a galeria foi reconhecida por sua abordagem não convencional, criando e empoderando diversas comunidades. A exposição examinará os diferentes caminhos percorridos pelos artistas ligados à galeria. Foram selecionadas importantes obras que refletem a personalidade da galeria e exploram onde poderiam ser traçadas as linhas do tempo, a influência e a inspiração artística ou aonde, em última instância, elas poderiam levar.
Algumas obras-chave na exposição são um retrato de Luisa Strina, feito por Wesley Duke Lee, e um painel de madeira de Luiz Paulo Baravelli. Essas obras ilustram as origens da galeria, que teve início no ateliê de Baravelli em 1974 quando um grupo de artistas escolheu uma pessoa para representá-los. Esse foi o começo da galeria, com a ideia de abrir-se para o mundo, o ecletismo de gostos que permitiu aos artistas expressarem seus próprios pontos de vista e que, em tempos difíceis, manter sua voz.
Cada uma das gerações de artistas foi incluída na exposição. Leonilson, Leda Catunda, Caetano de Almeida e Edgard de Souza ilustram uma importante transição para a galeria já que todos eles frequentaram a FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), faculdade de artes em que Nelson Leirner, Regina Silveira e Julio Plaza foram professores nos anos 1980. Isso reflete um período significativo no Brasil, em que o início de uma educação mais formal culminou com o fim do regime militar. Foi um período interessante em termos de discussão sobre arte, pois o interesse na não materialização da arte e na utilização de ready-mades contradizia aqueles que apoiavam o retorno da pintura. Essas contradições incentivaram a diversificação da arte contemporânea no Brasil.
Antonio Dias, representado pela galeria por quase 30 anos, apresentará a instalação Quarto de Carne com Anima, realizada para o espaço original da galeria em 1996, em que as paredes da galeria foram cobertas com papel que reproduzia a pele do artista. Nelson Leirner, figura central da arte contemporânea brasileira e um dos primeiros artistas a expor na galeria, apresentará um trabalho da série Uma Linha Dura…Não Dura, parte de uma exposição/performance de 1978. Essa é uma obra fundamental na exposição, demonstrando o compromisso da galeria com suportes formais, tais como o desenho e a serigrafia, que termina com uma intervenção solitária do artista.
Cildo Meireles apresentará um dos seus primeiros trabalhos expostos na galeria, Obscura Luz (1982), escultura que explora a ideia de percepção a partir de uma perspectiva política. Meireles é o artista representado pela galeria há mais tempo, de 1983 até a presente data, o que torna sua inclusão na exposição essencial.
Juan Araujo, artista venezuelano representado pela galeria há sete anos, criou uma série especial de pinturas baseadas em fotografias e documentação da galeria de 1974. Algumas dessas obras ilustram a primeira exposição da galeria em 17 de dezembro de 1974. Esse é um grande exemplo de como a nova geração é estimulada pelo passado, com uma abordagem respeitosa, inspirada e convincente. Araujo também produziu uma nova versão de um cartaz da série Uma Linha Dura…Não Dura de Nelson Leirner, reinterpretando e ampliando seu elemento performativo.
Como parte da comemoração dos seus 40 anos, a mostra também apresentará uma série de documentos históricos do arquivo da galeria. Essa parte da exposição será organizada em colaboração com Luisa Strina e reunirá artistas como Milton Machado, Waltercio Caldas, Jorge Guinle, Tunga e outros.
Todos os artistas apresentados em Eu represento os artistas, Revisited fazem ou fizeram, em algum momento, parte da programação da galeria. A lista completa dos artistas que participarão da exposição principal é a seguinte: Caetano de Almeida, Juan Araujo, Tonico Lemos Auad, Luiz Paulo Baravelli, Leda Catunda, Alexandre da Cunha, Antonio Dias, Wesley Duke Lee, Marcius Galan, Fernanda Gomes, Nelson Leirner, Leonilson, Dora Longo Bahia, Mateo López, Marepe, Marcellvs L., Cildo Meireles, Antoni Muntadas, Regina Silveira, Mira Schendel, Edgard de Souza.
Sobre a curadora
Fernanda Arruda é curadora independente e consultora de arte estabelecida em Nova York. Realizou a curadoria de exposições em espaços como Apex Art, Eleven Rivington, Anton Kern Gallery, The Moore Space, entre outros. Também escreve textos para catálogos e para a imprensa especializada em artes. Atualmente, trabalha como consultora especializada em arte brasileira para alguns projetos, e também atua como consultora de curadoria em Inhotim há quase 10 anos.