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agosto 31, 2014
Paulo Bruscky no MAM, São Paulo
MAM apresenta mostra panorâmica do artista Multimídia Paulo Bruscky
Com curadoria de Felipe Chaimovich, exposição trazperformances inéditas, instalações, esculturas, fotografias, arte postal, vídeos e documentos
De 1º de setembro a 14 de dezembro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo realiza exposição panorâmica de um brasileiro de grande destaque no circuito artístico internacional, o artista multimídia e poeta pernambucano Paulo Bruscky. Apresentada na sala Paulo Figueiredo, a mostra tem curadoria de Felipe Chaimovich, curador do MAM, e conta com 50 trabalhos, entre performances, instalações, esculturas, fotografias, arte postal, filmes e documentos, que vão desde a década de 1960 até os dias atuais, com obras ainda em fase de produção.
O homenageado é reconhecido pelas obras que se caracterizam pela constante experimentação de meios ao utilizar suportes efêmeros como xerox, fax, papéis de carta,carimbos, envelopes, jornais, documentos e heliografias. Precursor da arte postal e xerográfica no Brasil, Bruscky enviou ao MAM várias fotocópias e cartões postais ao longo dos anos que foram arquivados na documentação da biblioteca. Todo o acervo do museu do artista, incluindo esses documentos, são exibidos na mostra.
Para criar um amplo discurso visual, Paulo Brusckyutiliza diversas linguagens como fotografia, vídeo, colagem, desenho e assemblage.O artista ainda promove a interação com máquinas eletrônicas e da cultura industrial - como máquinas de xerox, fax, telefones, filmadoras, câmeras fotográficas, aparelhos de encefalograma e eletrocardiograma - e, assim, cultiva praticas novas na criação de imagens.
Nascido em 1949, em Recife, onde reside e produz, Bruscky é reconhecido por ser um artista conceitual, mas que não fica apenas no pensamento, pois preocupa-se com a materialização das ideias. “Por mais conceitual que ele seja, a realização da obra não é secundária, pois sempre tem a intenção de concretizar as ideias”, explica Chaimovich. Para isso, Bruscky conta com vários Cadernos de Ideias, onde anota os trabalhos que deseja realizar. O MAM apresenta quatro destes cadernos, além de materializar algumas das obras idealizadas. “Bruscky pode demorar anos até que uma instrução manuscrita seja realizada, e o museu terá a oportunidade de fazer algumas delas, inclusive durante a abertura da mostra”, afirma o curador.
A exposição reúne projetos e ações do artista, sendo algumas contínuas e outras instantâneas,mas que permanecerão como registro em vídeo durante a mostra.Na noite da abertura, haverá três performances, sendo duas inéditas, e a instalação Fogueira de Gelo(1974-2014), composta por gelo natural e colorido com sabor, posicionada na porta de entrada do público, do lado de fora do museu, para quem quiser provar. A primeira performance A Plateia(Paulo Hitchcock) (2014) será realizada no Auditório Lina Bo Bardi, nas dependências do museu. Com a presença do público da abertura, Paulo Bruscky participa e dirige o filme ao mesmo tempo, por meio de uma câmera fixa que filma a plateia e, simultaneamente, projetaas imagens numa tela, promovendo uma homenagem ao cineasta inglês Alfred Hitchcock.
Outra performance inédita é Meu cérebro desenha assim (1979-2014) em que equipamentos de eletroencefalograma, operados ao vivo por um neurologista e um técnico, farão o exame no artista, mostrando como funciona a mente de Brusky. O registro em vídeo do exame passará em uma TV na mostra, e os resultados serão expostos nas paredes. Penas de Galinha (dec.60), a última da noite, é uma performance coletiva, com duração de 15 a 20 minutos, composta por penas de galinha coloridas e ventiladores. Cada pessoa que entrar na sala receberá um saquinho com as penas e deverá jogá-las na área coberta pelos ventiladores.
Diferentes ações serão executadas no decorrer da mostra. Na performance Vendedor de comida do Ibirapuera (1974-2014), um ambulante do parque exercerá as funções dentro da exposição, vendendo salgadinhos durante o período expositivo. Carregadores de espelho (déc. 70), queacontece no dia 6 de setembro (sábado), com a presença do artista, consiste em oito pessoas vestidas com macacão de trabalhador, portando espelhos (de 1mx0,40m) e caminhando em fila nos arredores do museu, da marquise e do prédio da Bienal, interagindo e refletindo o público do parque. Os projetos detalhados de todas as performances e esboços originais de muitos projetos serão expostos na vitrine Banco de Ideias, junto com os Cadernos de Ideias.
“O museu recebeu instruções bem específicas do artista para a montagem das obras, entre elas uma especial para a instalação Expediente(1978-2005), em queum funcionário do MAM deve cumprir expediente regular, ao vivo, na sala expositiva como se fosse uma obra de arte”, afirma o curador.Arte Classificada (2014) é um anúncio veiculado no dia da abertura num jornal popular, distribuído gratuitamente pela cidade, dando uma pista, mas sem noticiar a exposição. “Além dos trabalhos que contam com a participação de pessoas e chamam a atenção do público, temos o Quadro de Aviso/Work in Progress, que consiste num mural de cortiça que receberá obras pelo correio, pela internet, por pessoas e afixadas pessoalmente pelo artista, que mandará o material das mais variadas formas até o final da exposição,” declara Chaimovich.