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maio 28, 2014

Mauricio Ianês na Vermelho, São Paulo

A Vermelho apresenta, de 3 de junho a 5 de julho de 2014, a individual Ponto Final de Maurício Ianês.

[scroll down for English version]

A pesquisa que norteia a obra de Maurício Ianês (40) pretende questionar as linguagens verbal e artística, suas possibilidades e limites expressivos, suas funções políticas e sociais, propondo, em alguns casos, a participação do público por meio de ações que buscam criar situações de troca onde a linguagem e os seus desdobramentos entram em jogo.

Embora permeada pelo contexto cultural onde o artista está inserido, a obra de Ianês adquire características universais por meio do uso da palavra, sugerindo múltiplos elementos significantes, auditivos e visuais, sistematizados e apresentados na forma de vídeo, fotografia, desenho e instalação.

De todos os elementos que compõem a pesquisa atual de Ianês, revelada pelo conjunto de obras que integram Ponto Final, a família tipográfica Fraktur, seu emprego atual e histórico, constitui um dos elementos centrais na exposição.

As fontes Fraktur são o expoente mais importante do grupo das chamadas letras góticas. Nos Países-Baixos, Reino Unido, e principalmente na Alemanha, essa família tipográfica teve até a metade do século 20 uma expressão dominante. Nos dias de hoje ela continua a ser empregada amplamente em tatuagens, nomes de jornal, logomarcas de bebidas, bandas e por grupos góticos.

A fonte fraktur aparece em varias das obras de Ponto Final em contextos distintos, como os ligados à construção da identidade nacional de um povo, grupo ou gueto, ou como forma de exclusão e de racismo. Sobre a fachada da galeria, a fonte Tennenbaum, que pertence à família fraktur, foi usada para reescrever a frase “Ordem e Progresso” da bandeira brasileira.

Ela reaparece também na série Ponto Final, que dá titulo a exposição, composta por 10 desenhos de pontos finais cavados sobre as paredes do espaço expositivo.

Composta por 14 grupos de imagens de baixa qualidade obtidas na internet, a série “Fratura” (do alemão Fraktur) combina, por meio dessas imagens, usos atuais da fraktur com seu emprego em livros e manuscritos antigos e nas estratégias de propaganda e comunicação interna do partido Nacional Socialista alemão dos anos 1930 e 1940.

Em “Império”, Ianês cita o filósofo austriaco Ludwig Wittgenstein e constroi uma grande escultura em madeira que repete uma das frase retiradas por ele do “Tractatus logico-philosophicus”, publicado por Wittgenstein em 1921. No contexto dessa exposição, “Die Grenzen meiner Sprache bedeuten die Grenzen meiner Welt” (Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo) sugere que o limite da arte se restringe àquilo possivel de ser expresso por meio da linguagem, ou seja, possivel de ser imaginado.

Além de Wittgenstein, Ianês se apropria também de elementos da literatura de Faulkner, mais especificamente do livro “O Som e a Fúria”. Em “The Sound and The Fury”, o artista retirou da
primeira página do livro a maior parte das palavras e manteve apenas “fence” e “flag”, mais uma vez sugerindo os limites da linguagem.

Simbolo primeiro de países e regiões, a bandeira é utilizada por Ianês em várias das obras da exposição. É o caso em “(The Sound) and the fury”, obra em que o artista borda as palavras Fence e Flag sobre bandeiras brancas, ou ainda em “And the fury” composta por 9 flâmulas pretas cuja instalação remete aos limites dados por uma cerca (fence).

Completam a individual as obras “Wor(L)d”, “Discurso Ltda”, “Via Negativa”, “Broken language”, “Cinzas” e “Incisão”.

Maurício Ianês (Santos, SP, 1973), trabalha e reside em São Paulo. É formado em Artes Visuais pela faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado. Exposições individuais (seleção): Silence, Y Gallery, Nova Iorque, EUA; O Nome, Projeto Octógono, Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil (2013); Emet, do sopro ao silêncio, Centro da Cultura Judaica [CCJ], São Paulo, Brasil (2011); Salvo o Nome, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil (2010). Exposições coletivas (seleção): Des Choses em Mois, des Choses em Plus, Les Collections Imaterielles du CNAP, Palais de Tokyo, Paris, França (2014); Avante Brasil, KIT [Kunst im Tunnel], Dusseldorf, Alemanha (2013); FLAM III [Forum of Live Art Amsterdam], Arti et Amicitiae, Amsterdam, Holanda (2012), 29ª e 28ª Bienais de São Paulo (2010 e 2008).


From June 3 to July 5, 2014, Galeria Vermelho is presenting the solo show Ponto Final [Full Stop] by Maurício Ianês.

The research that guides the work of Maurício Ianês (40) raises questions about the verbal and artistic languages, their possibilities and expressive limits, their political and social functions, in some cases proposing the public’s participation through actions aimed at creating situations of exchange where language and its unfoldings come into play.

Although it is pervaded by the cultural context in which the artist is inserted, Ianês’s work takes on universal characteristics through the use of the word, suggesting multiple auditory and visual signifying elements that are systematized and presented in the form of video, photography, drawing and installation.

Of all the elements that compose Ianês’s current research, revealed by the set of works featured in Ponto Final, the Fraktur typographical family, considering its current and historical use, constitutes one of the central elements in the exhibition.

The Fraktur fonts are the most important representative of the group of so-called Gothic letters. In the Netherlands, the United Kingdom, and especially in Germany, this typographic family was the predominant font used up to the middle of the 20th century. Nowadays it continues to be widely used in tattoos, logotypes of newspapers and alcoholic beverages, bands and Gothic groups.

The Fraktur font appears in various works of Ponto Final in different contexts, such as those linked to the construction of the national identity of a people, group or ghetto, or as a form of exclusion and racism. On the gallery’s façade, the Tennenbaum font, a member of the Fraktur family, was used to rewrite the phrase “Ordem e Progresso” of the Brazilian flag.

It also reappears in the Ponto Final series, which lends the exhibition its title, consisting of ten drawings of full stops carved on the walls of the exhibition space.

Composed of 14 groups of low-quality images obtained from the Internet, the Fratura [Fracture] series (from the German Fraktur) combines current uses of the Fraktur font with its use in old manuscripts and books, and in the strategies of propaganda and internal communication of the German National Socialist party of the 1930s and ’40s.

In Império, Ianês cites Austrian philosopher Ludwig Wittgenstein and constructs a large wooden sculpture that repeats one of the phrases he excerpted from “Tractatus logico-philosophicus,” published by Wittgenstein in 1921. In the context of this exhibition, “Die Grenzen meiner Sprache bedeuten die Grenzen meiner Welt” [The limits of my language signify the limits of my world] suggest that the limit of art is restricted to what can be expressed through language, that is, to what can be imagined.

Besides Wittgenstein, Ianês also appropriates elements from Faulkner’s literature, more specifically the book The Sound and the Fury. In the homonymous artwork, the artist removed most of the words from the first page of the book, keeping only “fence” and “flag,” once again suggesting the limits of language.

The foremost symbol of countries and regions, the flag is used by Ianês in several of the works in the exhibition. This is seen in (The Sound) and the Fury, a work in which the artist embroiderers the words “Fence” and “Flag” on white flags, and in And the Fury, composed of nine black banners whose installation refers to the limits given by a fence.

The solo show is capped off by the works Wor(L)d, Discurso Ltda, Via Negativa, Broken language, Cinzas and Incisão.

Maurício Ianês (Santos, SP, 1973), works and lives and São Paulo. He holds a degree in visual arts from the College of Plastic Arts of the Fundação Armando Álvares Penteado. Solo shows (selected): Silence, Y Gallery, New York, USA; O Nome, Projeto Octógono, Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brazil (2013); Emet, do sopro ao silêncio, Centro da Cultura Judaica [CCJ], São Paulo, Brazil (2011); Salvo o Nome, Galeria Vermelho, São Paulo, Brazil (2010). Group shows (selected): Des Choses em Mois, des Choses em Plus, Les Collections Imaterielles du CNAP, Palais de Tokyo, Paris, France (2014); Avante Brasil, KIT (Kunst im Tunnel), Düsseldorf, Germany (2013); FLAM III (Forum of Live Art Amsterdam), Arti et Amicitiae, Amsterdam, Holland (2012), 29th and 28th Bienais de São Paulo (2010 and 2008).

Posted by Patricia Canetti at 10:45 AM