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setembro 6, 2014
Daniel Lannes na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
Com pinturas que versam sobre a figura humana e a tradição do retrato, o artista plástico Daniel Lannes ocupa os três andares da Luciana Caravello Arte Contemporânea, em Ipanema, a partir de 5 de setembro, com a exposição “Costumes” que tem curadoria de Bernardo Mosqueira.
São obras que mesclam cenas cotidianas, pessoas próximas do artista e revistas de moda dos séculos XIX e XX, negociando os arquétipos do retrato artístico às mutações transgêneras pelas quais o corpo humano passa na contemporaneidade.
No primeiro andar estarão sete pinturas de grandes formatos, algumas exibindo corpos de homens vestidos em indumentárias vitorianas, através das quais transparecem alguns de seus traços masculinos, como braços e rostos – parte dos modelos são amigos do artista.
No segundo andar, aparecem também retratos, em telas menores e no terceiro, três telas grandes narram vivências domésticas. Em uma delas nota-se menção a obras clássicas da arte brasileira, como o quadro “Família de fuzileiros”, - originalmente de Guignard -que junta a imagem do retrato oficial de casamento do príncipe William e Kate Middleton à uma imagem a la Guignard na parede, ou seja, um casamento real em terreno tropical.
Daniel Lannes confessa ter fascinação pela figura humana e foi isso que o motivou a pintar essa série que agora expõe na Galeria Luciana Caravello. “Acho o corpo, os rostos, as expressões, das coisas mais mágicas que existem. E a arte desde a sua essência busca capturar essa fascinação pelo ser humano. Colocar as vestimentas, os costumes sobre corpos também me motiva. Há quadros em que o tema é praticamente o vestido de uma mulher. Tenho obsessão pelos cortes, dobras, estampas, etc.”
Se a pintura de Daniel pode reverberar uma certa ironia em alguns momentos, essa não é a intenção do artista. Ele diz que, mesmo quando há ironia, há também uma veneração pelo objeto/cena ali apresentado. Ou seja, para ele, a ironia vem sendo acompanhada de uma admiração. “E a negociação dessas duas instâncias é que cria, ou não, a potência do trabalho, da pintura.”
Daniel é, antes de tudo, um observador de seu entorno. Esse é o seu processo de criação: curiosidade por cenas aparentemente ordinárias, compulsão por adquirir livros e revistas de arte – ele escolheu as imagens dessa mostra em revistas vitorianas e francesas do final do século XIX e em seu banco pessoal de imagens, de onde também tirou as fotos dos amigos. Histórias, “sejam elas verdadeiras ou não”, também servem de inspiração para o artista. “E depois orquestro tudo isso no atelier, através de um período de produção/contemplação dos trabalhos produzidos.”