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julho 1, 2014
Vânia Mignone + René Francisco Rodríguez na Casa Daros, Rio de Janeiro
Encerrando a temporada dedicada à pintura na Casa Daros, a exposição reúne 25 obras da brasileira Vânia Mignone e do cubano René Francisco Rodríguez
A Casa Daros apresenta a partir 5 de julho de 2014 a exposição “Vânia Mignone + René Francisco Rodríguez – Pinturas”, com curadoria de Hans-Michael Herzog, que reúne 25 trabalhos dos dois artistas.
René Francisco Rodríguez, nascido em 1960, em Holguín, Cuba, é um dos expoentes da arte contemporânea em seu país, com projeção internacional, e uma reconhecida atividade como professor. Participou da 26° Bienal de São Paulo, em 2004, da Bienal de Veneza, em 1999 e 2007, da Segunda Bienal de Arte Contemporânea de Tessalônica, Grécia, em 2009, e de duas edições Bienal de Havana, em 1997 e 2000.
Vânia Mignone nasceu em 1967, em Campinas, São Paulo. Entre suas principais mostras, estão a 25ª Bienal de São Paulo, em 2002, “20 anos de Programa de Exposições”, no Centro Cultural São Paulo, “Se a pintura morreu o MAM é um céu!”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ambas em 2010, “Brazil: Moving Horizons, The UBS Art Collection – 1960s to the Present Day”, no National Art Museum of China, em Pequim, em 2008, “Contraditório – Panorama de Arte Brasileira”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2007. No momento faz uma mostra panorâmica no MAC USP, em São Paulo, até 30 de novembro próximo.
A exposição encerra a temporada dedicada à pintura na Casa Daros, que tem como âncora “Fabian Marcaccio – Paintant Stories”, em cartaz até 10 de agosto próximo.
Hans-Michael Herzog destaca que os trabalhos expostos vão mostrar uma “pintura mais gráfica, com o uso de palavras. Os trabalhos de René Francisco são irônicos e remetem à propaganda cubana, dentro do realismo socialista. Os de Vânia Mignone também usam conceitos de imagens da publicidade, e abordam o universo feminino, “em uma variação mais poética”.
PLACAS DE SINALIZAÇÃO
Vânia Mignone diz que seu trabalho “tem muito de cartazes publicitários, placas de sinalização, que eu adoro”. “E, se me perguntarem, vou dizer que nem considero meus trabalhos propriamente quadros, considero placas. Eu acho essa coisa do quadro na parede um pouco demais, eu nunca quis isso”. Ela conta que fica “muito contente” ao ouvir comentários que comparam seu trabalho à fotografia. “Minha pintura tem uma visão, um ângulo, pega situações ou cenas muito mais ligadas à fotografia e ao cinema do que a uma técnica de modelos posando ou alguma construção mais tradicional da imagem”, observa.
“Gosto da pintura, porque ela tem essa proximidade muito grande com o espectador, que vai ver onde tem mais tinta, onde a mão estava mais pesada, o que foi rabiscado, cortado”. Vânia Mignone destaca que há um aspecto importante: “É que no âmago de meu trabalho esteja claro que ele foi feito no Brasil”. “É uma obra brasileira, foi feita aqui e eu gosto que ela mostre isso, não por meios óbvios. Eu moro em Campinas, onde não temos grandes exposições, pois elas estão em São Paulo. Mas, se você consegue fazer um bom trabalho aqui, dentro de suas influências e possibilidades, ele vai ser tão bom quanto uma pessoa que está morando em Nova York. Se a arte é boa, ela alcança o mesmo patamar que todo mundo”.
Para René Francisco Rodríguez, a pintura é ”um meio que sempre vai existir”. “E é justamente esse seu mistério o que a torna fascinante em relação a qualquer outro tipo de arte. É algo que é muito, muito velho, mas é tão vivo que parece até novo. Quero dizer, foi tão esquecida que se assemelha a um descobrimento; cada vez que voltamos a ensinar e falar de pintura, nos surpreendemos novamente”.
Ele afirma que a pintura “é uma espécie de janela que muda seu significante a cada época”. “Houve um momento, por exemplo, em que a pintura era uma janela para Deus. Além disso, todas as formas de arte lidam com a questão da representação, e quem instituiu esse problema para sempre foi a pintura”. “Para mim, pintar é um momento de reclusão, um regresso à memória e à análise. Entro no ateliê e me interno, vivo uma espécie de ‘incomunicação’, pois é um período em que você se volta para si, quer acalmar-se, olhar seus objetos, seu trabalho, suas recordações. Ou seja, há um retorno ao passado. De certa forma, para mim, pintar é como escrever, fazer literatura. O ateliê é, para mim, como um hospital, onde você se cura”, diz.
Sobre a temporada de pintura, que teve ainda as exposições “Luiz Zerbini – Pinturas” e “Guillermo Kuitca + Eduardo Berliner – Pinturas”, Hans-Michael Herzog observa que não pretendeu esgotar o assunto, nem abranger toda a pintura atual, e sim mostrar “diferentes tipos de pintura existentes na atualidade, como um relance, uma olhadela”.
PROGRAMA MERIDIANOS
No dia 3 de julho de 2014, às 17h, os artistas Vânia Mignone e René Francisco Rodríguez vão falar sobre trajetória, com mediação do curador Hans-Michael Herzog. O evento será realizado no auditório da instituição com entrada gratuita, mediante distribuição de senhas uma hora antes.