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março 12, 2014
Adriana Duque na Zipper, São Paulo
Deslocando-se do registro documental da vida cotidiana e dialogando com a literatura, Adriana Duque explora as possibilidades da fantasia.
Adriana Duque, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 19/03/2014 a 12/04/2014
A Zipper Galeria apresenta, a partir de 18 de março de 2014, às 19h, a primeira individual da artista Adriana Duque no Brasil. Com texto de apresentação por Eder Chiodetto, a mostra traz uma série fotográfica que alude à história colombiana, especialmente ao legado da colonização espanhola presente na sociedade contemporânea.
A partir de um maneirismo fotográfico, que explora uma revisão contínua e obsessiva de retratos da Renascença e de cenas reais da pintura holandesa do século XVII, de artistas como Diego Velázquez, Rembrandt e Jan Van Eyck, Adriana reconstrói espaços onde se contrapõem realidade e utopia. O resultado é uma mistura surpreendente de personagens de contos de fadas da cultura ocidental em situações cotidianas, realçadas pela encenação elaborada, pela iluminação dramática e pela sugestão de narrativas.
É na imitação, na metamorfose da essência estética e nos significados simbólicos das coisas que é fundamentada, em grande parte, o desenvolvimento desta exposição. Cada espaço composto pela artista representa um diálogo permanente entre identidades, tempos, espaços e objetos.
Exibidas em grande formato, a simplicidade e a complexidade das pequenas Marias, impávidas princesas barrocas contemporâneas, são ambientadas em espaços de natureza doméstica, a antiga cozinha camponesa, um cenário imemorial e comum, que desde sempre definiu o papel da mulher: que espera, que gere, que cozinha, que alimenta, mas também que rende-se à promessa de um mundo ilusório, um mundo que vislumbra o outro lado do espelho.
A impactante produção da artista ganhou notoriedade internacional por harmonizar a tradição da pintura com a era digital, por criar tensões que questionam o presente, e por trazer uma dimensão alternativa à realidade, fazendo cruzamentos temporais e culturais, em obras carregadas de críticas e referências. Adriana Duque explora em suas fotografias conceituais, imagens de crianças em cenários com atmosfera barroca: figurinos adornados e pomposos, joias incrustadas e o anacronismo do uso de fones de ouvido, que dão um toque peculiar à sua criação.
Adriana Duque
Natural de Manizales, Colômbia (1968), vive e trabalha em Bogotá. Adriana iniciou seus estudos em fotografia e artes plásticas na Universidad de Caldas, Manizales. Adriana Duque exacerba a manipulação da crença perante a imagem. Suas crianças vestem-se como pequenos monarcas, reinam em um cenário de veludo, e adornam-se com coroas que se parecem com um fone de ouvido, o que as traz para a contemporaneidade apesar da atmosfera barroca.
Exposições individuais
Infantes, Galeria Horrach Moyá, Palma de Maiorca (2010), Baroque Children, Museo Iglesia Santa Clara, Bogotá (2009), De Cuento en Cuento, Museo de Arte Moderno de Medellín (2005), Paisajes, Alianza Francesa, Bogotá (2001)
Exposições coletivas recentes
Photoquai, Biennale de Photographie – Musée du Quai Branly – Paris (2013), Desnudando a Eva - Instituto Cervantes, Madrid (2012), Fotografia Iberoamericana Contemporânea, Galeria El Museo, Bogotá (2011), Sobre el Territorio: Arte Contemporáneo en Colômbia, Cer Modern, Ancara, Turquia (2011)
Sobre o curador
Eder Chiodetto
[São Paulo, SP, 1965]
É mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Atuou como repórter-fotográfico (1991-1995), editor (1995-2004) e crítico de fotografia (1996-2010) no jornal Folha de São Paulo. Hoje, reúne as funções de jornalista, professor, curador e pesquisador de fotografia. Como docente ministrou, entre 2005 e 2010, aulas na Universidade Metodista de São Paulo e na Faculdade de Fotografia do Senac-SP. Como curador independente realizou, desde 2004, mais de 60 exposições no Brasil e no exterior. Chiodetto é também o curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP desde 2006.
É autor do livro O Lugar do Escritor (Cosac Naify) e editor da coleção Fotoportátil (Cosac Naify), entre outros. Em 2013 está lançando três novos livros: Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições SESC); Curadoria em fotografia: da pesquisa à exposição” (E-book, Prêmio Marc Ferrez/Funarte) e German Lorca (Cosac Naify).
Em 2010 fundou o Ateliê Fotô, onde coordena os Grupos de Estudos e Criação em Fotografia, realiza leituras de portfólios por agendamento, organiza exposições e edições de livros de fotografia. Chiodetto é constantemente convidado a dar palestras e fazer leituras de portfólio em eventos internacionais, tendo participado dessa forma do Paris Photo (França), Photoespaña, World Photography Organization (Londres) e Fotográfica Bogotá (Colômbia). É responsável por indicar fotógrafos para importantes prêmios internacionais tais como Prix Pictet, Paul Huf Award, Master Class World Press Photo e Photoville/Fence.