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agosto 30, 2014

Yuri Firmeza na Triângulo, São Paulo

Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Projeto Ruinas, nova exposição de Yuri Firmeza na galeria.

[scroll down for English version]

Projeto Ruínas cria um diálogo direto com a obra que Yuri Firmeza irá mostrar na 31ª Bienal de São Paulo: Como falar de coisas que não existem.

Em Turvações Estratigráficas, Firmeza iniciou uma linha de investigação arqueológica, tendo como ponto de partida as obras na área portuária do Rio de Janeiro, o que o levou a interpretar criticamente as recentes mudanças nas políticas fundiárias e a gentrificação, e as consequências desses processos nas políticas de habitação das grandes cidades. Em sua instalação, Firmeza apropriou-se de restos arqueológicos, descobertos durante a reforma da zona portuária do Rio de Janeiro, bem como de entulhos da favela Morro da Providência. Utilizou-os em conjunto com fotografias antigas, vídeos otimistas sobre o Brasil e um vídeo sobre a história de sua avó – que sofre do Mal de Alzheimer –, para chamar atenção sobre o papel que a cultura desempenha nesse contexto.

Assim, a exposição no MAR - Museu de Arte do Rio, em 2013, revelou a necessidade da participação social direta na definição daquilo que vem a ser o patrimônio arqueológico, como recuperá-lo e renová-lo em dinâmicas e atividades públicas. Como Rafael Borges Deminicis colocou, em Turvações Estratigráficas: “Firmeza criou um campo da arqueologia novo e socialmente relevante: a Arqueologia da Favela”.

No Projeto Ruínas, Yuri Firmeza aborda o crescimento das metrópoles, usando o caso da cidade de Alcântara, no Nordeste do Brasil, como ponto de partida. Com a notícia de que o Imperador do Brasil Dom Pedro II desembarcaria em Alcântara, uma forte rivalidade estabeleceu-se entre os aristocratas, que começaram a construir mansões palacianas para hospedar o imperador. A disputa foi em vão, pois Dom Pedro II jamais pisou naquelas terras. A suspensão das construções e a passagem do tempo transformaram a cidade em um cenário de ruínas centenárias. A Festa do Divino Espírito Santo é realizada ainda hoje na região, como uma celebração do momento rico que Alcântara viveu e, por quinze dias, a população ainda se veste como a nobreza do Brasil monárquico.

Paradoxalmente, é também em Alcântara que se encontra o Centro de Lançamento de Alcântara (base de lançamento de foguetes), o que torna a cidade um importante centro de estudos científicos sobre o futuro da humanidade. Em Alcântara, um passado ancestral convive com as aspirações mais avançadas de um futuro, e o Projeto Ruínas explora essa justaposição.

Juntamente com o arquiteto Artur Cordeiro, Yuri Firmeza desenvolveu três modelos de ruínas, em escala arquitetônica. Assim, ele inverte, metaforicamente, o progresso dos grandes centros urbanos: cria maquetes em pequeno formato de ruínas matematicamente calculadas. Para o artista, quando se trata de ruínas, o material equivale à memória. Presente, passado e futuro participam de outro fluxo temporal, que escapa à linearidade da evolução histórica.

Além das maquetes, Firmeza apresenta vários desenhos arquitetônicos dos modelos, fotografias sobrepostas das ruínas, stills de um filme esmaecido 16 mm de sua avó e um vídeo que anuncia as qualidades do Brasil como anfitrião da Copa do Mundo 2014, compondo uma rede flutuante de temporalidades históricas, políticas e sociais que se entrecruzam e nos atravessam, com o objetivo de produzir um encontro entre vários estratos temporais. Apontando para essas camadas, Yuri Firmeza deixa duas perguntas no ar: o que estamos produzindo em termos de ruínas – em nome do progresso e de cidades idílicas e utópicas – para a posteridade? Tornou-se o presente desarticulado em prol do futuro?

[ENGLISH]

Casa Triângulo is pleased to announce Ruin Project, new exhibition of Yuri Firmeza at the gallery.

Ruins Project creates a direct dialogue with the work that Yuri Firmeza will show at the 31th Bienal de São Paulo: How to talk about things that don’t exist.

On Turvações Estratigráficas, Firmeza began this archaeological line of research by taking the urban developments in the Rio de Janeiro port area as a starting point. These events led the artist to interpret critically not only the recent shifts in land policies and gentrification, but also the consequences of these processes in the housing policies of big cities. In his installation, Firmeza appropriated the archaeological remains discovered during the renovation of Rio’s port area as well as the debris of the Favela Morro da Providência, and used them together with old photographs and videos to shed light on the role that culture plays in this context.

Thus, his exhibition at MAR - Museu de Arte do Rio, in 2013, revealed the need of direct social participation in the definition of what archaeological heritage is, how to recover it, and how to rework it into public dynamics and activities. As Rafael Borges Deminicis put it, in Turvações Estratigráficas, “Firmeza created a new and socially relevant field of archaeology: the Archaeology of the Favela.”

On Ruins Project, Yuri Firmeza addresses the rise of the metropolis, taking the case of the city of Alcântara, in Northeastern Brazil, as starting point. With the news that the Emperor of Brazil Dom Pedro II would come ashore in Alcântara, a strong rivalry set in among the aristocrats, who began to construct palatial mansions to host the emperor. The dispute was in vain because Dom Pedro II never arrived in those lands. The suspension of the constructions and the passage of time transformed the city into a scene of centenary ruins. The festival of Divino Espírito Santo is held yet today in the region as a celebration of the wealthy moment that Alcântara experienced and, for fifteen days, the population still dresses up like the nobility of the monarchical Brazil.

Paradoxically, it is also in Alcântara that one finds an important Satellite and Rocket Launch Center, which deems the city an important center of scientific studies concerning the future of humanity. In Alcântara, an ancestral past gets along with the most advanced aspirations of a future, and Ruins Project explores this juxtaposition.

Together with architect Artur Cordeiro, Yuri Firmeza developed three architectural scale models of ruins. Thus, he metaphorically inverts the progress of the great urban centers: he creates small-scale mock-ups of mathematically calculated ruins. For the artist, when it comes to dealing with ruins, material equals memory. Present, past, and future participate in another temporal flow that escapes the linearity of historic developments.

Firmeza also presents several architectural drawings of the mock-up models, superimposed photographs of the ruins, stills from a fading 16 mm film of his grandmother, who suffers from Alzheimer’s disease, and a video that boasts the qualities of Brazil as the host of the 2014 FIFA World Cup. All these materials compose a fluctuating network of historical, political, and social temporalities that cross each other and cross us, aiming to produce an encounter between various temporal strata. With the staging of the layers, Yuri Firmeza leaves two questions in the air: What are we producing in terms of ruins - in the name of progress and of idyllic, utopian cities - in the time to come? Has the present become disjointed for the sake of a future?

Posted by Patricia Canetti at 2:08 PM