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março 28, 2014

Roesler Hotel 26#: Spectres na Nara Roesler, São Paulo

Fugacidade da luz ganha tradução em em obras de nomes como James Turrell e Julio Le Parc na mostra Spectres, que inaugura em 1º de abril

Nova edição do Roesler Hotel,projeto de exposições com curadores convidados da galeria Nara Roesler, traz recorte do historiador da arte Matthieu Poirier, co-curador da mostra Dynamo, do Grand Palais

Roesler Hotel #26: Spectres, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 02/04/2014 a 06/05/2014

[Scroll down to read in English]

A fugacidade da luz é o fio condutor do 26# Roesler Hotel, projeto de exposições da Galeria Nara Roesler que convida curadores emblemáticos do Brasil e do exterior. Com recorte do historiador da arte Matthieu Poirier, a exposição Spectres (Espectros) tem abertura no dia 1º de abril, trazendo cerca de 20 trabalhos de nomes como James Turrell e Julio Le Parc.

A mostra reúne esculturas, instalações, pinturas e fotografias abstratas, que utilizam o recurso da luz, reforçando sua fugacidade pela oscilação entre o aparecimento e o desaparecimento. Essa alternância do claro e do escuro, e a consequente projeção de sombras, é o que confere às obras, de vários períodos e correntes artísticas, uma aura espectral, fantasmagórica.

Além de Turrell e Le Parc, Dan Flavin, Ann Veronica Janssens, Larry Bell e Hiroshi Sugimoto estão entre os artistas de peso selecionados pelo curador, cuja pesquisa sobre a utilização da luz na arte e sua influência sobre os sentidos lhe rendeu participações em exposições de larga escala, como Dynamo – Un siècle de lumière et de mouvement 1913-2013 (Grand Palais, 2013), em que atuou como co-curador, sob o comando de Serge Lemoine; e a individual de Julio Le Parc, Soleil froid (Palais de Tokyo, 2013), como conselheiro científico. Ambas foram realizadas no ano passado em Paris.

Com a mostra, Poirier interroga a própria natureza da abstração, em sua acepção como a morte da figura, pelo viés da luz, que tem o poder de criar materialidade e presença visuais, como também de dissimulá-las. Em suas palavras, "a luz não é mais considerada uma ferramenta para compreender ou 'fazer sentido'. Em vez disso, ela dissolve a realidade, expandindo os limites da visão".

O caráter espectral dos objetos não está na desaparição total, mas na tensão da "cintilação entre visível e invisível, uma flutuação constante entre a vida e a morte das aparências". Dessa forma, Poirier conceitua a arte que se produz pela percepção visual como perceptual, surgida dos sentidos, em contraponto à arte conceitual, que se origina antes da razão e do pensamento.

ALGUNS DESTAQUES

Do artista japonês Hiroshi Sugimoto, a galeria apresenta as fotografias em P&B Lightning fields 167 e 168 (2009), Fox, Michigan (1980) e Avalon Theatre, Catalina Island (1993). As duas primeiras fazem parte de uma série de imagens produzidas por descargas elétricas sobre a película fotográfica, num resultado que se assemelha a um relâmpago - como o próprio nome sugere. Resultado de mais de uma hora de exposição à luz, as duas últimas retratam cinemas de arquitetura rebuscada. A versão menor de Avalon Theatre, Catalina Island (1993) faz parte do acervo do Metropolitan Museum of Art.
Em suas obras, o precursor minimalista Dan Flavin (EUA) segue a proposta de trazer para o espaço a criação de "situações", com a redefinição arquitetônica por meio de luz e cor.

Outro pioneiro norte-americano, James Turrell, tem representada na mostra sua investigação sobre os limites sensoriais no uso da luz com obras cujos volumes se produzem por nuances luminosas monocromáticas.

A relatividade das cores com relação à posição do espectador é explorada pela britânica radicada em Bruxelas Ann Veronica Janssens na obra Blue, red and yellow (2001). Em grandes dimensões, essa instalação assume cada uma das cores do título conforme é vista de diferentes ângulos. Completam a lista de artistas Bettina Samson, William Klein, Pierre Huyghe, Garry Fabian Miller, Isabelle Cornaro, Blair Thurman e os irmãos Florian & Michael Quistrebert

MATTHIEU POIRIER

Francês, é Doutor em História da Arte pela Sorbonne (Paris IV), e pesquisador convidado do Centro Alemão de História da Arte em Paris, o pesquisador e curador tem pesquisa voltada para arte e luz. A isso se deve sua atuação como co-curador da mostra Dynamo – Un siècle de lumière et de mouvement 1913-2013, no Grand Palais, sob o comando de Serge Lemoine. Foi também conselheiro científico da retrospectiva de Julio Le Parc, Soleil froid, no Palais de Tokyo (2013). Leciona na Universidade Paris-Sorbonne, na École régionale des Beaux Arts de Rouen e na École européenne supérieure de l’image à Angoulêmee, além de escrever como colaborador para revistas como Der Spiegel e Le Quotidien de L’Art.

SOBRE ROESLER HOTEL

Idealizado em 2004, o projeto começou como uma rede de intercâmbio: uma oportunidade de convidar artistas e curadores para desenvolverem projetos e exporem suas obras. Até hoje, foram vinte e cinco edições, entre elas, coletivas como Dispositivos para um mundo (im)possível (2014), com curadoria de Luisa Duarte, Cães sem Plumas (2013), curada por Moacir dos Anjos, Dark paradise (2013), por Tim Goossens, Hamish Fulton (2013), com curadoria de Alexia Tala, Buzz (2012), curada por Vik Muniz, Lo bueno y lo malo (2012), por Patrick Charpenel, Otras Floras (2008), curada por José Roca, além de individuais de Sutapa Biswas (2008), Rosário Lopez Parra (2008), José León Cerrillo (2007), Paul Ramirez Jonas (2011) e muitas outras.

Em 2012, com a ampliação da Galeria Nara Roesler, o projeto Roesler Hotel começou uma nova fase, tornando-se um programa paralelo ao da Galeria, no qual curadores e artistas são convidados a colaborar. Este programa foi idealizado para provocar novos modos de pensar e produzir, articulando a rede de artistas, galerias e curadores.


Roesler Hotel #26: Spectres, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 02/04/2014 til 06/05/2014

The Fugacity of light translated into artworks by artists such as James Turrel and Julio Le Parc in the show Spectres, which opens at Galeria Nara Roesler on April 1st

The new edition of galeria Nara Roesler’s exhibitions projects by guest curators presents the selection of art historian Matthieu Poirier, co-curator of the show Dynamo, at the Grand Palais

The fugacity of light is the conducting wire of the twentieth-sixth edition of Roesler Hotel, Galeria Nara Roesler’s exhibitions project that invites prominent Brazilian and foreign curators. Curated by art historian Matthieu Poirier, the show Spectres will open on April 1st and will present nearly 20 works by artists such as James Turrell and Julio Le Parc.

The show features sculptures, installations, paintings and abstract photographs that use the resource of light and reinforce its fugacity by means of the oscillation between appearance and disappearance. This alternation between light and dark, and the resulting projection of shadows, is what gives these works, which are from various periods and artistic movements, a spectral and ghostly aura.

Besides Turrell and Le Parc, Dan Flavin, Ann Veronica Janssens, Larry Bell and Hiroshi Sugimoto are among the renowned artists selected by the curator, whose research on the use of light in art and its influence on the senses enabled him to participate in major exhibitions, such as Dynamo – Un siècle de lumière et de mouvement 1913-2013 (Grand Palais, 2013), in which he worked as co-curator and had Serge Lemoine as chief-curator; and Julio Le Parc’s solo show, Soleil froid (Palais de Tokyo, 2013), to which he was scientific advisor. Both were held last year in Paris.

In this show, Poirier questions the nature of abstraction – when understood as the death of the figure – through light, which has the power to create visual materiality and presence, as well as to conceal them. In his words, "light is no longer seen as a tool to understand or 'to make sense.' Instead, light dissolves reality, expanding the limits of sight."

The spectral character of the objects is not in the full disappearance, but in the tension that exists in the "twinkling between visible and not visible, the constant fluctuation between the life and the death of appearances." Thus, Poirier defines perceptual art – which emerges from the senses – as the art produced as a result of visual perception, as opposed to conceptual art, which is firstly originated in the realm of reason and thought.

SOME OF THE HIGHLIGHTS

By Japanese artist Hiroshi Sugimoto, the gallery presents the B&W photographs Lightning fields 167 and 168 (2009), Fox, Michigan (1980) and Avalon Theatre, Catalina Island (1993). The two first ones are part of a series of images produced through electrical discharges on photographic film and whose result is similar to a lightning – as suggested in the title itself. As for the two last ones, they result from over one hour of exposure to light and portray movie theaters whose architecture is extravagant. The smaller version of Avalon Theatre, Catalina Island (1993) is part of the Metropolitan Museum of Art collection.

In his works, minimalist forerunner Dan Flavin follows the proposal of bringing to the exhibition space the creation of situations with architectural re-definition by means of light and color.

James Turrell, another American pioneer, is represented in the show by his research on the sensorial limits in the use of light with works whose volumes are produced through monochromatic luminous nuances.

The relativity of colors in relation to where the spectator stands is explored by the British artist who lives in Brussels artist Ann Veronica Janssens in her work Blue, red and yellow (2001). This large-scale installation takes on each one of the colors in the title according to the angle from which it is seen. The other artists are Bettina Samson, William Klein, Pierre Huyghe, Garry Fabian Miller, Isabelle Cornaro, Blair Thurman and the brothers Florian & Michael Quistrebert.

ABOUT ROESLER HOTEL

Conceived in 2004, the project started off as an exchange network: an opportunity to invite artists and curators to develop projects and showcase their works. Until today, there has been twenty-five editions, which include group shows such as Dispositivos para um mundo (im)possível (2014), curated by Luisa Duarte; Cães sem Plumas (2013), curated by Moacir dos Anjos; Dark paradise (2013), curated by Tim Goossens; Hamish Fulton (2013), curated by Alexia Tala; Buzz (2012), curated by Vik Muniz; Lo bueno y lo malo (2012), curated by Patrick Charpenel; Otras Floras (2008), curated by José Roca; as well the solo shows of Sutapa Biswas (2008), Rosário Lopez Parra (2008), José León Cerrillo (2007), Paul Ramirez Jonas (2011) and many others.

In 2012, with the expansion of Galeria Nara Roesler, the Roesler Hotel project started a new phase. It became a permanent program, simultaneous to that of the gallery, in which curators and artists are invited to collaborate. This program was conceived to foster the emergence of new ways of thinking and producing, articulating a network of artists, galleries and curators.

MATTHIEU POIRIER

French researcher and curator with a PhD in Art History from the University of Sorbonne (Paris IV), he is a guest researcher at the German Center for Art History in Paris and develops studies on art and light. He was co-curator at the Grand Palais show Dynamo – Un siècle de lumière et de mouvement 1913-2013, whose chief-curator was Serge Lemoine. He was also scientific advisor to Julio Le Parc’s retrospective show, Soleil froid, at the Palais de Tokyo (2013). He is a professor at the Paris-Sorbonne University, at the École régionale des Beaux Arts, in Rouen, and at the École européenne supérieure de l’image, in Angoulême, and also writes to different magazines, such as Der Spiegel and Le Quotidien de L’Art.

Posted by Patricia Canetti at 2:19 PM