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maio 26, 2014
Ivan Serpa na Marcelo Guarnieri, São Paulo
Galeria de Arte Marcelo Guarnieri apresenta individual de Ivan Serpa com 54 obras. Trabalho evidencia a experimentação da gestualidade na obra do artista rumo a transição da linguagem construtiva abstrata para a figuração de influência expressionista.
Em sua segunda exposição após abertura da unidade de São Paulo, a Galeria de Arte Marcelo Guarnieri apresenta no próximo dia 31 de maio (sábado), 10h/17h, Diário Visual, individual do pintor, gravador e desenhista carioca Ivan Serpa. A mostra apresenta uma série de 54 obras em nanquim e guache sobre papel, em pequenos formatos, realizados pelo artista no período de 29 de dezembro de 1961 a 30 de março de 1962.
Cada trabalho é individualmente datado em sequências de dias consecutivos, conferindo ao conjunto o caráter de diário visual.
A importância da exposição reside em mostrar pela primeira vez em uma galeria de arte o período que compreende a profícua fase de experimentação de Ivan onde ele desenvolve, através de uma gestualidade própria, a aproximação entre a linguagem construtiva abstrata, desenvolvida até então pelo artista, e uma figuração de inspiração expressionista, inédita em sua obra. São utilizados no processo de produção das obras instrumentos não convencionais, como pequenos pedaços de madeira, ao lado de instrumentos tradicionais, como o pincel,. “As imagens são compostas por elementos pouco determinados, manchas e respingos de tinta, que sugerem uma alternância entre gesto e construção, espontaneidade e cálculo, acaso e deliberação, figuração e abstração”, conta o galerista Marcelo Guarnieri sobre a exposição.
O momento em que o artista realiza essas obras configura-se como o ápice da carreira de Serpa quando o artista foi consagrado com o prêmio na Bienal de Zurique e na VI Bienal Internacional de São Paulo, além da participação em importantes mostras como a XXXI Bienal de Veneza, a Bienal de Córdoba, e a exposição individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo. A serie de experimentações iniciadas neste período, irão culminar posteriormente na realização dos trabalhos da chamada “fase negra”, a produção mais conhecida do artista.
Com período de visitação que vai do dia 31 de maio a 12 de julho de 2014, as obras da fase de transição de Ivan Serpa, podem ser conferidas na Galeria de Arte Marcelo Guarnieri, que fica na Alameda Lorena, 1966, bairro dos Jardins, em São Paulo.
Ivan Serpa nasceu no Rio de Janeiro em 1923. Pintor, gravador, desenhista e professor, criou o Grupo Frente em 1954, integrado por Franz Weissmann, Lygia Clark, Aluísio Carvão, Décio Vieira, Hélio Oiticica e Lygia Pape. Lecionou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde formou vários artistas com Hélio Oiticica. Dedicou-se especialmente à educação infantil. Atuou como restaurador da Biblioteca Nacional. Participou das mais importantes exposições ocorridas no final dos anos 50 e ao longo dos anos 60, como: I Exposição Nacional de Arte Concreta em 1957, I Exposição Nacional de Arte NeoConcreta em 1959, Opinião 65, Opinião 66, Nova Objetividade Brasileira e das Bienais de Veneza de 1952/1954/1962. Foi premiado na I Bienal de Internacional de São Paulo em 1951, no VI Salão Nacional de Arte Moderna em 1957, na Bienal de Zurique em 1960 e na VI Bienal Internacional de São Paulo em 1961. Realizou exposições retrospectivas de sua obra em 1965 e em 1971, ambas no MAM-RJ. Em 1968 o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque adquiriu duas de suas obras. Morre em 1973 aos 49 anos.