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junho 25, 2014
Angélica Teuta + Pedro Hurpia na Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto
A artista colombiana Angélica Teuta apresenta a sua primeira exposição individual na galeria, sob o título "E tudo o que resta é uma pedra para sentar", exibe duas séries de trabalhos: "Decoração para espaços claustrofóbicos", uma pesquisa realizada desde 2009 e "Arquitetura Emocional", sua mais recente investigação. Em "Decoração para espaços claustrofóbicos”, a artista cria paisagens a partir de uma visão interna de edificações, são construções realizadas com retroprojetores de acetato, papel recortado, transparências, pequenos motores e ventiladores. Junto a esses trabalhos, Angélica exibe "Arquitetura Emocional", ilhas construídas como mobiliários que servem para passar o tempo e descansar, utilizando para isso bancos de madeira em formato de pedras, tapetes e um chão com a mesma pintura utilizada em lousas escolares, deixando ao público a possibilidade de desenvolver desenhos no piso das plataformas de descanso. Ambas as investigações fazem referência a momentos de pausa, como olhar para a paisagem através de uma janela (mesmo que essa seja construída apenas com silhuetas de papel recortado) ou ter a possibilidade de sentar e contemplar o lugar que se está. Junto aos trabalhos é possível escutar uma peça sonora desenvolvida pela artista em parceria com a artista mexicana Valeria Jonard, os sons criam um outro nível de percepção para o lugar - vozes humanas imitando sons da natureza e alguns contos que podem ser escutados nos espaços de descanso, neles narrativas sobre a ideia de viagem, solidão e do sentir-se perdido em meio as mudanças. Muitos dos projetos de Angélica são construídos pelas viagens que a artista realiza e pelas pessoas que a cercam – convivência, emoção e observações sobre o passar da vida.
Angélica Teuta, 1985 - Medellin, Colômbia. Vive e trabalha em Nova York, EUA.
É mestranda em Artes Visuais pela Columbia University, School of the Arts - Nova York, EUA. Participou de residências artísticas nos Estados Unidos (AZ-West, Andrea Zittel / James Trainor - Joshua Tree National Park, Califórnia e Residencia Studio Vermont Center, Johnson, Vermont); e no Canadá (Residencia AGYU - Toronto). Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se: Replace Request, Fotogalleriet - Oslo, Noruega; 3 décadas de arte em expansão - 1980 ao presente - Coleção Banco de la Republica - Bogotá, Colômbia; 43 Salão (Inter)Nacional de Artistas, Saber desconocer - Medellín, Colômbia; YIVF#08 _Yogyakarta International Videowork Festival. HONF FUNDATION. Yogyakarta, Indonésia.
Pedro Hurpia apresenta a exposição "O todo é feito de partes", sua primeira mostra individual na galeria. Neste conjunto de trabalhos, Hurpia parece dar um passo mais profundo em suas investigações. Estão presentes a paisagem, bem como a fotografia e pintura características de seus últimos trabalhos, mas revela-se um aprofundamento não só nas relações entre homem e natureza mas do homem em experiência. Se para Espinoza a Natureza é um todo composto de partes únicas e essenciais, da mesma forma encontramos na experiência humana um conjunto de micropartes afetivas, únicas e mutáveis.
A trajetória nos apresenta pequenas partes reveladoras de afecções e memórias. Há um corpo que vivencia o mapeamento de uma viagem, encontrando na fusão entre desenhos e pinturas uma cartografia do imaginário. Quando este corpo se coloca in natura, busca captar e suspender a experiência pela fotografia do instante, estendendo-nos o convite à experiência. E pelo olho mágico parece sussurrar aos nossos ouvidos: “Consegues abarcar o todo? Que partes te trouxeram até aqui?”. O caminho de volta apresenta outras possibilidades, onde o corpo (re)configurado ressurge na tela, em outras partes, cores e temperaturas distintas de um todo que se desconstrói. Resta-nos então a memória, as afecções sutis e pessoais que não se consegue partilhar, que nos escorre pelas mãos em fragmentos do que já se foi.
Cabe ressaltar entretanto, que a interação entre as partes apresentadas por Pedro Hurpia são de configurações múltiplas, libertando-nos a combiná-las e vivenciá-las em formas e organizações infinitas. Mais uma vez, para Espinoza, cada parte focaliza um todo, mas há um infinito que podemos captar pelo entendimento e há outro que acedemos pela imaginação. Pedro convoca-nos a este último, explorando as partes para uma viagem ao todo.
Pedro Hurpia, 1976 - Brasília, Brasil. Vive e trabalha em Campinas e São Paulo, Brasil.
É mestre em Artes Visuais pela Unicamp - Universidade de Campinas. Participou de residências artísticas no Brasil (Residência em Fotografia no LabMIS - MIS, São Paulo) e na Islândia (SÌM Samband Íslenskra Myndlistarmanna - Reykjavík). Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se: Sobre Lugares e Gestos - MIS-SP, São Paulo, Brasil; Além da Forma - Instituto Figueiredo Ferraz - Ribeirão Preto, Brasil; III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia - Casa das Onze Janelas - Belém, Brasil; Hreyfanlegir Hlutir, Kyrrstæðir Hlutir - Reykjavík, Islândia.