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setembro 7, 2014

Liuba na Marcelo Guarnieri, São Paulo

A Galeria Marcelo Guarnieri – São Paulo apresenta entre os dias 6 de setembro e 18 de outubro a exposição da artista Liuba. Nascida na Bulgária em 1923, radicada no Brasil na década de 50 e falecida na cidade de São Paulo em 2005, a produção artística de Liuba dividiu-se nas três cidades em que residiu e estudou: Paris, Zurique e São Paulo.

A mostra exibe um conjunto de obras produzidas a partir da década de 50 até os anos 1970, porém o foco de interesse da exposição se mantém na série realizada no decorrer dos anos 1960. No período compreendido há uma mudança formal significativa em sua produção. Se nos anos anteriores seus trabalhos partiam de uma representação mais tradicional da figura humana: cabeças em bronze e gesso, nos anos posteriores essa mudança é marcada por uma transição entre a figuração e a abstração. Como observa a própria artista: “Para mim, eles são animais. Mas eu não posso explicar de onde eles vêm – deve ser do meu subconsciente”(1), suas formas, mesmo que reconhecíveis, são de fato uma simbiose entre vegetal e animal.

Nas peças há uma certa tensão, as figuras estão a ponto de realizarem algum movimento, que sempre é abruptamente interrompido por sua condição estática, a base está lá, dando o peso de sua circunstância física e histórica. A aparência robusta e a monumentalidade são atributos os quais a artista articula habilmente não importando o tamanho da peça: pequena, grande ou muito grande. As esculturas não têm apenas uma constituição totêmica (Liuba e seu marido Ernesto Wolf mantinham um grande interesse por arte e artefatos africanos), mas suas formas remetem à culturas ancestrais e arcaicas, “até as mais abstratas e simplistas esculturas mantêm algo do bestiário ancestral”, como escreveu Antônio Gonçalves Filho(2). Os animais de Liuba são pontiagudos, ocupam mais espaço do que lhes é dado, transbordam em pontas. A carga dramática quase é ouvida pela boca que se abre em forma de alicate, ou ferramenta de trabalho, sugerindo um grito ou o abocanhar de um predador.

Durante a formação da artista, a escultora francesa Germaine Richier foi de fundamental importância no desenvolvimento do processo escultórico de Liuba. De 1944 a 1949, teve aulas com ela em Paris e posteriormente em Zurique, trabalhando inclusive junto a Richier neste segundo país que fixou residência. O que aproxima ambas as artistas pode ser melhor entendido nos anos 60, as figuras-animais-vegetais possuem uma certa semelhança com as formas escultóricas executadas por Richier. Liuba segue com a mesma técnica utilizada por Germaine na tradição da escultura clássica: o processo de trabalho inicia com a modelagem da figura em argila e utilizando a técnica tradicional de molde em cera perdida, o original em argila é fielmente reproduzido em gesso. A peça em gesso é trabalhada novamente pela artista em sua superfície até obter o efeito tátil que ela procurava: “rústico em algumas partes, liso em outras”(3), como definia. À partir daí ela supervisionava pessoalmente a fundição das peças em bronze e tomava extremo cuidado com o acabamento em pátina preta ou marrom obtida com o tratamento com ácidos.

A exposição apresentada pela galeria procura reproduzir o interior do atelier paulista onde esteve preservado parte de seu acervo e a memória do processo de criação e execução de suas esculturas. Somadas às peças, três desenhos de estudos e alguns originais em gesso, bem como também o mobiliário, bancadas de trabalho, bases e ferramentas que ela utilizava. A disposição das peças procura reproduzir as condições em que se encontravam originalmente no atelier, evidenciando portanto as relações que a artista estabelecia entre as obras durante o processo de criação, na intimidade do seu espaço de trabalho.

Além dos trabalhos de Liuba, é exibido o ensaio visual homônimo realizado por Luana Capobianco e Gabriela Greeb. De caráter intimista, o filme mostra parte das suas esculturas, materiais utilizados na execução das peças e seus ateliers de São Paulo e Paris.

NOTAS
(1) Fala da artista no livro de Sam Hunter – “Liuba: At the Edge of Abstraction”. “To me, they are animals. But I can’t explain where day come from – it must be from my subconscious”.
(2) Antônio Gonçalves Filho – “Em estado puro” in Liuba: Esculturas; Relevos; Desenhos; Jóias, catálogo da exposição, São Paulo, Pinacoteca do Estado, 1996.
(3) Fala da artista no livro de Sam Hunter – “Liuba: At the Edge of Abstraction”. “…rough in some places, smooth in some places”.

SOBRE A ARTISTA

Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba ingressa em 1943 na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. De 1944 a 1949 estuda com a escultura francesa Germaine Richier, a princípio na Suíça e em seguida em Paris, onde passa a viver e trabalhar em 1946. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta atelier também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suíça. Falece em São Paulo em 2005.

Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se nas seguintes instituições: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965; Museu Nacional de Arte Moderna de Paris, 1967; Museu de Saint Paul de Vence na França, 1968; Hakone Open Air Museum no Japão, 1985; Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1996. Participou anualmente do Salon de la Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979; do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963; da Bienal Internacional de São Paulo nos anos 1963, 1965, 1967 e 1973; e de diversas edições do Panorama de Arte Atual Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo no período de 1970 a 1985. Suas obras integram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de la Sculpture en Plein Air de la Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, da Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília.

Posted by Patricia Canetti at 12:53 PM