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março 28, 2014
Antonio Dias na Nara Roesler, São Paulo
Ícone da arte brasileira questiona limites da pintura em mostra na Galeria Nara Roesler
Antonio Dias, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 02/04/2014 a 06/05/2014
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A Galeria Nara Roesler inaugura no dia 1º de abril uma mostra da produção recente de um dos ícones da arte brasileira, Antonio Dias.
As telas incluídas na seleção atestam o vigor e a atualidade do trabalho do artista, que mantém sua inquietude na pesquisa por uma pintura orgânica, viva e em consonância com o tempo presente.
Paralelamente à mostra na galeria, Antonio Dias está em cartaz na Fundação Iberê Camargo ,a partir de 13 de março, com a exposição Potência da Pintura, curada por Paulo Sergio Duarte.
Sobre as telas de Dias, a crítica Sonia Salzstein escreveu: “o conjunto de pinturas recentes de Antonio Dias mantém-se no rumo tomado pelo artista desde meados da década de 1980. São trabalhos que confirmam procedimentos característicos do que ele iniciava naquele momento". O que se vê são assemblages de telas justapostas, sobrepostas, unidas caoticamente, desconstruindo a noção bidimensional da pintura por meio de seus volumes e da irregularidade do contorno.
Mas não apenas essa alternância de enquadramento e superfície subverte o caráter pictórico tradicional: na aparente monotonia dos padrões impressos em cada um dos módulos pela pigmentação irregular, quase abandonada à própria sorte graças à deposição de materiais voláteis – pigmentos, elementos minerais, aglutinantes – Dias cria unidades cromáticas que integram o conjunto como peças de um mosaico, formando nuances visuais capciosas, a enganar o olho pelo rompimento abrupto das temperaturas de cor e das padronagens orgânicas.
Por essa pluralidade de ações convergentes, o artista complexifica o próprio procedimento pictórico, abrindo espaço ao acaso mesmo de forma consciente. Dias frustra a expectativa do olhar, num movimento que desperta o espectador acostumado à harmonia e à perfeição próprias do mundo tecnológico e industrial.
Ou ainda, novamente por Sonia Salzstein, “disso tudo geralmente resultou, como também agora, uma pintura que antagoniza o estatuto óptico e a condição vertical do quadro, embora essa pintura sempre devesse se firmar em ambos, de modo obrigatório. O antagonismo se radicaliza e chega a um impasse na produção atual, e nisto reside a relevância dessas telas no debate contemporâneo da pintura - justo no disparate notável entre a ausência de expressividade declarada em cada uma de suas superfícies e a dramaticidade sobressalente, fora de lugar, que elas terão expulsado do quadro e que, se não pode doravante pertencer a ele ou à imagem acidental que dele inevitavelmente se desprende, fica implicada, e de modo tenso, no manejo distanciado e, digamos, ‘pára-pictórico’ dos materiais pictóricos. Essa dramaticidade fora de lugar, de que se tem notícia através da espécie de ritual ensaiado de procedimentos, é, conforme se disse, o que confere enorme interesse e atualidade a esses trabalhos."
Dessa forma, seguem ativos a pesquisa e o pioneirismo que marcaram a obra do paraibano desde o início de seu envolvimento com o universo artístico, ao se radicar no Rio, no fim da década de 1950, quando teve aulas de gravura com Oswaldo Goeldi (1895-1961). O ano de 1966 traz a criação com maior vigor de trabalhos de cunho conceitual, como a série The Illustration of Art. Posteriormente, realiza peças que se apresentam como autorretratos, como The Art of Transference (1972) e A Fly in My Movie (1974-76). A participação do público em sua obra é, por vezes, intensamente requerida, como na instalação Faça Você Mesmo: Território Liberdade, de 1968 (integrante da 29ª Bienal de São Paulo, 2010).
Transitando pela pintura, instalação, fotografia, livro de artista, vídeo e outras técnicas, Antonio Dias é descrito pelo crítico e curador Paulo Herkenhoff como “o nexo principal entre os neoconcretos e os artistas dos anos 1970: entre Hélio Oiticica e Cildo Meireles, Lygia Clark e Tunga, os não objetos e Waltercio Caldas, não se distanciando de Ivens Machado e Iole de Freitas, ou mesmo dos que atuavam nos anos 1960 ao lado de Cildo, como Barrio, Raimundo Colares e Antonio Manuel. Dias tempera a presença da palavra entre a arte conceitual e a tradição da poesia concreta”.
Antonio Dias nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 1944, e vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Milão. Participou da Bienal de São Paulo, Brasil, nas edições de 1981, 1994, 1998 e 2010. Entre as exposições coletivas recentes estão Mitologias por procuração (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2013); Biografia incompleta (Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói, Brasil, 2013); América do Sul, a pop arte das contradições (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); Arte & política: enfrentamentos, combates e resistências (Memorial Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); O agora, o antes: uma síntese do acervo do MAC (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2013); O colecionador: vontade construtiva (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); O abrigo e o terreno (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil, 2013), Pop, realismi e politica (Galleria d'Arte Moderna e Contemporanea, Bergamo, Itália, 2013); Circuitos cruzados (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2013); Order, chaos, and the space between (Phoenix Art Museum, Phoenix, EUA) e Open work (Hunter College, Nova Iorque, EUA, 2013). Suas recentes mostras individuais incluem: In conversation: Hans-Michael Herzog and Antonio Dias (Museum of Fine Arts, Houston, EUA, 2012); Anywhere is my land (Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2010). Possui obras em coleções públicas internacionais como: Museum of Modern Art, Nova Iorque, EUA; Ludwig Museum, Colônia, Alemanha; Daros Collection, Zurique, Suiça; Stadtische Galerie im Lenbachhaus, Munique, Alemanha; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; Fondazione Marconi, MIlão, Itália; e Centro Studi e Archivio della Communicazione, Università de Parma, Itália. Sua obra está representada em coleções nacionais como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Itaú Cultural, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife; Museu de Arte Contemporânea de Niterói / Coleção Sattamini, Niterói; e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo. Está em cartaz na Fundação Iberê Camargo com a mostra Antonio Dias – potência da pintura até 18 de maio.
Antonio Dias, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 02/04/2014 til 06/05/2014
Brazilian art icon questions the limits of painting in a solo show at Galeria Nara Roesler
Galeria Nara Roesler will host from April 1st to May 6th a show featuring the recent production of Brazilian art icon, Antonio Dias.
The selected pieces are part of the artist’s recent production and demonstrate the strength and freshness of the work of Dias,who continues to restlessly research on anorganic painting that is alive and in consonance with the present.
The artist is also on show at Fundação Iberê Camargo with the exhibition Potência da Pintura, curated by Paulo Sergio Duarte.
About Dias’ paintings, art critic Sonia Salzstein wrote: “Antonio Dias’ recent set of paintings follow the pathchosen by the artist as of the mid-1980s. These works confirm procedures that were characteristics of what he began to do at that time."What we see are assemblages of chaotically put together juxtaposed and superimposed paintings that deconstruct the two-dimensional notion of painting by means of its volumes and its irregular contours.
Nevertheless,the alternation of framing and surface is not the only aspect that subverts the traditional pictorial quality: in the seemingly monotonous patterns printed in each module by the irregular pigmentation and almost left to their own devices as a result of the deposition of volatile material– pigments, mineral elements, agglutinants – Dias creates chromatic units that constitute a set that is similar to the pieces of a mosaic, forming deceitful visual nuances that fool the eye by abruptly rupturing color temperatures and organic patterns.
By means of this multitude of converging actions, the artist makes the pictorial procedure itself more complex, which even consciously opens space for chance to act.Dias frustrates the expectation of the gaze in a movement that awakens the spectator who is used to the harmony and the perfection typical of the industrial and technological world.
Oreven, again according to Sonia Salzstein, “all of this has resulted and still results in a painting that antagonizes the optical statute and the vertical condition of the painting, even though this painting must alwaysbe supported in both. The antagonism becomes radical and reaches an impasse in the current production, and this is why these paintings are relevant in the contemporary debate on painting –preciselythe notable paradoxbetween the absence of declared expressivity in each one of their surfaces and the excessive and misplaceddramatic feature,which they have expelled from the painting and that, since it can no longer belong to the painting or to the accidental image that inevitably is detached from it, becomes tensely involved in the distanced and, let’s say, ‘parapictorial’ useof pictorial material. This misplaced dramatic feature that is perceived by means of a sort of rehearsed ritual of procedures is, as said before, what makes these works extremely interesting and updated."
Thus, Dias’work’s research and the pioneer spirit remain active; and these features have always marked the work of this Paraíba-born artist since he became involved in the art world, when he moved to Rio, in the late 1950s, and took engraving classes with Oswaldo Goeldi (1895-1961). In 1966, his production was strongly marked by conceptual works, such as the series The Illustration of Art. Later, he created pieces that are presented as self-portraits, such as The Art of Transference (1972) andA Fly in My Movie (1974-76). The participation of the public in his work is, often, intensely required, as in the 1968 installationFaça Você Mesmo: Território Liberdade(shown at the 29th São Paulo Biennial, in 2010).
An artist who works with painting, installation, photography, artist’s book, video and other techniques, Antonio Dias is described by critic and curator Paulo Herkenhoff as “the main nexusbetween neoconcrete artists and the 1970’s artists: between Hélio Oiticica and Cildo Meireles, Lygia Clark and Tunga, the non-objects and Waltercio Caldas, while remaining close to Ivens Machado and Iole de Freitas, or even to those who worked in the 1960s together with Cildo, such as Barrio, Raimundo Colares and Antonio Manuel. Dias seasonsthepresence of the word between conceptual art and the tradition of concrete poetry.”
Antonio Dias was born in Campina Grande, Paraíba, in 1944, and lives and works in-between Rio de Janeiro and Milan. He participated in the1981, 1994, 1998 and 2010 editions of the São Paulo Biennial, Brazil. Some of his recent group shows include Mitologias por procuração (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2013); Biografia incompleta (Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói, Brazil, 2013); América do Sul, a pop arte das contradições (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil, 2013); Arte & política: enfrentamentos, combates e resistências (Memorial Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Brazil, 2013); O agora, o antes: uma síntese do acervo do MAC (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2013); O colecionador: vontade construtiva (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brazil, 2013); O abrigo e o terreno (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brazil, 2013), Pop, realismi e politica (Galleria d'Arte Moderna e Contemporanea, Bergamo, Italy, 2013); Circuitos cruzados (Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2013); Order, chaos, and the space between (Phoenix Art Museum, Phoenix, USA) and Open work (Hunter College, New York, USA, 2013). Some of his recent solo shows include: In conversation: Hans-Michael Herzog and Antonio Dias (Museum of Fine Arts, Houston, USA, 2012); Anywhere is my land (Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2010). His works are part of international public collections, such as: Museum of Modern Art, New York, USA; Ludwig Museum, Cologne, Germany; Daros Collection, Zurich, Switzerland; Stadtische Galerie im Lenbachhaus, Munich, Germany; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; Fondazione Marconi, Milan, Italy; and Centro Studi e Archivio della Communicazione, Università de Parma, Italy. His work is represented in the collections of Brazilian museums, such as: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Itaú Cultural, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife; Museu de Arte Contemporânea de Niterói / Coleção Sattamini, Niterói; and Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo.The exhibition Antonio Dias – potência da pintura is being held at the Fundação Iberê Camargo until May 18th.