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março 11, 2014
Apresentação audiovisual de Fernando Arias na Daros, Rio de Janeiro
O artista colombiano fará uma apresentação audiovisual do material recolhido durante sua viagem de dois meses e meio de Chocó, na Colômbia, ao Rio de Janeiro. A viagem foi realizada dentro do programa de residência de pesquisa artística da Casa Daros.
Fernando Arias – Cantos de Viagem, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 20/03/2014
A Casa Daros apresenta “Cantos de Viagem”, relato audiovisual do artista colombiano Fernando Arias, que empreendeu no final de dezembro uma viagem por ar, água e terra iniciada em Chocó, na selva noroeste colombiana, ao Rio, passando por toda a região amazônica. A viagem foi realizada dentro do programa de residência de pesquisa artística da Casa Daros, e o artista, ao longo de seu percurso, coletou respostas para a pergunta: “Como você imagina um mundoperfeito?”.Fernando Arias conta que este é um projeto pensado há muitos anos, e só possível de realizar agora, graças à Casa Daros.
Fernando Arias lembra que em 2016 se celebrarão os quinhentos anos da publicação de “Utopia”, de Thomas More (1478 - 1535). Em seu trabalho, ele discute a noção de uma “novutopia” (newtopia), a partir de “um lugar vantajosamente marginal, em um país considerado ‘em vias de desenvolvimento’”. “Os assuntos tratados adquirem um poderoso significado, ao considerarmos uma selva em perigo de extinção, como a chocoana”, observa. Ele explica que esta região equatorial representa um dos polos sociais e ambientais que se distanciaram “notavelmente com a expansão das cidades e a consolidação do capitalismo ocidental”. “Cremos na possibilidade de unir esses dois polos, o urbano e o rural, para obter a integração, a cooperação e a aprendizagem recíprocas”.
A viagem feita por Arias dá continuidade às ações feitas na Fundação Más arte másacción (Mais arte mais ação), criada por ele junto com o inglês Jonathan Colin, e baseada na selva de Chocó, e que desde 2011 trabalha com a pesquisa sobre Utopia e Distopia. “Esses conceitos estiveram presentes na criação da Base Chocó (www.masartemasaccion.org)”, diz. A Fundação convida artistas e pensadores de diferentes disciplinas a pesquisarem temas de interesse global, em um processo de intercâmbio, a partir da plataforma real e virtual dos projetos a serem realizados com parceiros da América Latina, África eÁsia, entre 2012 e 2016, criada pelo artista holandês Joep Van Lieshout (1963). “Os participantes têm a oportunidade de trabalharem em um lugar extraordinário, com o objetivo de considerar temas primordiais, e compartilhar seus conhecimentos com as comunidades da região e do mundo”, ressalta Arias.
ACASO
No plano de viagem de Fernando Arias não há nada premeditado. “Estou dando continuidade a meus projetos anteriores, em que o roteiro implica uma viagem pessoal, que explora a identidade”. Neste percurso ele explora a ideia de “utopia / distopia” das pessoas que “vamos encontrando casualmente, ou ainda simplesmente a experiência de contato com a natureza”. “Não há nada premeditado, não há uma rota fixa, a viagem são muitas viagens, e a rota se vai construindo à medida que avançamos”, diz. “A atenção se centrará nos sonhos, mensagens e na informação que emanem das pessoas que vivem em uma das regiões mais ameaçadas do mundo: a bacia do Amazonas, que une e separa ao mesmo tempo Brasil de Colômbia”.
Fernando Arias pontua que este percurso surge em um momento em que as nações da América Latina “estão construindo laços econômicos e políticos mais estreitos, enquanto o resto do mundo observa ávido com interesses próprios esta região rica de recursos naturais”. “Começando com as comunidades vizinhas à Base Chocó, o objetivo é recolher histórias, mensagens, vozes, cantos, sons e imagens ao longo da rota, a partir das variações de uma simples pergunta: Como se imagina o mundo perfeito?”.
VITRINES CANTOS DE VIAGEM
No próximo dia 12 de março, antecipando a apresentação de Fernando Arias, a Casa Daros inaugura “Vitrines – Cantos de Viagem”,com objetos relativos à pesquisa feita pelo artista dispostos nas cinco vitrines colocadas na lateral da Casa Daros voltada para a Avenida Lauro Sodré. O projeto “Vitrines” foi iniciado em setembro do ano passado, inspirado no espaço cultural experimental “Lugar a Dudas” (Lugar das Dúvidas) localizado em Cáli, Colômbia, dirigido pelo artista Oscar Muñoz e coordenado pela gestora cultural Sally Mizrachi. A ideia é proporcionar aos pedestres um espaço de exibição em frente à rua, ao modo de uma vitrine de uma loja.
Nascido em 1963, em Armênia, Colômbia, Fernando Arias passou boa parte de sua trajetória dividido entre Londres, e seu país de origem.