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agosto 31, 2014
Lançamento do livro de Celeida Tostes na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Será lançado, no próximo dia 2 de setembro, às 19h, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o livro Celeida Tostes. Obra de referência, organizada pelo curador e crítico de arte Marcus de Lontra Costa e pela jornalista Raquel Silva com a consultoria do artista Luiz Aquila. É a primeira publicação sobre a artista, uma das mais produtivas dos anos 80, professora da EAV Parque Lage e da Escola de Belas Artes da UFRJ, marcou profundamente seus alunos e colegas e inspirou a geração de artistas que veio a público em meados da década de 1980, chamada Geração 80.
Projeto contemplado com Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais 2010 da Funarte, o livro Celeida Tostes apresenta um apanhado completo da trajetória da artista e sua produção. Luiz Áquila convidou os artistas Jorge Emmanuel e Ricardo Ventura, artistas contemporâneos que foram alunos de Celeida, para uma conversa informal e a registrou em seu relato Celeida Tostes: dama e operária à espreita da mutação; em dois textos distintos: Da lama ao caos, do caos à lama e Celeida Tostes, a essencia alquímica, os críticos Daniela Name e Marcus Lontra discorrem e analisam o trabalho da artista e sua fundamental importância para a história e reflexão da arte contemporânea. A artista e pesquisadora Katia Gorini, aluna e sucessora de Celeida na UFRJ (Katia atua desde a década de 1990 como professora substituta de cerâmica na EBA e em 2012, através de concurso, assumiu o cargo de titular da cadeira) narra em seu texto Celedianas: metodologias para os devaneios da condição manipulante, a experiência em sala de aula e os projetos sensorias desenvolvidos pela artista. Raquel Silva em Breve neste local: Fabrica de Chapéus Mangueira refaz todo o percurso de Celeida ao implantar uma escola de arte no alto da favela no Leme e seus desdobramentos até hoje na comunidade. A jornalista também assina junto com a antropóloga Izabel Ferreira uma biografia ilustrada com uma cuidadosa pesquisa iconografica dos 40 anos de trajetória artística de Celeida. A edição contém ainda o registro fotográfico de todas as obras e projetos da artista, destacando-se o registro completo da obra Passagem, textos críticos da época selecionados e um DVD com os vídeos “O relicário de Celeida Tostes” de Raquel Silva e “A grande batata” de Lia do Rio.
Passagem, a surpreendente performance realizada no final dos anos 70, registrada pelo fotógrafo e antropólogo Henri Stahl, permanece contemporânea, como se realizada nos dias de hoje. As instalações Aldeia Funarius Rufus (1981), O Muro (1982) e Gesto Arcaico (1991), são apresentados com o frescor do século XXI, com questionamentos e atuação social de vanguarda para a época. Gesto Arcaico, instalação apresentada na 21ª Bienal Internacional de São Paulo, foi feita em mutirões, no qual Celeida reuniu gentes de todas as classes e lugares, “centenas de mãos se identificaram no gesto, só um aperto, um toque um amassado... a ação reflexa da mão quando recebe em seu bojo o barro macio”. Participaram da instalação: presidiários, meninos de rua, doutores da Coppe, socialites, empregadas domésticas, transeuntes, artistas, estudantes, em uma proposta conceitual inovadora.
Suas obras monumentais inovam na técnica e nos materiais – barro, adobe e solo-cimento – o que, segundo Marcus de Lontra Costa, um dos organizadores da publicação e diretor da EAV Parque Lage entre 1983/1987 “a opção pela matéria não surge pela sua plasticidade e sim por sua característica essencial e tecnologia primeva. A matéria que nomeia o lugar onde vivemos recebe os impulsos do homem que recria a natureza: ele molha, amassa, molda, sopra, respira, queima. E assim cria e recria um outro corpo, quem sabe o mesmo corpo transformado, que se repete, que cai, que quebra, que se derrete, que se constrói.”
A edição de 360 páginas, três mil exemplares, papel couché matt e capa dura, é bilingue e terá distribuição gratuita para centros culturais, escolas de arte e bibliotecas do Brasil e exterior. A obra tem o selo da editora Aeroplano, de Heloisa Buarque de Hollanda e foi executada pela produtora Memória Visual.